Impostos emperram internacionalização
Para competir no ambiente externo, as companhias brasileiras precisam de fortes bases locais, como menos impostos e menos burocracia em áreas específicas, afirmaram empresários na comissão “As empresas de comunicação brasileiras, o mercado global e a Marca Brasil”. A mesa foi presidida por Ricardo Scalamandré, diretor da Central Globo de Negócios Internacionais, na tarde desta terça-feira (29), durante o V Congresso Brasileiro da Indústria da Comunicação. A alta carga tributária para expatriar talentos e para promover o intercâmbio de profissionais, além da burocracia para veiculação, em outros países, de campanhas produzidas no país, são áreas críticas que precisam de revisão. “É um dificultador para a globalização”, afirmou Carla Sá, da F/Nazca S&S.
A necessidade de ser um grande player local para alçar voos internacionais foi a tônica da tese apresentada pela mesa. “Para ser global, a empresa precisa de alguns pré-requisitos. Primeiro, é preciso ser líder no mercado local, seja em posicionamento, faturamento ou volume. A partir daí pode-se pensar em ser uma companhia exportadora”, afirmou Marcio Utsch, diretor-presidente da Alpargatas, controladora da Havaianas.
As recomendações fazem parte de tese elaborada pela mesa, que será levada a plenário nesta quarta-feira (30) para aprovação ou não. O documento focou em quatro áreas que precisam ser fortalecidas: a revisão tributária e a desburocratização do negócio entre a comunicação brasileira e o mercado global; condições melhores para capacitação de profissionais brasileiros no exterior; a criação de estrutura, conhecimento e incentivo financeiro para fomentar o mercado exterior na iniciativa privada; e a preparação da indústria de comunicação local para atuação externa.
A comissão também propôs a criação de fundos de investimento, tanto por meio de bancos privados quanto linhas de crédito do governo com o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Social) para apoiar empresas em início de internacionalização. Foi recomendado ainda o desenvolvimento de um grupo de consultores para ajudar as empresas no exterior no que se refere a regras locais. No quesito “preparação”, a proposta da mesa é que a indústria de comunicação nacional desenvolva processos e modelos de gestão padronizados.
Nizan Guanaes, chairman do grupo ABC, que conquistou recentemente o posto de 18º grupo de comunicação do mundo de acordo com ranking divulgado pelo Advertising Age, defendeu a valorização do Brasil para que as empresas nacionais alcancem sucesso lá fora. “É posicionando o Brasil que vamos posicionar o nosso negócio”, defendeu. “Um aprendizado que tenho tido é que a forma mais absoluta de ser internacional é ser local”, complementou Washington Olivetto, chairman da WMcCann. “A minha agência está cada cada vez mais internacional, mas nos preocupamos em manter a brasilidade”, disse.