Alê Oliveira

A organização do Young Lions promoveu na noite desta quarta-feira (20), o evento “criatividade para o desenvolvimento de negócios e o bem comum”. O encontro reuniu Abel Reis, CEO Dentsu Aegis Network e CEO Isobar LATAM, e Vinicius Malinoski, head of creative da The Zoo, time criativo do Google especializado em estratégia, tecnologia e conteúdo, que trabalha em parceria com as agências e os clientes para tirar o máximo de potencial das ferramentas e plataformas da gigante americana de tecnologia.

Desde 2016 à frente da The Zoo, Malinoski foi Young em 2007 com um filme realizado para a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul, que parodiava o polêmico vídeo de sexo da modelo Daniela Cicarelli com seu marido em uma praia na Espanha. A ação atentava para a procriação do mosquito da dengue em ambiente com água e teve orçamento de apenas R$ 12 mil. O viral foi o quarto mais visto do mundo naquele ano. O primeiro foi um filme da Nike com o Ronaldinho Gaúcho.

“Ser Young foi decisivo na minha carreira, senti muito na época o destaque que o mercado deu, ainda mais que eu sou de fora do eixo principal. Isso chamou a atenção dos profissionais daqui e atribuo ao Young Lions o fato de eu ter vindo para São Paulo. Claro que ganhei porque tinha um trabalho bacana e consistente, mas a atenção para mim veio muito do prêmio”, comenta o criativo, que passou pela DM-9 e outras butiques digitais até chegar ao Google.

Em sua fala durante o evento, Malinoski afirmou que “precisamos de mais pessoas que não gostam de propaganda fazendo propaganda”. Ele reforçou que o Young Lions e Cannes são importantes na carreira, mas que fazem com que muitos profissionais, especialmente em criação, trabalhem para ganhar prêmios e agradar critérios de outros publicitários.

“Eu não consumo propaganda porque ela me incomoda, interrompe meu dia, está no caminho de uma coisa que, de fato, eu quero consumir. Às vezes a gente se esquece disso. Podemos não gostar de propaganda e exatamente por isso fazer para as outras pessoas algo ainda melhor. Eu brinco que a minha missão é fazer uma propaganda menos ruim e que sirva às pessoas. Se eu fizer isso já estou feliz”, comenta. 

A The Zoo já realizou ações com diversas marcas como Skol, Sprite, Budweiser (ver vídeo acima – em parceria com a Africa) e BandNews, além de um protótipo, ou seja, que não está atrelado a nenhuma marca. Trata-se de uma ferramenta que permite aos deficientes visuais comprarem roupas com o auxílio da assistente pessoal do Google.

Por meio de um óculos inteligente, a pessoa consegue ter a descrição das características das peças que está escolhendo nas araras, dando autonomia aos clientes já que, muitas vezes, segundo Malinoski, são submetidos aos gostos pessoais de parentes e amigos que escolhem suas roupas por eles.

Alê Oliveira

Para o criativo, essa solução pode se aplicar em diversos produtos e marcas, desde museus, passando por livrarias e até mesmo em mercados.

DAN e o desafio da publicidade

Já para Abel Reis, CEO Dentsu Aegis Network e CEO Isobar LATAM, o problema da publicidade, é que “ela ficou complicada demais para ficar nas mãos dos publicitários.” O executivo comentou sobre a visão que o grupo tem em relação à indústria e afirmou que a “criatividade, independentemente das mudanças que vem sofrendo ao redor do mundo, segue como um pilar central e talvez o DNA que ao final traduz a proposta que os grupos de mídia têm para os seus clientes”, disse.    

Alê Oliveira

 

“É evidente que estamos falando de um mundo em que a criatividade, que era uma atividade e entrega com fortes traços locais, se tornou global”, atentou. Reis ainda deu uma dica para aqueles que esperam ter um papel no futuro da criatividade. “Sigam, tem que correr, mas há espaço”, afirmou.

O CEO trouxe como exemplos algumas ações realizadas pelas agências do grupo, que atuam localmente visando boas ações globais. O primeiro foi o filme realizado para a Fiat, em que é possível conhecer os carros da marca virtualmente, por meio de câmeras atreladas à equipe digital da live store. A ação recebeu o primeiro Leão de  Cannes na categoria Innovation Lions da América Latina.

O trabalho para a Samsung intitulado Tech Girls também foi destaque no encontro. A série documental trata das dificuldades enfrentadas por mulheres no ambiente da tecnologia e como elas fazem para driblar o machismo.        

Já o trabalho Favela Grafia, desenvolvido para a Apple, conta a história do Morro da Providência no Rio de Janeiro pelo olhar de nove moradores, que utilizaram o iPhone 9 para fazer fotos da comunidade.

A ação repercutiu em todo o mundo e teve desdobramentos para exposição de arte, livro, site e rendeu uma parceria com a Reserva, marca de roupas.

O evento teve a moderação do publicitário Emmanuel Publio Dias, responsável pela organização do Young Lions em parceria com o Estadão e o PROPMARK. O projeto está na segunda fase. Para saber mais informações e detalhes, acesse o site do prêmio aqui.