Planejamento pensa menos em canal e mais em pessoas
Felipe Morais
A onda das Redes Sociais, Mobile, E-commerce, mídia programática chegou. E que bom, pois é preciso evoluir no mundo online. Se para alguns, ter um site e um perfil no Facebook é o auge da presença digital da marca, para outros, isso deixou de ser o diferencial. A boa notícia é que aqueles que pensam no digital como uma plataforma e algo que vai além do site e perfil nas Redes é que em muito breve, você dominará mercado e vai bater sua concorrência. A péssima notícia, é que você pode ser essa concorrência que vai perder a batalha.
Vamos a um exemplo prático. Voltemos aos anos 2000. Uma famosa rede de lojas de tênis dominava os shoppings e lojas na rua. Quando você precisava comprar um tênis, era lá que você ia. Nesse mesmo ano, uma loja de sapato, pequena, com apenas 2 lojas, decidiu olhar de forma diferente para a internet. Lançou sua pequena loja no Mercado Livre e depois partiu para carreira solo. Hoje uma fatura mais de 1,2 bilhões vendendo 100% online, enquanto a outra deve olhar todos os dias e dizer: caramba, esse mercado era meu. Era. Deixou passar…
Mas não é apenas a loja online que fez a diferença. A diferença da marca é pensar diariamente em como melhorar a experiência de consumo dentro do site. E está ai a essência do planejamento, pensar em comportamento de consumo, em entender pessoas, em saber como atingir essas pessoas, de forma massiva e direta ao mesmo tempo. Sim, o digital permite que coisas paralelas como mídia de massa e mídia individualizada possam andar juntas. E dá muito certo.
Em meu livro Planejamento Estratégico Digital (Ed. Saraiva), dedico um capítulo inteiro a comportamento de consumo, mas a cada momento, eu puxo esse assunto novamente. Hoje não se faz mais um site – ou não deveria ser feito – sem pensar em experiência de usuário, em como deixar o site mais prazeroso para que uma pessoa navegue.
Hoje, não adianta pedir ao seu gestor de redes sociais escrever um post, não é ele quem tem que pensar em conteúdo, é o consumidor que precisa dizer a ele. E como dizer? Pergunte! Use o Facebook, Twitter, site, Blog, e-mail e até o aplicativo como canal de pesquisa, mas não se apoie apenas nas respostas desses canais. “Ouça” mais o seu Google Analytics, entendendo o caminho e a jornada do consumidor. Se fala muito nesses assuntos, mas quantas vezes você viu uma pesquisa de comportamento no site ou na loja virtual que você é fã? Raras, para não dizer, nunca. Existem empresas, como a TrustVox que busca ouvir a opinião sincera das pessoas nos sites que essas compram, é um caminho, mas não único. Existem empresas, de e-commerce novamente, que enviam um email de satisfação após alguns dias que a compra chegou na sua casa. Mas por que só e-commerce faz isso?
O que eu quero deixar claro nesse artigo é que os canais são apenas os meios para se chegar as pessoas. Ok, sua marca tem 140 mil seguidores no Facebook, tem 340 mil e-mails no mailing, tem 32 mil seguidores no Twitter, 87 mil pessoas acessam o site mensalmente, 2 mil compram. Números ótimos, mas são canais. O que vai diferenciar das pessoas seguirem, compartilharem, engajarem não é o canal, é a mensagem!
E lembre-se, a mensagem não deve ser apenas escrita porque alguém que teve uma grande ideia na agência ou no marketing. Isso ajuda, mas não é apenas isso. Nem sempre as pessoas que atuam com a marca são os consumidores dela. Ouça mais as pessoas para depois criar um conteúdo. Do contrário, sua mensagem passará despercebida.
Felipe Morais é autor do livro “Planejamento estratégico digital” e especialista em publicidade, redes sociais e gerência de e-commerce