Em meio as tensões e recentes trocas de ameaças e ataques com vítimas entre Estados Unidos e Irã, o Super Bowl, maior evento televisivo dos Estados Unidos, promete ser palco de debates políticos, críticas ao atual governo e discursos inflamados de patriotismo. Não à toa, os dois principais candidatos à presidência norte-americana acabam de anunciar que vão veicular comerciais de 60 segundos durante a final da Liga Nacional de Futebol Americano.

Marcada para o próximo dia 2 de fevereiro, em Miami, na Flórida, a partida é estratégica do ponto de vista do calendário político, uma vez que marca o início da corrida eleitoral para a Casa Branca. Enquanto o presidente republicano Donald Trump trabalha em busca de sua reeleição em novembro deste ano, seu principal oponente, Michael Bloomberg, ex-prefeito de Nova York, busca votos para ser eleito pelo partido Democrata para enfrentar Trump.

Com expectativas de audiência de até 100 milhões de pessoas apenas nos Estados Unidos – em 2019 foram 98,2 milhões no canal CBS), a transmissão do Super Bowl na Fox em 2020 se tornou estratégica para ambas campanhas, que desembolsarão US$ 5 milhões para cada comercial de 30 segundos. Ambas campanhas presidenciais compraram 60 segundos.

Segundo informações do The New York Times, um integrante da campanha de Bloomberg revelou que o “principal ponto” do filme veiculado no Super Bowl “será se inserir sob a pele de Trump”, sugerindo um ataque direto ao atual presidente, estratégia que vem sendo feita desde o anúncio de sua campanha, em novembro passado. Bloomberg, um dos homens mais ricos do mundo, já investiu em sua campanha quase US$ 200 milhões de seu próprio bolso em propagandas em TV e digital prioritariamente, de acordo com a empresa Advertising Analitics.

O comitê de Trump, por sua vez, usou o Twitter para dar alguns detalhes sobre o teor de sua campanha, que poderá ser composta por dois filmes de 30 segundos, ou um filme único de 60 segundos. “O comercial no Super Bowl é um indicador de que a campanha de Donald Trump está crescendo à medida que 2020 já começou”, publicou Tim Murtaugh, diretor de comunicação da campanha de Trump. “Também temos grandes planos para investir em eleitores que estão fora de alcance, como mulheres, negros, latinos e religiosos”, completou.

Política e legislação

Vale lembrar que assuntos de interesse público e de cunho político, como a situação de refugiados, liberdade religiosa, aborto, entre outros, costumam ser abordados com cautela em comerciais do Super Bowl. Mas temas polêmicos tendem a ser evitados por grandes marcas devido aos riscos de rejeição. Já temas ligados a propósito, respeito e diversidade seguem em alta. No caso de anúncio direto de políticos e candidatos a cargos públicos, os Estados Unidos detêm legislação pouco rigorosa no quesito financiamento voltado para a publicidade.

Cabe a agência reguladora Federal Communications Comission a observação de conduta dos candidatos. Em 2002, os Estados Unidos passaram por uma grande reforma no conjunto de suas leis eleitorais, estabelecendo limites de gastos e investimentos em campanhas. Ficou definido, por exemplo, a proibição de propagandas de candidatos dentro de 30 dias após uma eleição primária ou dentro de 60 dias após uma eleição geral. Ficam também proibidos anúncios pagos por corporações (fundos do partido ou fundos pessoais estão liberados).