De olho em fomentar o debate sobre o viés racial presente na cultura e nas tecnologias da indústria audiovisual, a AKQA lançou o movimento RGBlack – Reframing the Greatness of Black.

A iniciativa tem a parceria da Pródigo Filmes e da diretora Juh Almeira. A ideia é promover uma transformação na forma como a pele negra é retratada e enfatizar a importância de formas de representação mais inclusivas.

O projeto começou a ser criado há dois anos, durante uma análise interna da área de Impacto da AKQA, que percebeu que alguns dos trabalhos do estúdio não retratavam fielmente a beleza da pele negra. Para corrigir esses erros em projetos futuros, houve pesquisas de técnicas de calibração de cores, iluminação, diferenças entre tons de pele, maquiagem e cabelo.

Além disso, a equipe examinou o uso de IA no processamento de imagens e descobriu que, para atender às necessidades do mercado-alvo dominante na década de 1940, o padrão implícito nas configurações originais dos produtos fotográficos privilegiava a pele branca.

“O movimento RGBlack nasceu para romper essas regras e trazer novas perspectivas para quem está atrás das câmeras retratar toda a grandeza da beleza negra por meio da criação de novos cards de calibração projetados para diversos tipos de pele. Eles estão na plataforma rgblack.org, junto com informações sobre princípios de iluminação, beleza e colorimetria”, diz Gabriel França, diretor de criação associado da AKQA.

Ao longo do século 1920, a pele branca foi usada como referência de tecnologia aplicada a filmes coloridos. Para calibrar as cores de uma imagem, os laboratórios fotográficos usavam os chamados “Shirley cards”: uma foto de uma mulher branca com as referências de cores, exposição à luz e densidade. Com esse método de calibração, fotógrafos e designers realizavam o balanceamento das máquinas de impressão fotográfica em um padrão considerado “normal”.

As Shirleys eram invariavelmente brancas, e essa padronagem de calibração dificultava que os tons de pele negra fossem retratados com a mesma fidelidade. O método resultou em imagens da pele escura com aparências desfocadas, chapadas e sombreadas nas revelações fotográficas.

As primeiras mudanças para ampliar a gama de tons marrons das emulsões químicas dos filmes ocorreram na década de 1960, principalmente pela pressão de fabricantes de móveis e chocolates. Eles reclamavam que seus anúncios publicitários impressos não refletiam a diversidade de tons que diferenciavam seus produtos. 

A partir de 1990, com o surgimento de câmeras capazes de processar tons de pele claros e escuros ao mesmo tempo, foram lançados cartões Shirley multirraciais, embora todas as modelos ainda tivessem a tez clara.

Ficha técnica: 

Produção: Pródigo Filmes
Direção de cena: Juh Almeida
Produção-executiva: Francesco Civita, Julia Ruiz, Chico Pedreira, Ana Chrysostomo e Rebeca Broncher
Produção-executiva de pós-produção: Ana Mendes 
Assistência de produção-executiva: Amália Agatha 
Estagiário de produção-executiva: Pedro Carvalho
Coordenação de produção: Nathalie Gautier, Luiza Campanelli, Bruna Fernandes e Samantha Assis 
Equipe de coordenação: Fabiana Baptista, Beatriz Soares, Lucas Pereira, Lucas Fayad e Everson Martins 
Assistência de direção: Prix Clementino
Direção de produção: Mônica Viesi 
Direção de fotografia: Lícia Arosteguy 
Direção de arte: Edi
Coordenação de pós-produção: Tutu Mesquita e Priscilla Paduano
Assistência de pós-produção: Leticia Harumi
Montagem: Natália Farias
Pós-produção e finalização: Pródigo Filmes
Finalização: Lucas Carvalho e Álvaro Bautista
Correção de cor: Natália Farias