Alê Oliveira

A Vetor Filmes comemora, neste mês, um ano de operações. A produtora, criada por Alberto Lopes, Sergio Salles e Paula Moraes, surgiu para complementar a experiência de mais de 20 anos de atuação no mercado publicitário do estúdio de animação e cinema Vetor Zero/Lobo. Os sócios, que já somam mais de dois mil filmes produzidos, decidiram abraçar também projetos de publicidade com abordagem mais artesanal sem a necessidade obrigatória de pós-produção e efeitos especiais e decidiram criar a Vetor Filmes.

Durante este primeiro ano, foram 25 filmes, sob a produção executiva de Francisco Puech, que, por meio de uma curadoria, formou um elenco de diretores para a produção dos filmes com estilos e formatos diversos. O balanço desses 12 meses de operação é positivo. De acordo com Paula Moraes, mesmo o ano sendo especialmente instável para o mercado publicitário, a Vetor Filmes conseguiu atingir o objetivo.
“O balanço é de que num ano muito difícil conseguimos trabalhar e nos colocar num mercado muito competitivo e já bem atendido de boas produtoras”, conta.

Uma das novidades da produtora foi a contratação de cinco diretores de cena com foco em atender às demandas dos clientes nas áreas de comerciais, projetos para publicidade e “docverstising” para as marcas, além do núcleo de criação de audiovisual para séries de TV e cinema.

O time de diretores é composto pelo diretor de cena Andre Ferezini, que já dirigiu filmes para vários clientes e foi responsável pelos documentários “Angeli”, produzido para a exposição Ocupação Angeli do Itaú Cultural em 2012, “Grassroots”, projeto internacional rodado no Camboja, e “Heliópolis – Bairro Educador”, média-metragem encomendado pela TV Cultura.

Recentemente lançou um documentário sobre o tatuador Jun Matsui na Inglaterra e no Brasil. Coi Beluzzo, que já está na Vetor há 5 anos continua atuando na produtora. Seus skills de documentarista e montador o levam a dirigir com muita delicadeza filmes documentais de branded content para marcas, com destaque para os clientes Tam e Tim, produzidos no primeiro semestre de 2015.

Os cinco novos nomes que passam a fazer parte da estrutura da Vetor Filmes são Cris Trindade, Fabio Hacker, Fabio Matiazzi, Luiza Campos e o inglês Dan Gifford. Cristiano Trindade começou a carreira no audiovisual trabalhando com ilustração, design, direção de arte e motion. Em paralelo aos projetos autorais, desenvolveu projetos comercialmente com broadcasting, desenvolvendo IDs e abertura para televisão.

Já Fabio Hacker começou a trabalhar com audiovisual no fim da década de 1990, no auge da era dos videoclipes, passando por todas as áreas da produção de filmes, que o levaram para o cinema publicitário e para as grandes produtoras de São Paulo. Luiza Campos é formada em publicidade e marketing pela ESPM. Desde a faculdade trabalhou como assistente de direção no mercado publicitário. Seus primeiros projetos de direção foram de conteúdo, em alguns projetos para TV, como “Mesa pra Dois” (comandado por Alex Atala e Flavia Quaresma, no GNT) e “Destino Lua de Mel” (Discovery), entre outros.

Um grande diferencial na Vetor Filmes é a chegada do diretor de criação Fábio Matiazzi, que começou a carreira em pós-produção e finalização de vídeos, desenvolvendo projetos importantes para TV. Trabalhou por cinco anos como diretor de arte na agência Euro RSCG 4D Brasil, responsável pela criação de websites e campanhas digitais para clientes como Intel, Nokia, TIM, Votorantim, Itaú e Peugeot.

Alberto Lopes, um dos sócios da agência, classificou a chegada do Matiazzi como estratégica. “Ele veio para trabalhar junto com os diretores de cena, desde o tratamento até a finalização, para que cada trabalho possa entregar o melhor resultado, além, claro, de melhorar o formato de trabalho entre agência e produtora, por ter vivenciado a dinâmica da criação e relações internas das agências de publicidade”, afirma.

Mercado
Sobre o atual momento da economia brasileira, Alberto Lopes disse que tempos de crise precisa de mais atenção. “Tempo de crise é tempo de se fazer presente, pertinente e necessário”, afirma. Ele, no entanto, preferiu não arriscar previsões sobre o crescimento da produtora. “É difícil fazer uma previsão. Estamos vivendo tempos difíceis porque, além da crise, existe o medo dela”, revela. “É preciso saber ser criativo”, complementa.

André Castilho, CEO e roteirista da La Casa de la Madre, afirma que houve uma retração tanto no volume de filmes produzidos pelas marcas quanto no budget dos mesmos. “As produtoras, pressionadas pelo sistema de leilão imposto pelas agências, estapeiam-se para reduzir os custos dos filmes, aceitam prazos de pagamentos absurdos, que podem chegar a até 120 dias, e ainda são obrigadas a pagar de maneira irredutível o BV imposto”, afirma.

Krysse Mello, sócia da Barry Company, lembra que a produtora “nasceu no meio da tempestade”. “Temos apenas quatro meses no mercado, mas nós acreditamos que, com inteligência, talento e cautela, conseguiremos ir adiante sem sentir tanto os efeitos da crise econômica”, afirma. Para isso, disse, as produtoras deverão ser capazes de oferecer algo inovador. “Certamente, isso passa pelo time de diretores, que deve ser cada vez mais plural, com profissionais de perfis distintos, mas complementares”, destaca.

Edu Tibiriçá, CEO da BossaNovaFilms, disse que o cenário atual causa uma tensão generalizada. “Assim como todos os setores, o mercado de comunicação também vem sentindo os efeitos da crise econômica e política no Brasil. Mas, essa pressão para sobreviver à crise também nos provoca a reinventar e criar novas possibilidades. Isso acaba sendo um elemento positivo para todos, incluindo produtoras”, revela.