Por que a queda na audiência do Super Bowl não é necessariamente ruim

Em meio às notícias sobre a pior audiência do Super Bowl nos últimos 10 anos, a decisão da CBS de integrar seu pacote comercial de TV linear e digital para o Big Game este ano se comprovou mais do que acertada. Ao longo das 20 edições em que a emissora teve os direitos de transmissão da partida, esta foi a primeira vez em que assinantes das plataformas de streaming puderam acompanhar os comerciais no intervalo, assim como os que viram a partida entre Los Angeles Rams e New England Patriots, pela TV tradicional, no último domingo (3), em Atlanta,.

Isso significa que embora o alcance televisivo tenha deixado a desejar, com 98.2 milhões de americanos – o recorde é de 2015, com audiência de 114.442 milhões), a internet tem potencial de sobra para não apenas servir como mídia para as marcas patrocinadoras, mas também para amplificar as conversas sobre a partida. Os números deste ano divulgados pela Nielsen dão uma boa pista sobre a transformação silenciosa pela qual o evento está passando.

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Pesquisa da Nielsen indica queda na audiência na TV linear no Super Bowl

No último domingo, foram 32.3 milhões de interações nas redes sociais ao longo da partida. Com base nos números da Nielsen, não é exagero imaginar que muito em breve o Super Bowl se torne um dos eventos mais comentados da internet, o que abre novas possibilidades para os anunciantes. Mais do que investir os cerca de US$ 5 milhões pelos tradicionais 30 segundos – as marcas precisam de mais do que exposição. A boa notícia é que algumas já se deram conta disso.

O tradicional show do intervalo, por exemplo, alcançou o pico de 171 mil interações e foi o assunto mais comentado globalmente. Bom para a Pepsi, que patrocinou a apresentação da banda Maroon 5 e dos rappers Travis Scott e Big Boi. A marca, aliás, se manteve no tranding topic global patrocinando a hashtag #PepsiMoreThanOk, em referência a campanha estrelada pelos rappers Cardi B e Lil Jon.

Super Bowl em português

Se nos Estados Unidos, as transmissões em TV linear têm perdido a força, dando espaço para o digital, no Brasil, a TV é a principal porta de entrada para a disseminação do futebol americano. Ainda que a internet também tenha gerado recorde histórico para a ESPN Brasil, que detém os direitos de transmissão dos jogos da NFL.

O canal teve crescimento de 32% na audiência em comparação à edição do Super Bowl de 2018, segundo a Kantar Ibope, se tornando a emissora de TV paga mais assistida no horário da partida. Acompanhando tendência observada na CBS, a ESPN também teve crescimento de 40% na audiência em sua plataforma de streaming.

Os dados evidenciam um caminho interessante para as marcas, que podem aproveitar a integração das mídias para experiências mais profundas com o público. É o que fez a Snickers  na partida deste ano.  No intervalo da partida, a marca de chocolate usou de bom humor  para promover a marca na TV e nas redes sociais. Vale lembrar que o anunciante tem uma relação próxima com o esporte. Nos Estados Unidos, ela foi uma das patrocinadoras do Replay das jogadas, no estádio Mercedes-Benz, em Atlanta.

No Brasil, Snickers fez parcerias com influenciadores e veiculou anúncios estrelados pelo humorista Maurício Meirelles.  Até o ex-jogador Ronaldo Fenômeno entrou para a brincadeira.  O case da marca, assim como o da Pepsi mostram as oportunidades irrestritas para marcas que usam o esporte como plataforma de mídia, e assim, conseguem converter o investimento em lembrança de marca, vendas ou outro KPI relevante.