Pesquisa revela postura dos brasileiros para conversas sobre gênero

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Uma pesquisa realizada pelo Instituto Avon e pelo odH Insights, braço de pesquisa do PapodeHomem e divulgada durante o Fórum Fale Sem Medo, realizado nesta sexta-feira (29), em São Paulo, mostrou que 70% dos brasileiros acreditam que ter conversas sobre temas de gênero com quem pensa muito diferente é positivo, e 50% gostariam de fazê-lo de maneira mais frequente. Ao mesmo tempo, no estudo – intitulado “Derrubando muros e construindo pontes: como conversar com quem pensa muito diferente de nós sobre gênero?”-, ficou claro que apenas 20% buscam ativamente quem pensa diferente de si para dialogar.

A pesquisa foi conduzida com mais de 9 mil homens e mulheres entre 28 e 59 anos, e demonstrou que entre os obstáculos para uma conversa mais fluida está a agressividade, apontada por quase 64% dos entrevistados, seguido de radicalismo e falta de energia. Quase 40% atribuem à falta de empatia por parte do outro a dificuldade para uma conversa bem-sucedida, enquanto apenas 8% reconhecem a falta de empatia nelas próprias  como uma barreira.

Mulheres homo e bissexuais jovens são as que mais conversam com quem pensa diferente. São também as que mais acreditam que o diálogo vale a pena, e mais consomem conteúdos com opiniões diversas. Elas integram o grupo dos “Construtores de pontes”, no corte feito pelo estudo, que traçou três perfis, sendo que este representa 15% da população. Os demais grupos são o “Em trânsito” – onde se enquadra 50% da população, pessoas que reconhecem a força da conversa mas nem sempre estão abertos e pacientes, e o grupo “Entre muros”, que corresponde a 35% da população, e representa aqueles que evitam conversas com quem pensa diferente.  Estão no sul a maior parte das pessoas “entre muros”, e no nordeste o maior percentual das “em trânsito”. Os “construtores de pontes” encontram-se, principalmente, no norte.

O estudo mostra ainda que um número expressivo da população compreende o significado de feminismo: quase 60% o definiram como “um movimento necessário de defesa por direitos e oportunidades iguais para homens e mulheres”, taxa que chega a 81% entre mulheres homo e bissexuais. Menos de 1% das pessoas disseram não saber o que é feminismo, embora uma parcela significativa – mais de 16% -, ainda confunda seu significado ao optarem pelas respostas que o definem como “defesa de superioridade das mulheres sobre os homens” ou “o oposto do machismo”.

O Instituto Avon e o PapodeHomem desenvolveram um guia especial para jornalistas, com o objetivo de auxiliar no desenvolvimento de um jornalismo propositivo, que se corresponsabiliza pela mudança. Intitulado “Guia prático: como conversar com quem pensa muito diferente de você sobre gênero”, o documento está disponível para download em www.papodehomem.com.br.