Por que levei meu filho para ver Homem-Aranha?
Como um dos editores do Omelete, acabo vendo um número considerável de filmes por mês. Os de temática mais geek são praticamente uma obrigação. E foi assim, nesta empolgação, que acabei levando meu filho, na época com 3 anos, para ver Vingadores, cinco anos atrás. E me arrependi. Foi naquele momento que entendi que não é porque eu respiro isso e acabo ensinando para ele os nomes dos personagens e comprando alguns bonequinhos, que ele está apto a ver os filmes.
Ele não saiu do cinema traumatizado, nem nada (disse só que ficou com um pouco de medo na primeira vez que aparece o “pirata” – Nick Fury). Mas ali caiu a ficha e decidi que ele não precisava ser exposto a tanta violência, explosões e ação sem fim. Temos muitos outros filmes igualmente divertidos que são mais compatíveis com as idades e maturidade de cada criança. E assim segurei a onda dele e não mostrei mais nada, nem da Marvel, nem da DC. Não o levei, por exemplo, para ver Mulher-Maravilha, que adorei.
Mas com o Omelete sempre aberto no meu computador, a CCXP, os trailers pipocando na tela de casa ou no cinema (continuamos vendo os filmes feitos para a idade dele e da irmãzinha, três anos mais nova), ele acaba sendo impactado pelas estreias. E apesar de sempre perguntar se podia ver este ou aquele filme, ele entendia quando dizíamos que não dava, que não era para a idade dele ainda.
Até que chegou Homem-Aranha – De Volta ao Lar (Spiderman – Home Coming, 2017). Com a vinda dos atores aqui para o Brasil, levei meus dois filhos ao evento que teve um bate-papo deles com os fãs. O “sentido de Aranha” dele começou a tilintar, avisando que este podia ser “o filme”. A cada novo vídeo ou foto que ele via, vinha todo empolgado conversar. Por isso, quando chegou o convite para a exibição de imprensa, avisei para ele que eu estava indo assistir ao filme e que, se achasse apropriado, o levaria ao cinema.
Mal deu tempo de chegar em casa e ele já veio me perguntar como era. E era maravilhoso! Homem-Aranha de Volta ao Lar resgata muitos elementos da juventude do herói, seus dias no colégio, suas inseguranças. O jeito de moleque, descobrindo seus poderes e deslumbrado com o sucesso ao lado de seu grande ídolo, Tony Stark, é universal.
Outro ponto positivo do filme é se manter “pequeno”. O vilão é o Abutre, personagem clássico, mas que aqui ganha esta roupagem mais tecnológica. Não temos grandes invasores de outros planetas, destruição em grande escala de Manhattan ou outras cidades apenas para mostrar que a computação gráfica pode destruir tudo. Aliás, é justamente o contrário. Vemos logo no começo do longa que a cidade está lidando com a reconstrução de toda a bagunça que nós tínhamos visto exatamente cinco anos atrás, no primeiro Vingadores.
O ciclo se encerrava. E mais uma vez a máxima do tio Ben poderia ser encovada: “Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”. A nossa, pais e mães geeks, é zelar pela diversão saudável de nossos filhos.
Marcelo Forlani é sócio-fundador do Omelete Group