Pessoas no mundo digital, compras e ondas do mar

As pessoas me inspiram. Sou um observador do comportamento humano, seus encantos, suas mazelas, suas neuroses, suas crendices, sua beleza. Para mim um vendedor de farol despejando em sua oratória um arsenal linguístico popular e aperfeiçoado milhares de vezes por tentativa e negação sempre me inspirou.

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Guto Cappio, presidente da Sunsent

Na maioria das vezes tento duelar e acabo colocando a mão na carteira… Kkkkk, mas na verdade me divirto com o processo e acabo registrando uma infinidade de conceitos e approaches que certamente não apareceriam em nossas reuniões de brainstorming em uma sala bacana em algum lugar descolado da cidade.

Vou ao supermercado e observo como é diferente o comportamento de cada pessoa em frente da mesma gôndola e imediatamente ficam claras as oportunidades de diferentes gôndolas que o ambiente digital provê. O interessante do hábito da observação é se colocar numa posição quase fora do contexto, o som e a imagem do que não interessa praticamente somem e o que está sendo observado se transforma em filme, com direito a críticas no roteiro e botão de skip quando fica chato. Meu filho tem um nome pra isso “Para de ‘brisar’ pai”. Com esta frase, me traz sempre de volta ao mundo real.

Divirto-me e me inspiro muito com meus meninos também. Na faixa de dez anos, são nativos digitais com um pensamento peculiar, muitas vezes difícil de acompanhar, pois não são lineares. Conectados o tempo todo e cercados por milhares de gadgets, me mostram, de forma didática, os atalhos para entender este novo comportamento.

O mais interessante do momento que vivemos é que a internet é o maior espelho do comportamento humano, novo ou velho. E, quando se trata de inspiração, está tudo lá, não só o target behavior, mas todas as coisas incríveis que pessoas, marcas e instituições estão fazendo. Eu, particularmente, gosto mais de absorver comportamentos do que referências de coisas feitas. Com esse olhar, os youtubers e os instagramers são minha grande fonte de inspiração. O ambiente democrático das plataformas viabilizando o talento natural de estrelas que você jamais teria acesso em outra época.

Olho para a construção desses conteúdos e enxergo em cada um deles uma disrupção de formato, linguagem e estética, uma aula do que realmente importa quando o assunto é retenção de audiência. Se você tiver ferramentas para fazer uma análise mais sofisticada sobre o inventário que consome determinado conteúdo, vai se surpreender com o desprezo que o consumidor tem por muitas premissas que você considera intocáveis no guideline de execução criativa. Budget de produção polpudo não é necessariamente consumidor engajado. Uso tudo isso no meu processo de inspiração criativa, tudo fica rodando na minha cabeça esperando virar uma ideia, uma estratégia.

Aí o que mais funciona pra mim é ir pro mar, ir surfar. Caramba, minha cabeça vira uma máquina de pipoca cuspindo insights. Sei lá o que acontece, mas o momento de reflexão e calma que o mar me traz ativa meu córtex e a coisa funciona. Então, meus clientes, quando virem no Face que eu estou surfando, por favor, não achem que eu estou só me divertindo…

Guto Cappio é presidente e Chief Creative Officer da Sunset