Posto Ipiranga
Armando Ferrentini é presidente da Editora Referência
Sendo este jornal há 53 anos voltado para as práticas do marketing e principalmente da sua importante subfunção constituída pela atividade publicitária, dentre outras, cabe-nos ressaltar que quando uma campanha é boa e acerta o alvo vira mote popular com durabilidade muito superior à média e invade outros importantes segmentos da atividade humana, como a política.
Sim, porque estamos presenciando neste momento em nosso país a uma das mais ferrenhas e ao mesmo tempo decepcionantes campanhas eleitorais dos últimos tempos. Os motivos são vários e o fato maior decorre de uma radicalização assombrosa em torno de um partido político e dos seus candidatos, que constantemente desafiam as leis do país e os seus costumes.
Mas a ideia deste texto não é um aprofundamento nessa situação surreal que estamos vivendo, mas a prevalência de um mote publicitário já consagrado pela população, que agora permeia os debates dos candidatos no horário eleitoral gratuito e em outras apresentações que fazem nos territórios delimitados pelas suas pretensões políticas.
O título deste Editorial já falou a que veio, mais uma vez para mostrar como a força de uma marca bem construída pela agência de propaganda (antes Talent, hoje Talent Marcel) que há anos atende a conta publicitária dessa rede de postos de serviços que se transformou em substantivo, adjetivo e outras expressões da nossa gramática, caindo cada vez mais na boca do povo.
Esse achado da criação publicitária é de valor inestimável. Muitos outros já aconteceram no passado distante e recente, mas nos parece que o “ali no Posto Ipiranga” se transformou em um mote imbatível pela concorrência (que já teve outros também famosos, como o “Só Esso dá ao seu carro o máximo, veja o que Esso faz”), espalhando-se pela força da sua simplicidade, que encarna a grande maioria do povo brasileiro, para outros segmentos que nada têm a ver com postos de serviços automotivos.
Hoje, há bancos que são chamados pela opinião pública de “postos Ipiranga” do setor, pela qualidade do seu atendimento aos clientes. Há muitos outros segmentos de atividades que também já têm os seus postos Ipiranga, mas o mais interessante é observar que até a boa e eficiente condição humana de algumas pessoas começa a ser reconhecida como qualidade de alguém que, por ser nota dez no seu comportamento diante dos demais, já leva o apelido de Posto Ipiranga.
Lute, leitor, se ainda não chegou lá, para ser também um Posto Ipiranga.
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A matéria de capa desta edição relata o momento atual desse poderoso veículo de comunicação que é o rádio, insubstituível em suas múltiplas funções.
Nossa Redação, capitaneada pela jornalista Kelly Dores, produziu um trabalho que com certeza trará informações valiosas aos nossos milhares de leitores pelo Brasil afora, pela pertinência do veículo e do assunto, cuja relevância cresce em um momento pré-eleitoral como o nosso.
Precisamos de 15 páginas para discorrer sobre esse meio que tem uma invejável qualidade de instantaneidade não apenas em jogar para o público o seu conteúdo, como também na sua disposição em se adaptar aos novos tempos, que na verdade são sempre novos a cada dia.
Por tudo isso e um pouco mais, o meio rádio, do ponto de vista comercial, é igualmente um sucesso de faturamento, através do apoio incondicional dos anunciantes que reconhecem o seu valor inclusive pelo retorno imediato que obtêm.
Para que o leitor tenha uma ideia dos números, o fechamento do meio no primeiro semestre deste ano atingiu R$ 3,037 bilhões, contra R$ 2,809 bilhões do igual período de 2017, já com a crise incomodando gregos e troianos.
O público leitor do PROPMARK sabe melhor que ninguém como o meio rádio tem evoluído na sua adaptação ao mundo digital, cujo avanço é inexorável.
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O jornalista colunista publicitário Elóy Simões, de saudosa memória, um dos fundadores do consagrado Prêmio Colunistas, que chegou a colaborar nos seus primórdios com o PROPMARK, através de precisos textos sobre a evolução da criação publicitária brasileira (ele era um redator disputado por muitas agências), em suas colunas costumava acionar um imaginário disco de palmas para trabalhos publicitários merecedores desse tipo de homenagem.
Tão valiosos eram os seus discos de palmas, que havia uma disputa por profissionais de criação entre os anos 1970, 1980 e 1990 do século passado, em busca do disco de palmas do Elóy Simões.
Pois agora recorremos a essa propriedade jornalística do falecido, mas sempre atual Elóy Simões, para acionar um disco de palmas muito especial à agência FCB, presidida pela figura ímpar de Aurelio Lopes, que ousou executar uma mudança radical nas suas instalações físicas, mantendo o mesmo endereço com um novo visual que encanta todos aqueles que para lá se dirigem.
Este crédito é ainda mais valorizado diante de um momento que já dura no mínimo três anos de crise não apenas no setor, mas em todo o mercado brasileiro, nos seus mais diversos segmentos.
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Em defesa da liberdade de expressão, nosso apoio incondicional ao atleta Felipe Melo, do futebol profissional do Palmeiras, que está ameaçado por severas penas no contraditório mundo futebolístico por ter se manifestado a favor de um candidato a presidente da República, ora impedido de fazer campanha nas ruas por se encontrar hospitalizado.
É de uma vulgaridade sem par a reprovação que vem sofrendo por parte de uma parcela da população emulada por preferências clubísticas.
Ressalte-se que o atleta não se manifestou no momento de um jogo de futebol, mas dando entrevista a uma emissora de TV após a partida.
Como estava vestindo o uniforme do seu clube, se alguém tinha o exclusivo direito de se manifestar reprovando a atitude do atleta seria o clube ao qual pertence. Que, aliás, o fez.
Quanto ao resto, suspensão por um determinado número de jogos, enquadramento em um artigo do Código Disciplinar da CBF que não é específico e não sendo específico abre a porta para qualquer atitude de atleta ser julgado e apenado por juízes “criativos”, no pior sentido que essa palavra possa ter.
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Este Editorial é em homenagem ao publicitário e promotor J.Cocco, membro da Academia Brasileira de Marketing presidida por Madia de Souza. Ele criou nos anos 1970, na sua agência que atendia a conta das bicicletas Caloi, a expressão Não esqueça a minha Caloi, empresa então de Bruno Caloi, precursora no Brasil das grandes competições ciclísticas que sempre fizeram sucesso na Europa (e fazem até hoje).
Esta homenagem, além de se referir a todo o passado desse elogiável profissional e depois empresário do mercado publicitário (sem nunca ter deixado de ser profissional), também ocorre pela parceria que celebrou com a Tribal WorldWide, na recriação de uma campanha aproveitando o mote, mas não exatamente para vender mais bicicletas, mas objetivando a inclusão das bikes nas ruas.
A campanha está sendo lançada este fim de semana, em comemoração aos 120 anos da empresa fabricante.
Veja nota nesta edição.
Armando Ferrentini é presidente da Editora Referência, que publica o PROPMARK e as revistas Marketing e Propaganda (aferrentini@editorareferencia.com.br).