Enquanto o Publicis Groupe anunciou sua decisão de não participar do Cannes Lions (e de nenhum outro prêmio) no ano que vem e Martin Sorrell, CEO do WPP, disse que o maior festival de criatividade do mundo deveria rever o seu modelo, a AlmapBBDO reafirma a importância do evento para celebrar a criatividade e medir a reputação criativa do mercado.

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“Hoje se fala tanto em dados, métricas, mas não existe um festival melhor do que Cannes para medir e celebrar a criatividade. É o festival dos festivais. Para uma agência, Cannes é o lugar para conseguir essas métricas e solidificar sua reputação criativa. É como fazer check-up no melhor hospital do mundo e saber que está tudo bem”, afirma Luiz Sanches, diretor-geral de criação da Almap.

Agência brasileira mais premiada e vice-campeã no ranking geral do Cannes Lions 2017, a Almap – que foi quatro vezes Agência do Ano (em 2000, 2010, 2011 e 2016) – mostra que criatividade é um dos principais diferenciais do mercado publicitário. “A criatividade é um diferencial. Vejo o mercado publicitário muito encolhido e perdeu um pouco desse valor, o que acho injusto. É importante mostrar num festival como o de Cannes que o que você cria faz a diferença no negócio dos clientes, porque vale muito”, considera Sanches.

Este ano, a Almap também bateu recorde de Leões – 22 no total. “Mais do que o recorde de Leões, acho que é muito bacana como as nossas ideias foram celebradas em todas as categorias para clientes grandes que reconhecem que a criatividade faz a diferença no negócio deles. A Almap mostra consistência. Nós acreditamos nisso, mostramos uma consistência de anos”, ressalta o criativo.

“A gente está muito feliz, contente, porque esse foi um ano difícil para o Brasil, de crise, e nossos clientes acreditaram em boas ideias. Tínhamos um trabalho consistente para mandar. Ganhamos para um cliente como Havaianas, que está há muito tempo aqui, com uma campanha global que teve um reconhecimento global. Também ganhamos com Caminhões Volkswagen, que também está aqui há muito tempo e acredita em criatividade. Além de Mars, Pedigree, Getty Images e Kiss FM, que temos carinho muito grande”, justifica.

Na opinião de Sanches, a decisão do Publicis em ter um ano sabático de prêmios em 2018 é infeliz. “Sinto muito pelo grupo tomar essa decisão. Primeiro, por ser uma decisão financeira, cortando um dos maiores diferenciais do nosso mercado, que é a criatividade. Acho uma decisão infeliz pelas agências do Publicis, que têm aqui no Brasil grandes marcas, como Leo Burnett, F/Nazca S&S e Talent Marcel. Os profissionais vão trabalhar nas agências em busca de celebrar a criatividade, o seu trabalho. E, com isso, você está cortando um dos maiores diferenciais, que é o de o profissional sonhar com essa celebração. Isso desestimula um dos maiores combustíveis que eles têm para sonhar”, opina. “Acho que uma agência tem de ser criativa não só no trabalho que coloca nas ruas, mas também na gestão. Acho que têm outras formas de reduzir custos”, completa.

Sanches reforça que, para ele, o fato não se trata de uma crítica ao festival e elogiou a direção em criar um conselho para discutir o futuro. “Eu acho que o festival teve uma decisão ativa e muito saudável ao ver uma das holdings de comunicação dizer que não participará do prêmio em 2018 e criar um conselho com a participação de agências e clientes para ver se tudo o que está fazendo está certo”, avalia o sócio da Almap.