“Passamos por um processo de inclusão digital sem volta”
Definindo a Sapient AG2 (do Publicis Groupe) como uma plataforma de transformação digital, a CEO Miriam Shirley afirma que essa cultura que hoje mais do que nunca rege o modus operandi do mercado já estava muito incorporada ao dia a dia da agência. “É claro que, se nos perguntassem três meses atrás se poderíamos trabalhar com toda a agência à distância, provavelmente diríamos que não. Mas já estamos há quase dois meses atuando assim e colhendo bons resultados. Percebemos que criatividade e agilidade precisam andar cada vez mais juntas para oferecermos novas saídas para os enormes desafios que o mundo neste momento impõe às marcas e para o futuro pós-crise”, destaca Miriam.
Entre as medidas que a CEO tomou para melhorar a comunicação com os colaboradores, está uma live semanal com a equipe. “Durante esse encontro virtual, eles podem me fazer qualquer pergunta, de forma anônima ou não. Além dessa live, programamos reuniões com grupos menores, divididos por áreas, que variam entre 15 e 25 pessoas cada um. Nestes casos a interação é maior, com todos com suas câmeras e microfones abertos. A ideia é que eu possa saber como todos e cada um vem se sentindo, e que eles possam interagir mais comigo também”, detalha a executiva.
Segundo ela, a agência distribui comunicados frequentes compartilhando as medidas que estão sendo tomadas para a segurança de todos, além de administrar pesquisas para entender como os times vêm se sentindo diante da situação. “Também tenho reuniões diárias com as lideranças para rever ações e melhorar o nosso atendimento aos clientes. Com os grupos de WhatsApp e de videoconferências nos mantemos em contato constante”.
Miriam conta que, de maneira geral, o ritmo segue intenso. “Mas é claro que essa frequência varia de marca para marca. Quando a pandemia chegou ao Brasil, todas as empresas tiveram de rever estratégias e adotar uma comunicação condizente com o momento do país. Isso, claro, exigiu um trabalho de replanejamento e mudança de rota muito cuidadoso considerando tanto o ineditismo quanto a sensibilidade da situação”, reforça a executiva.
Demandas
A maior demanda dos clientes, continua ela, é para reforçar os valores de cada marca por meio de ações que realmente contribuam com a sociedade
neste momento. “Ações de apoio social ou à saúde, à educação e ao entretenimento estão sendo estudadas e levadas para a população diariamente por boa parte das marcas. Na minha visão, num primeiro momento algumas marcas optaram por sair de cena e outras correram para entrar na conversa que mobilizava todos nós. Algumas acabaram se precipitando nesse processo. Hoje, tenho a sensação de que de a grande maioria já acertou o tom”, avalia a executiva.
A CEO da Sapient AG2 garante que a empresa está fazendo de tudo para proteger o time tanto em relação às questões de saúde quanto ao emprego. “As primeiras medidas que tomamos foi cortar despesas de ações internas e segurar contratações para as vagas que tínhamos em aberto. Em paralelo, o grupo lançou o programa Publicis Bench, que promove o intercâmbio entre profissionais de nossas agências, evitando uma eventual ociosidade em contas que tenham diminuído seus investimentos, preservando empregos e garantindo a qualidade de entrega aos clientes. Já temos colaboradores de outras agências trabalhando para a Sapient AG2 à distância e vice-versa”.
Projeções para a retomada? “Difícil fazer projeções quando ainda não sabemos por quanto tempo a pandemia vai durar nem os efeitos da flexibilização do isolamento social. Além da questão, claro, de vivermos em um mundo globalizado em que todos foram impactados pela crise. O que dá para dizer é que os segundos semestres costumam ser mais fortes para o nosso mercado e, juntando isso com uma adequação ao novo normal, é provável que algumas marcas que, no primeiro momento, preferiram recolher investimentos voltem a se comunicar. Como prestadores de serviços que somos, precisamos estar preparados para essa retomada e nos posicionar ao lado dos nossos clientes com o foco em contribuir para o crescimento dos seus negócios”, analisa.
Para Miriam, alguns hábitos que adquirimos não voltarão atrás e ajudarão a definir esse ‘novo normal’. “Com as pessoas confinadas em casa, a cultura do ‘faça você mesmo’ – que inclui desde pequenos reparos até preparar a própria comida – é algo que está entrando de maneira muito profunda no ambiente familiar. Um olhar mais atento para a própria alimentação, para aquilo que é consumido, tudo isso vai modificar definitivamente o comportamento da sociedade. O trabalho à distância, as compras pela internet, o acesso virtual aos bancos… Se pararmos para refletir, passamos por um processo de inclusão digital e florescimento da cultura digital fortíssimo que não tem volta”, finaliza ela.