Panamericana chega aos 50 anos
No próximo mês, a Panamericana Escola de Arte e Design chega aos seus 50 anos. A instituição, que abriu suas portas com uma pequena sede na Rua Augusta, em São Paulo, com cursos voltados principalmente para o desenho (pintura, histórias em quadrinhos, caricatura, entre outros), tornou-se uma escola de criação profissional. Possui hoje duas amplas sedes em São Paulo e cursos de formação, pós-formação e de curta duração em diversas áreas – de design de interiores e publicidade até motion graphics.
O foco é na prática e na habilidade de técnicas profissionais. “É uma escola nascida para preparar o artista e oferecer a ele a justificativa social de sua profissão no mercado de trabalho. Acredito que sua influência como escola de arte deva-se ao fato de sua pedagogia ser fruto de um conceito específico de formação profissional. Fruto de uma ideia”, afirma Enrique Lipszyc, presidente da Panamericana.
Segundo ele, havia um pensamento progressista no ar, principalmente no início da década de 1950, com a tecnologia e comunicação acelerando a história. “A modernização no Brasil estava a todo vapor, explícita na urbanização, na educação, nas artes e também na imprensa. Assim, o mercado que se formava, com toda essa evolução, iria exigir profissionais especializados na arte de vender ideias e produtos. A propaganda, sem dúvida, já dizia a que vinha, escancarando ao mundo que era a alma não só dos negócios, mas da nova era que surgia. E nós, da Panamericana, percebemos isso. Percebemos um mercado para a publicidade, para as artes e para o design ainda tímido, mas que crescia e evoluía a cada dia”, diz.
Hoje a escola possui unidades na Rua Groenlândia, onde está localizada a famosa pirâmide projetada pelo arquiteto Siegbert Zanettini, e na Av. Angélica., ambas na capital paulista. E conta com laboratórios de computação gráfica, salas de aulas com instalações digitais, laboratórios com recursos de captação de imagem, entre outros recursos. “Em 1995, a diretoria e o corpo docente passaram a trabalhar de forma criativa com o computador, para burlar a padronização dos softwares, mostrar as possibilidades não óbvias da tecnologia e estimular a pesquisa no mundo digital, visando disseminar entre os alunos uma nova estética do olhar. Vale destacar, no entanto, que apesar de acompanhar e investir na tecnologia, a escola acredita que a criatividade é o seu principal diferencial, pois é a partir dela que os talentos são descobertos e lapidados”, enfatiza Lipszyc.
Na área de publicidade, além de ter investido na formação, a escola trouxe ao Brasil três festivais internacionais: o Art Directors Club Awards, o The One Show e o Clio Awards. Também realiza exposições de artistas nacionais e internacionais, como Giancarlo Mecarelli, Ravi Sawhney, Bob Wolfenson e Arnaldo Pappalardo. Alguns grandes nomes da arte brasileira e mundial também passaram pela instituição, casos de Nico Rosso, Aldemir Martins, Getulio Delphin, Claudia Boccara, Massimo Picchi e Rogério Vilela. Já Maurício de Sousa ministrou um dos primeiros cursos de histórias em quadrinhos do país, criado pela Panamericana na década de 1980. E Ziraldo é considerado por Lipszyc o “primeiro diretor natural da Panamericana”.
Alguns dos eventos marcantes realizados na escola ao longo dos anos foram o Congresso Internacional de Histórias em Quadrinhos, que aconteceu em 1974, e contou com a presença de Lee Falk, criador do personagem Fantasma, e Burne Hogarth, desenhista do Tarzan. Em 1996, foi realizado o congresso “Panamericana Graphic Design”, que teve a participação de Maximo Vignelli, Paula Sher, Paul Davies, Stefan Sagmeister e David Carson. Foi depois desse evento que a então Escola Panamericana de Artes passou a ser chamada de Panamericana Escola de Arte e Design. “Com esse congresso podemos afirmar que contribuímos para a compreensão do que é o design no Brasil”, acredita Lipszyc, destacando que o desafio para o futuro é continuar apostando na criatividade e na inovação dos alunos e artistas. “Afinal, esses foram apenas os primeiros 50 anos”, conclui.
Publicidade
As campanhas da escola criadas por agências como DM9DDB, Lew’LaraTBWA e AlmapBBDO conquistaram diversos prêmios nos principais festivais nacionais e internacionais de publicidade. Com o briefing “A exposição de arte mais comercial dos últimos tempos”, a Almap fez a campanha inaugural do Prêmio Art Directors Club (ADC) em 1998, e passou a criar as demais nos anos seguintes. Sempre surpreendentes pelo conceito, as campanhas da agência para o Art Directors Awards foram marcantes ao longo da década. Na Almap, a conta da escola era bem recebida pelas duplas de criação, por favorecer ampla liberdade de trabalho e, por consequência, render prêmios.
Os anos 2000 marcaram na escola a primeira exibição do famoso prêmio internacional One Show. Ícone e marca do evento, o cobiçado Pencil Winners Announced (criado pela DM9), apareceu pela primeira vez na fachada da Panamericana, na Rua Groenlândia. Uma das mais memoráveis foi a do ano 2000, aprovada de Londres por John Hegarty. Com o tema “Eu quero ser John Hegarty”, parodiava um sucesso de bilheteria da época, o longa “Quero ser John Malkovich”, de Spike Jonze. Em 2001, o anúncio que divulgava a exposição do One Show na Panamericana dizia: “Há 24 anos batendo em anúncio bundão”. Ehr Ray assinava a criação.
Foi a parceria entre as agências Lew’Lara e W/Brasil que iniciou as campanhas do Clio Awards no Brasil, realizadas com exclusividade na escola. Em 2001, a campanha assinada por Ruy Lindenberg, então na W/Brasil, trazia o conceito: “Hoje em dia tem muita coisa que parece prêmio”. Em 2002, a Lew’Lara assinou a campanha “Venha ver os que sobreviveram”.
Em 2006, a AlmapBBDO criou o trabalho que convidava para a exposição do Art Directors Club de NY. Já campanha de mídia impressa do ADC em 2008 – “Até onde vai sua criatividade?” – conquistou Leão de ouro no Cannes Lions do ano seguinte, na área de Press, e outro de bronze, no Radio Lions, quando a Panamericana foi rebatizada de “A Escola das ideias”.