Peralta investe em visibilidade internacional
A Peralta, uma das poucas agências sem capital estrangeiro no Brasil, entrou para o seleto grupo das 17 empresas consideradas as melhores agências independentes no mundo pela revista britânica Campaign em 2014. Entre as selecionadas estão a londrina MBA, a finlandesa Hasan&Partners e a japonesa Mori Inc. A companhia, que tem na carteira clientes como Mondelez (BelVita), Pirelli, Bacardi, Natura e Vigor, obteve destaque com a sua filosofia de “publicidade emergente”.
Alexandre Peralta, fundador e CEO da empresa, explica que a agência nasceu em um momento “em que ninguém precisava de mais uma agência no Brasil”, mas respondia à demanda do mercado por uma visão de campanha integrada. “Começamos em 2007. Era um momento de saturação na indústria publicitária, com muitas empresas competindo, mas havia a necessidade de produção com viés diferente”, acredita.
O discurso ecoou com os clientes. Em 2013, a Peralta registrou o melhor resultado operacional desde a sua fundação, com receita 69% maior que a de 2012. Os resultados financeiros positivos permitiram à empresa dedicar-se, por três anos, à construção de um dispositivo para o solado do tênis que acumula energia do movimento e que pode ser usado para carregar o celular.
O protótipo, que começou a ser construído em 2010 com a ajuda de uma equipe de engenheiros, rendeu à Peralta sua primeira patente. O produto está sendo negociado com uma empresa brasileira de calçados esportivos. A agência não revela o cliente interessado, mas grandes marcas nacionais, como Fila e Rainha (da Alpargatas), poderiam ser compradores do artefato.
“Temos o protótipo, mas ainda estamos em negociação. Iremos licenciar esse produto e seremos remunerados pelo pagamento de royalty”, explica Peralta. “Inventamos um produto e isso também é publicidade. Não é a clássica, mas é. As empresas precisarão de produtos que viralizem por si”, projeta.
O flerte da agência por soluções emergentes levou a empresa a fazer parceria, no início do ano, com o Porto Digital, polo de desenvolvimento de software, no Recife (PE), considerado o principal parque de inovação do país. “Queremos criar projetos para nossos clientes em conjunto com o Porto. Isso significa ter pesquisadores conosco”, explica o executivo. Ele afirma que a iniciativa ainda é embrionária, mas revela que já há trabalhos para mais de um cliente da casa.
Campanha
Acostumada a pensar no cliente, a agência vai inverter o jogo a partir desta semana. Ela irá começar uma campanha publicitária internacional para divulgar o seu posicionamento, “Emerging advertising”, com anúncios em veículos como o jogrnal americano especializado Advertising Age.
A estratégia deve evidenciar a operação para clientes internacionais, mas o objetivo não é somente prospecção, garante Peralta. “Teremos exposição com anunciantes globais, mas já temos empresas assim em nossa carteira. O esforço não é só para prospectar contas, mas para deixar claro nosso trabalho”, diz. A exemplo de redes como TBWA, com a identificação ‘disruption’ para sintetizá-la, e a BBH, com o slogan ‘quando o mundo faz zig, faça zag’, a Peralta quer também uma expressão-chave forte. “Buscávamos uma síntese. A ideia de publicidade emergente sempre esteve em nosso DNA, mas faltava um nome de batismo”.
O conceito também embasará a apresentação do executivo no Cannes Lions deste ano, durante o Brazil Day, evento sobre a criatividade nacional. Peralta irá falar sobre como manter uma agência independente local trabalhando para marcas globais. “Esses clientes querem criatividade esperta e ágil. Ser independente dá a nós a vantagem de sermos livres, e isso nos traz agilidade”.