Parada obrigatória

Eu imagino que você, assim como eu, que está baseado em São Paulo, também deve ter se preocupado com a decisão da prefeitura da maior cidade do Brasil em antecipar feriados e promover uma parada obrigatória de 10 dias. Não era a notícia que gostaríamos de ter. Estamos todos ansiosos por uma retomada que nos permita encarar o trabalho de uma forma mais ampla e dinamizar negócios claudicantes, impactados pela pandemia.

Também pelo lado “pessoa física”, a ansiedade não é menor. Queremos reencontrar, abraçar e beijar nossos parentes e amigos. Queremos transitar com liberdade, frequentar lugares e ter momentos mais plenos de lazer e entretenimento.

Mas, infelizmente, ainda não dá. E não adianta questionar decisões mais extremas, como essa da prefeitura de São Paulo. Estamos num momento crítico e não será com medidas frouxas ou de condescendência que nos livraremos desse mal que nos afeta a todos.

É uma parada mais do que providencial, é obrigatória. De um lado, temos de nos conformar, mas, de outro, temos de lutar para que haja formas de compensar essa parada que, para alguns setores, já passa de um ano. Um ano sem negócios! Já pensou? É desesperador!

É o caso do setor de eventos. Outro dia, ouvi de um fornecedor dessa área que não emitia uma nota fiscal sequer há mais de 365 dias. É de cortar o coração. Não à toa, o setor partiu para uma reivindicação junto às esferas do governo para um socorro ao segmento de eventos.

Trata-se da PL 5638, que cria o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos – #Perse. O Perse prevê um pacote de socorro às empresas do setor de eventos, reivindicando crédito subsidiado, refinanciamento de passivo fiscal, isenção fiscal e extensão da Lei 14020 (que permite a redução de salários e de jornada de trabalhadores), entre outras.

A criação do Perse é uma iniciativa capitaneada pela Abrape, com total adesão da Ampro, por intermédio da CBIE (Câmara Brasileira da Indústria de Eventos), e das principais instituições ligadas ao setor de eventos. A Câmara Federal já se sensibilizou com o pleito e aprovou de forma categórica a PL 5638. Agora o projeto vai ao Senado Federal.

Então, fica a nossa expectativa e a nossa esperança de que os senadores também se sensibilizem com a situação periclitante do setor de eventos no Brasil, aprovando o Perse. Aí ficará com o Executivo a sanção final.

Estamos esperançosos. Até porque, enquanto não houver uma imunização eficaz (diga-se de passagem, estamos injustificavelmente atrasados nesse processo), o setor continuará nessa parada obrigatória que tanto nos angustia.

Devemos parar, mas devemos também ser apoiados, como estão fazendo os países mais sérios em socorro às empresas e aos profissionais prejudicados. Enquanto paramos, vale a reflexão e o repensar da nossa atividade. A necessidade é a mãe da invenção, diz o dito popular.

Como podemos tirar algum proveito dessa parada? Muitas empresas do setor procuraram se reinventar e buscar formas de atuar no campo virtual, por exemplo. Aproveitaram para rever sua estrutura, seus processos e portfólio de serviços.

“Não podemos desperdiçar uma crise”, disse Winston Churchill. De fato, é no calor de uma crise que nos mobilizamos com mais empenho, que nos unimos, tentamos caminhos alternativos e nos adaptamos para novos desafios.

Que tal aproveitar essa parada para uma profunda revisão de seus negócios e da sua vida profissional? Que tal aproveitar para se capacitar e se qualificar melhor para quando o mercado voltar mais forte?

Há muitos cursos para se preparar para um novo momento. A plataforma Ampro Saber, por exemplo, tem mais de 30 cursos pra quem quer se qualificar para o competitivo mercado do live marketing.

Mas há muitas outras formas de se qualificar, várias delas gratuitas ou de baixo custo. A parada é obrigatória para os negócios e para seus deslocamentos, mas não para seu cérebro.

Alexis Thuller Pagliarini é presidente-executivo da Ampro (Associação de Marketing Promocional) (alexis@ampro.com.br)