Alê Oliveira

Em maio de 2018, o australiano Nick Law deixou a R/GA para assumir como chief creative officer (CCO) global do Publicis Groupe, tendo como um dos desafios transformar a visão sobre a criatividade nas agências da holding. Neste ano, em Cannes, ele apresentou um seminário nesta segunda-feira (17) sobre a liderança que os profissionais criativos precisam assumir não apenas para criar publicidade, mas redesenhar os negócios das empresas. 

Em entrevista ao PROPMARK, ele explicou que há dois tipos de profissionais nas agências. As pessoas que criam negócios e geram eficiência, e aqueles que imaginam como o futuro pode ser, no caso, os criativos. O ponto dele é que a criatividade deve liderar as agências rumo ao futuro da indústria. “As eras de ouro e as grandes agências de hoje sempre foram feitas por  grandes criativos. De David Ogilvy a David Droga”, avalia.

Mas para liderarem o negócio, os criativos precisam estar atentos a novas formas de atuar com as agências e adicionar novos talentos. Profissionais como redatores e diretores de arte, por si só, não necessariamente vão saber criar interfaces criativas ou experiências imersivas de inteligência artificial. “O papel do líder criativo é imaginar o futuro e, para isso, precisa saber redesenhar os negócios das agências para satisfazer isso”, diz Law.

Ele também falou sobre como as agências têm seus modelos de negócios desafiados nesse novo cenário e acredita que elas terão que escolher o quanto antes entre duas formas de atuação. “Os desafios de comunicação se tornaram, prioritariamente, desafios de negócios. E as coisas que temos que entregar não necessariamente são criatividade, mas criar tecnologia e modelos de transações, ou ter novos serviços. Algumas agências decidirão ir para esse lado e atuar mais como verdadeiras consultorias de negócios, pensando na solução de negócios. Outras, provavelmente as menores, não vão para esse lado e devem se focar em criar histórias e narrativas”, acredita o publicitário.

Para ele, houve tempos em que as agências podiam gerenciar marcas apenas com comunicação, mas os tempos se tornaram tão complexos que não se pode redefinir marcas sem redefinir seus negócios.