Por que a mobilidade não se resume à questão do transporte?
Walter Longo
A ideia de mobilidade é uma questão de mover o mundo para soluções pragmáticas que o conserve e não apenas às relacionadas aos modais de transporte como bicicleta, patinete, metrô, trens, ônibus etc.
Na visão de Walter Longo, mentor de estratégia e inovação do evento Welcome Tomorrow, que terá sua sexta edição entre os dias 5 e 10 de novembro no espaço São Paulo Expo, há vetores de mobilidade que ainda estão no plano secundário, mas que são essenciais para o amanhã. Serão seis vilas para mostrar a mobilidade aliada à tecnologia e propósito. Iniciativa da Parar, do empresário Flávio Tavares, o WTW foi apresentado na semana passada no WTC com 12 palestras, entre as quais “Idade média- Idade mídia”, de Longo.
Qualidade de vida é o foco do ambiente Life do WTW 2019. Longo explica: “O conceito clássico de mobilidade era ter mais tempo na vida das pessoas. Agora mudou para vida no seu tempo. Por exemplo, a tecnologia que conecta médicos a pacientes sem exigir deslocamentos de ambas as partes. Praticar alimentação saudável é uma espécie de mobilidade para evitar problemas com o nosso corpo, que é o primeiro e mais importante instrumento de mobilidade”, destacou Longo.
Dois espaços terão foco em questões do amanhã já debatidas hoje. O Fleet Village vai destacar as novas formas de logística: aplicativos inovadores, manutenção inteligente, abastecimento eficiente, carsharing, eletromobilidade, veículos autônomos e sistemas integrados para as frotas do futuro. Já no Nomad Village a discussão terá foco no conceito proprietário de imóveis, residenciais e profissionais. Coworking, serviços 100% digitais de locação e construtoras que não pensam mais em vender metro quadrado.
“E-commerce é mobilidade, porque evita ter que ir ao PDV, mas não de comprar e receber a mercadoria em casa. O gympass também, porque garante ao usuário fazer suas atividades físicas em várias academias. Os aplicativos de banco garantem ao consumidor mais tempo para lazer, leitura e encontros, por exemplo, porque no digital não tem fila. A telemedicina vai reinventar a métrica de cuidar da saúde. Quando alguém está em um carro autônomo tem mais tempo para pensar e planejar o seu tempo. Tudo é mobilidade; uma nova mobilidade”, elencou Longo.
E a imaginação? Na avaliação de Longo, ela é essencial para conectar as pessoas com ideias e à criatividade. “E isso se aplica à propaganda. Porque atualmente é muito difícil partir do princípio de uma folha branca e preenchê-la com ideias inovadoras. O digital trouxe uma facilidade enorme, mas há uma preguiça indiscutível para ativar as sinapses e isso torna o cérebro menos exigente. Se há uma diferença da velha para a nova propaganda é a pesquisa bruta aguçada pela busca da ideia inspiradora. A imaginação é a mobilidade estendida”, explicou o mentor de estratégia do WTW.
Longo vai proferir na Imagination Village a palestra “Trilema Digital”, que envolve Compartilhamento; Tribalismo, ou a era do algorítimo que localiza gostos similares e não admite invasão; e Exteligência. “Esse último ponto é essencial. Porque antes tínhamos que procurar para saber a razão das civilizações terem se estruturado entre rios, como a mesopotâmica, que foi fincada entre os rios Eufrates e Tigre. A exteligência não ativa o cérebro. Sem a ativação dos neurônios, o conhecimento fica mais limitado e, consequentemente, o cérebro, que precisa de conhecimento embarcado, fica inerte e dependente de algorítimos. Temos que ter o comportamento do gato, que não aceita o venha a nós. É mais difícil atrair o gato. A inteligência exterior exige busca”, finalizou Longo.