Parou por que, por que parou?
Não fui eu nem você, então quem foi que parou aquilo que ninguém queria parar? Temos (ou tínhamos) a utopia de achar que temos controle sobre algo, ledo engano! As falsas sensações de poder, livre arbítrio, controle total, hierarquia, entre outras, viraram pó e voaram como partículas perdidas.
De repente, nada mais fez sentido. Por fim, o importante se impôs ao urgente e nada mais será como antes. Nestas horas de total ameaça, de um inimigo desconhecido, invisível, descontrolado e altamente ameaçador, surge o medo. Sim, aquele que nos amedronta e nos paralisa em muitos momentos, só que agora, ameaçando muito mais do que as nossas conquistas ou apegos, colocando em risco nossas vidas e as de quem amamos.
Quando a vida para, o que você pensa?
O que fazer quando nada lhe é permitido? Perguntar pra quem, se ninguém tem a resposta? Tomar decisões sobre o que, se tudo pode mudar em algumas horas?
Quantos dilemas jamais pensamos, pois nunca imaginamos que a vida, de repente, poderia parar!
Parou para o rico e para o pobre, para o novo e para o velho, para o sábio e para o ignorante. A vida, de repente, simplesmente parou!
Alguns dias atrás, também estávamos preocupados, mas a pauta era outra, nos preocupávamos com nossas posses, nossas conquistas, nossa vaidade, ego, poder e tantas outras coisas que, de repente, se tornaram pequenas, por que não dizer ridículas, frente à ameaça de nossas vidas. Sim, a mesma vida em que poderíamos ter pensado mais no ser, que no ter.
De repente, não somos mais os mesmos, não podemos mais fazer o que queremos, na hora que definimos. De repente, o livre arbítrio, aquele que achávamos ter por completo e que nos foi concedido para nosso uso e desfrute, foi tomado, não nos pertence mais.
Acredito muito que, por algum motivo, estamos recebendo uma mensagem de enorme relevância, importância e valor.
Precisamos realmente parar. E entender este importante recado, pois a vida nos dá recados o tempo todo, e temos duas maneiras de entendê-los: pelo amor ou pela dor… Aí está!
A vida parou! A dor está aí para que todos possam de agora em diante, entender o que, pelo amor, teimamos em não compreender.
Neste momento, é com amor que desejo a todos, aproveitarem este acontecimento para refletir sobre o que realmente estamos dispostos a fazer de nossas vidas no futuro.
Quem sabe, o propósito tão falado e almejado por todos não seja a própria vida (a nossa e a do próximo) que, quando ameaçada, faz com que todo o resto passe a ser irrelevante?
De repente, a vida parou para que possamos mudar a maneira como estávamos lidando com ela e começar uma nova e próspera vida.
Marcelo Ponzoni, diretor do RaeMP