Propaganda eleitoral de maior duração não garante 100% de vantagem
Os eleitores com mais de 30 anos certamente se recordam do discurso sempre inflamado do dr. Eneas Carneiro (Prona) em suas campanhas à Presidência da República (e mais tarde também à Câmara dos Deputados). O candidato não dispunha de muito tempo na TV e rádio, mas sua personalidade forte, combinada a um roteiro bem amarrado, com uma despedida que sempre martelava seu nome e o número de seu partido (56) tornaram sua comunicação em um case de marketing político.
Nesta sexta-feira (31) começa oficialmente a propaganda eleitoral gratuita na TV e no rádio, período marcado por inúmeras incertezas e expectativas em relação a forma como os candidatos vão utilizar seu tempo. Os presidenciáveis começam apenas no sábado suas campanhas, de acordo com a legislação da Justiça Eleitoral, mas candidatos ao Senado, governo estadual e à Câmara já começaram oficialmente sua comunicação.
Nesta eleição, apesar de as redes sociais estarem sendo permitidas pela primeira vez na história, há grandes expectativas quanto ao impacto e influência do tempo de cada candidato nas mídias. Ter um espaço maior de exposição, como é o caso de Geraldo Alckmin (PSDB) com 5 minutos e 32 segundos, Lula (PT) com 2 minutos e 23 segundos e Henrique Meirelles (MDB) com 1 minuto e 55 segundos é uma vantagem competitiva?
Para o professor Peter de Abreu, consultor de marketing político e diretor da Associação Brasileira de Consultores Políticos, não necessariamente. Uma boa estratégia e roteiro adequado são bons indicadores de sucesso e isso independe do tempo disponível no ar. “Na pré-campanha você faz a comunicação apresentando o candidato. Durante a campanha você faz a venda dele. E se essa pessoa tiver muito tempo e não souber o que fazer com ele, vai correr o risco de cansar o eleitorado”.
Esse pode ser um conselho positivo para pelo menos oito candidatos que contam com menos de 30 segundos para passar suas mensagens aos eleitores. São eles Marina Silva (Rede, PV); Guilherme Boulos (PSOL, PCB); Cabo Daciolo (Patriota); Eymael (DC); Jair Bolsonaro (PSL); João Amoêdo (novo); João Goulart Filho (PPL) e Vera Lúcia (PSTU).
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Segundo o especialista, apesar de a legislação permitir a flexibilização desse tempo, ou seja, os candidatos podem concentrar em um mesmo período os segundos que têm direito para veicular num mesmo momento, a decisão pode não ser a mais acertada. “Boa publicidade não exige mais de 30 segundos para impactar as pessoas. O que deve ser observado é como o partido vai fazer para não cansar o eleitorado. Quanto mais exposição melhor, mas saber usar esse tempo é fundamental”.
A propaganda eleitoral gratuita no rádio e TV começa nesta sexta-feira (31) e vai até 4 de outubro. O tempo total destinado à veiculação dos programas dos presidenciáveis será de 25 minutos, divididos em dois blocos de 12min30s.
As inserções de propaganda eleitoral serão exibidas às terças, quintas-feiras e aos sábados. No rádio, das 7h às 7h12min30s, e das 12h às 12h12min30s. Na televisão, das 13h às 13h12min30s, e das 20h30min às 20h42min30s.
Já os candidatos a governador de estado ou do Distrito Federal, ao Senado Federal e a deputado estadual ou distrital anunciarão suas propostas no horário eleitoral gratuito às segundas, quartas e sextas-feiras.