Estamos terminando um ano que não vai deixar saudades. Indicadores econômicos negativos, ambiente político conturbado e 14 milhões de desempregados desabilitam qualquer tipo de comemoração. Porém, 2017 está chegando e, se não mudarmos nossa atitude, correremos o risco de fazer um ano ainda pior. E, acredito que não temos este direito. O Brasil é maior que isto. Campeão mundial em diversos e variados setores, como o de produção de proteína animal, de soja, laranja, papel e celulose, extração mineral e geração de energia limpa. O melhor sistema de apuração eleitoral do planeta (e aí? acabaram de contar os votos nos EUA?), um sistema bancário invejável. Um povo alegre e trabalhador. O que falta então? Confiança!

Não no governo, pois, de uma forma ou de outra, já aprendemos a andar sem ele. Mas a confiança de que temos um mercado de milhões de consumidores, que, embora assustados, não pararam de comer, de ir ao cinema, ver televisão, ir ao teatro (só em São Paulo estamos com 120 peças em exibição! Bem mais que em New York), navegar na web e viajar nos fins de semana.

E tenho a impressão que nosso mercado de comunicação se perdeu um pouco neste ano. Nas encruzilhadas do on com offline, das escolhas de plataformas, da gestão de custos. Saímos de uma estrada que deveria ser uma highway para acessarmos estradas vicinais. E o que precisamos é fortalecer nossos carros, colocar o melhor combustível e acelerar na highway.

Na nossa área de produção, não me parece ter sentido um cliente fazer um briefing para duas agências, que por sua vez irão contratar e brifar suas produtoras e fotógrafos para passar os mesmos objetivos e valores das marcas. No tempo em que, mais do que nunca, “time is money”, este esforço gigantesco fez o processo de produção da mensagem durar muito mais do que deveria, por um custo muito mais alto. Dentro do raciocínio que toda crise gera uma oportunidade e a minha convicção é de que precisamos de uma mudança de atitude, reinventamos a Cine, que em fevereiro próximo completará 24 anos.

Formamos um grupo de jovens talentos, egressos da New York Film Academy e do Instituto Criar, que, sob a direção do Clovis Mello, do Ivan Abujamra e da Cris Vida, tem realizado trabalhos espetaculares em digital. Utilizando-nos de todo o conhecimento de marca e do DNA dos clientes que atendemos há anos, estamos produzindo off e online de forma integrada, otimizando custos e concentrando informações, uma vez que as equipes trabalham em conjunto e de forma colaborativa, sem que um tenha prioridade sobre a outra e, se preciso for, produzimos também as fotos still, sob a batuta do Abujamra, que, por sua vez, é cria de ninguém menos que Mario Testino.

É a nossa forma de colaborar com este novo momento do mercado. Passamos um ano bem desconfortável, mas chegamos ao fim, com a certeza que fizemos a nossa parte. Vamos unir nosso mercado e voltar à autoestrada, acelerando. E não esquecendo que os consumidores não vão para Miami no verão! Estarão todos em seus lares, buscando uma forma de lazer, com seus filhos em férias. Ou seja, consumindo. Deixemos o recesso para Brasília. Vamos entrar em 2 de janeiro com nova atitude e disposição. Vai dar certo! Feliz Natal!

Raul Doria é sócio da Cine (rauldoria@cine.com.br)