Páscoa deste ano deve atrair consumidores de volta às lojas físicas
Com aumento de 58% nos lançamentos de produtos para a data, indústrias do setor levam para as gôndolas, no total, 399 itens
A indústria de chocolates está otimista com a Páscoa, que será celebrada em 17 de abril. De acordo com levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), entidade que representa o setor, neste ano, os associados levam às gôndolas 399 itens para a data, sendo 150 lançamentos, entre eles novas parcerias, formatos, sabores e combinações de produtos.
Segundo Ubiracy Fonsêca, presidente da Abicab, foi possível observar uma recuperação do setor a partir de sua capacidade de adaptação. “O Brasil possui uma das maiores Páscoas do mundo e pode ser celebrada de diferentes formas e sabores. Como estamos no terceiro ano da data com o cenário de pandemia, as indústrias já possuem planejamentos dentro desse cenário. Com a flexibilização do isolamento e o avanço da vacinação, há uma tendência de que o consumidor volte a presentear com os produtos sua família e amigos na data, algo tão característico desse feriado, que é comemorado com quem mais amamos”.
Será o primeiro ano desde o início da pandemia que os lojistas estarão com o comércio físico 100% aberto em todo o Brasil, o que por si só deverá atrair os consumidores às lojas físicas. É o que aponta uma pesquisa da empresa The Insiders, realizada no início de março com 1.900 entrevistados.
Segundo o levantamento, 94% dos consumidores pretendem comprar ovos de Páscoa tradicionais, sendo que 60% deles recorrerão às lojas físicas e aos supermercados, enquanto 40% farão compras online, via e-commerce ou aplicativos de conversas.
A produção da Páscoa de 2022 ainda está em andamento, mas, com relação a 2021, as indústrias produziram cerca de 9 mil toneladas de ovos e produtos de Páscoa, o que demonstra uma leve recuperação e crescimento de 6% na produção comparado a 2020. O dado positivo comprova que a indústria conseguiu acompanhar a evolução do perfil do público-alvo e a mudança de comportamento, atendendo as necessidades e preferências desse novo consumidor.
Dados de um estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), apontou que o consumo de doces no país cresceu 47,1% durante a crise sanitária, sendo que, entre os adultos de 18 a 29 anos, 63% passaram a consumir doces duas vezes por semana ou mais.
“Assim como para todos os fabricantes brasileiros, para nós a Páscoa é o evento mais importante no segmento de chocolate e tem um grande peso no volume de vendas. A expectativa da Ferrero do Brasil nesta Páscoa é de superar as vendas registradas no ano anterior. Algo que deve acontecer, tendo em vista que será a primeira Páscoa com o comércio reaberto desde o início da pandemia, o que se torna um atrativo a mais para os lojistas e consumidores, que passaram os últimos dois anos com lojas fechadas e/ou com entrada restrita. Este fato, por si só, deverá garantir um volume de vendas maior dos produtos”, diz Renato Zanoni, sales & country manager Brasil da Ferrero Rocher, multinacional situada entre as líderes em vendas de chocolates no Brasil.
O otimismo tem sido a regra geral entre todos os fabricantes de chocolates, sobre a expectativa de vendas na Páscoa deste ano. “A pandemia foi uma tempestade para o varejo, mas a economia vem dando sinais de recuperação. Sem dúvida, esta será a melhor Páscoa da história da Cacau Show. Para atender à alta demanda dos consumidores que já buscavam itens de Páscoa, antecipamos a nossa campanha em duas semanas da data prevista. Até o momento, os produtos de Páscoa têm performado muito bem, em especial os itens infantis com ovo e presente. Apostamos em mais de 55 itens no portfólio da campanha. Entre os principais destaques, estão lançamentos de sabores que o consumidor brasileiro ama, como os Dreams banoffee e mil-folhas avelã. Além disso, temos parcerias com grandes marcas como Warner, Netflix, NBA, Capricho, Amarula e Paçoquita, além de outras opções que prometem agradar a todos. Como esperado, até o momento, as vendas estão indo bem. Em números, a expectativa é de aumento de 60%, comparado ao ano anterior. Para isso, houve um aumento na produção de, em média, 24% (unidades)”, diz Ana Luiza Costa, gerente de categoria da Cacau Show, um dos maiores fabricantes de chocolates do país.
A Hershey, outra marca tradicional de chocolates, decidiu investir em ações solidárias na Páscoa deste ano. Em parceria com a Rede de ONGs Gerando Falcões, lançou a campanha Transforme a Páscoa com Hershey na qual, durante todo o mês de março, cada compra realizada no e-commerce da marca, independentemente do produto ou do valor, será convertida em uma barra de chocolate Hershey’s e destinada a famílias de comunidades assistidas pela Gerando Falcões.
“Nos dois últimos anos de pandemia, o impacto econômico gerou uma maior racionalização no consumo. A Páscoa não deixou de ser um grande momento para chocolates, mas houve uma desaceleração em ovos de Pascoa, e uma elevação de outros formatos, como o de barras de chocolate. A Hershey contribuiu para o movimento, apostando em edições especiais durante esses anos, e em 2022 intensificou a estratégia lançando a barra Hershey’s Milkshake Crocante, e o Wafer Hershey’s + Morango com Chocolate Branco, ambos inovadores no mercado brasileiro, e em edições limitadas – o que vem desempenhando de forma muito vencedora”, afirma Camila Ribeiro, head de marketing Latam da companhia.
Este ano a Lacta, uma das marcas líderes no setor de chocolates, comemora 110 anos com grandes expectativas de bons resultados na Páscoa. “Em 2021 tivemos a melhor Páscoa dos últimos 10 anos, em termos de giro. Vendemos praticamente toda a nossa produção para a data. Novamente apostamos na estratégia do e-commerce e tivemos um crescimento de 91% nas vendas desse canal em relação ao ano anterior. Em 2019, o comércio digital representou 3% do total das vendas de Páscoa e em 2021 chegou a 12%. Este ano não será diferente, temos um portfólio completo, com opções democráticas e para todos os momentos, desde o consumo individual, até para presentear e compartilhar”, diz Renata Vieira, diretora de marketing chocolates.
Além desses dados, Renata aponta que a Lacta está vindo forte com e-commerce, inovação, metaverso, “teremos um coelhinho digital que ajudará na finalização de compra, e ajudará também as pessoas que precisam de acessibilidade. O site terá também um serviço de amigo doce, e um sistema de afiliados. Com certeza, 2022 será um ano diferente, de reencontros, sendo assim, esperamos que o mercado de chocolates tenha um crescimento expressivo e a Lacta vai acompanhar”, afirma. A expectativa da empresa é crescer 10% em 2022, em relação ao ano passado. As vendas da Páscoa representam 20% do faturamento anual da empresa. Desde que a pandemia começou, o e-commerce vem ganhando espaço dentro da estratégia da marca – as vendas no canal cresceram 91% em 2021 e já representam 12% do total de venda de Páscoa (contra 8% em 2020).
O planejamento da Páscoa da Lacta leva cerca de 18 meses e a produção, iniciada em 17 de outubro, se encerrou em 21 de fevereiro. A empresa contratou 500 funcionários temporários para a produção, com contrato de trabalho de seis meses, sendo que 83% são mulheres.