Pratas da casa ainda têm espaço na propaganda ou o brilho enfraqueceu?

A falta de engajamento custou cerca de US$ 438 bilhões em perda de produtividade na economia global em 2024, segundo dados da Gallup

Você abdicaria de sua carreira para reaprender outra função? Robert De Niro já inspirou essa história. No papel de ‘Um senhor estagiário’, o ator vive Ben Whittaker. Apático com a aposentadoria, o viúvo de 70 anos encara uma vaga na plataforma de moda About the fit, presidida por Jules Ostin, interpretada por Anne Hathaway. O zunido típico de startups lideradas por gênios da internet se depara com a batuta sapiente de Whittaker. Eles batem de frente. Mas as desavenças se dissipam quando a relação alcança respeito e admiração além do âmbito profissional.

O filme dirigido por Nancy Meyers foi lançado em 2015. Na mesma época, o Brasil também teve um “senhor estagiário”. Só que ele era bem real, e veio da propaganda. Jaques Lewkowicz, o Lew da Lew’Lara, hoje Lew’Lara\TBWA, se tornou aprendiz do Google aos 71 anos. Após vender a sua participação na agência, ele ganhou o cargo de chairman. Porém, não se contentou. Foi aprender sobre o mundo digital e compartilhar o seu conhecimento sobre publicidade. Morto em julho de 2024, Lewkowicz formou uma das mais célebres duplas criativas da publicidade brasileira com Luiz Lara, chairman do grupo TBWA no Brasil e presidente do Cenp - Fórum da Autorregulação do Mercado Publicitário.

Ainda há vocação para pratas da casa ou esse brilho se esvaiu? Imediatistas, as novas gerações pipocam aqui e ali. Muitas não chegam a permanecer sequer dois anos na mesma empresa, e relutam em assumir responsabilidades. Mas será que a culpa da atitude fugaz é mesmo dos jovens? Ou esta é uma turma que se recusa a aceitar condições de trabalho benéficas apenas para empregadores?

O conceito evoluiu. “A carreira atual é líquida. A nova prata pode brilhar rápido, mudar de liga e voltar ainda mais valiosa”, diferencia Erh Ray, CEO e CCO da BETC Havas. Mais ágeis e menos tolerantes à estagnação, as novas gerações instigam as empresas a engajar e reter. “Prata da casa, agora, é quem escolhe continuar, não por acomodação, mas por conexão e pertencimento”, ratifica Monica Lessa Kamimura, head de pessoas e cultura da AlmapBBDO.

Pessoas que optavam por uma carreira linear arrastada há décadas em uma única companhia dão lugar a profissionais que constroem legado. “Talentos jovens buscam experiências diversas e desenvolvimento acelerado, o que, naturalmente, os leva a mudanças mais frequentes”, defende Marcela Esteves, diretora de recrutamento da consultoria Robert Half, que completa 17 anos de experiência na empresa em 2025. “A inquietude sempre existiu e faz parte do processo de amadurecimento”, pondera Elise Passamani, chief culture and operations officer da Lew’Lara\TBWA.

Leia a matéria completa na edição do propmark de 8 de setembro de 2025