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A O2 Filmes anunciou recentemente a contratação de Ian SBF, criador do Porta dos Fundos, para a área de filmes publicitários. A primeira peça assinada pelo diretor foi a promoção da série Sex Education, da Netflix, lançada em janeiro na internet e estrelada por Luciana Gimenez e Lucas Jagger.

Desde o fim do ano passado, a produtora e o diretor conversavam sobre a possibilidade de Ian integrar o casting da O2. “A gente já admira o trabalho dele há muitos anos, somos fãs mesmo e quando nos aproximamos, ele mostrou sintonia conosco”, comemora Rejane Bicca, diretora de atendimento da O2 Filmes, que forma um grupo de trabalho com o diretor e o produtor-executivo Rafael Fortes.

Já para Ian, a aproximação com a produtora é a realização de um antigo sonho. “Eu morria de vontade de trabalhar lá.

Desde que eu saí da faculdade de cinema, a O2 Filmes sempre foi uma referência e é o paraíso para quem quer trabalhar com isso”, aponta o diretor, que vai conciliar a agenda da produtora com o set do Porta dos Fundos e o seu canal do YouTube, Sociedade da Virtude.

Sem dar detalhes sobre para quais outras marcas estaria gravando, Ian celebrou a boa recepção do público e do mercado com sua primeira ação na O2. “O resultado foi muito animador, o público gostou. Já estou fazendo algumas coisas, não sei se posso falar, mas não é só para Netflix e estou muito feliz porque está rolando, está dando certo”, comenta. “Ele já caiu nas graças da AlmapBBDO e estão desenvolvendo um bom trabalho”, despista Rejane.

As criações do diretor devem contemplar não apenas a internet, mas todas as janelas e plataformas de veiculação de filmes publicitários.

Ian quer trazer para o segmento sua experiência em dirigir atores e não necessariamente apostar na comédia e no non sense, marca registrada de Anões em Chamas, Porta dos Fundos e demais trabalhos do diretor e roteirista. “Tenho ido em um caminho da não-comédia. Na publicidade a gente tem uma cabeça toda voltada para o visual, para ficar bonito e têm outras coisas que estou trabalhando para mostrar que sei fazer isso, mas meu DNA é trabalhar o ator e deixar isso muito engraçado”, diz.

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Apesar de o escopo de trabalho de Ian na O2 estar restrito ao segmento publicitário, o diretor e a produtora não descartam outros projetos futuramente. “Eu já tenho dois filmes, já fiz série e nesse momento eu quero entrar nesse mercado, agarrar a publicidade, entender isso e trabalhar bem isso, de resto, tudo tem possibilidade no futuro”, defende Ian.

“Temos um histórico de longevidade na produtora e nosso cuidado ao trazer um novo nome é planejado e estudado, assim, tendo demanda para o perfil dele em outros projetos será escalado”, vaticina Rejane.

Outros projetos
Há pouco mais de um ano, Ian lançou, em parceria com o ilustrador Thobias Daneluz, o canal Sociedade da Virtude. Os vídeos fazem piadas com situações clichês do universo dos super-heróis e são narrados por aclamados atores e dubladores do universo geek.

Com distribuição em português, inglês e espanhol, a dupla investiu, até agora, apenas na venda de produtos – canecas, quadrinhos e pôsteres – para engajamento com o público, mas em 2019 pretende trabalhar com anúncios e parcerias comerciais.

“Este ano vamos entender como ganhar dinheiro com o canal, começar a falar com as marcas. O canal americano vai superbem e as pessoas lá gostam muito, mas como estamos aqui acho complicado conversar com as marcas lá fora, vai ser uma coisa primeiro no Brasil”, diz.

O canal em português tem mais de 450 mil inscritos, já a versão em inglês de Sociedade da Virtude acumula próximo dos 215 mil seguidores frente aos pouco mais de 3 mil fãs da versão em língua espanhola. Números ainda tímidos diante da grandiosidade do Porta dos Fundos, com seus mais de 15 milhões de inscritos.

Assim como Ian não vai deixar de dirigir as esquetes do humorístico para se dedicar à O2, o elenco do Porta também se divide entre outros projetos e essa não-exclusividade já é uma marca do grupo.

“Entendemos que é bom para a empresa e para quem está lá dentro fazer outras coisas. A gente acaba agregando e traz novidades. Ninguém tem interesse em travar ninguém, quanto mais a gente puder estar fora é ótimo. Um dos grandes chamarizes do Porta é que somos muito offline, não só online. Acaba que vemos isso com bons olhos, a gente pode se espalhar”, defende.

Atualmente, é possível topar com os sócios e o elenco do Porta no GNT, no Comedy Central, na Rede Globo, no MyNews, no teatro, em filmes e em diversas outras plataformas e projetos.

Essa visibilidade da equipe em diferentes frentes e o estabelecimento do grupo como um dos maiores canais de comédia do Brasil, os deixaram mais abertos às ideias e sugestões dos parceiros comerciais em seu conteúdo. “Nosso objetivo já há algum tempo é poder brincar junto com a marca. No começo, a gente ficou muito na defensiva e era muito importante que fôssemos autorais, mas fomos sentindo que estamos em outra fase. Isso sempre agrega, a gente não quer ser só o Porta, queremos ser o Porta junto com uma galera”, diz.

Desde 2017, o canal pertence ao Grupo Viacom e este ano eles prometem criar novos produtos e formatos. “Estamos saindo disso de só ter o canal do YouTube para comunicar e trazer marcas, estamos fazendo muito branded content agora para todas as plataformas, como o Instagram, e vamos começar a fazer Facebook. Estamos ampliando onde a gente pode brincar com as empresas e as marcas e o que podemos fazer juntos”, conta Ian.

Nesse sentido, a gigante americana tem sido uma grande aliada, já que estão com uma estrutura maior e a empresa tem ajudado a transformar esse desejo do Porta dos Fundos em algo concreto.

“A Viacom é uma empresa gigante no mundo todo, é claro que já tínhamos força porque o Porta é uma marca grande de comédia no Brasil, mas quando você soma, só ganha e acho que fez e faz muita diferença“, comenta o diretor.

Assim como o elenco pode experimentar outras plataformas, o próprio grupo não tem exclusividade com a Viacom, o que permite que o Porta trabalhe com outros canais e empresas. “Estamos fazendo projetos não só para o Comedy Central [canal pago de humor pertencente ao grupo Viacom] ou para a própria Viacom, tem muita coisa acontecendo. Quem sabe a gente não faz alguma coisa para a Fox num futuro próximo? Não sei!”, finaliza o diretor.