Ainda trabalhando em grande parte em home office, a atividade publicitária em nosso país perdeu incontável espaço em comparação com outras semelhantes, ou mesmo distantes do perfil da primeira. Embora já tenhamos começado a viver um outro momento da pandemia no Brasil.

E não dizemos isso com base nos números de vítimas do vírus que diariamente a mídia divulga, com destaque para a tevê, que tem feito desse terrível problema sanitário uma moeda de duas faces, procurando de um lado prosseguir no esclarecimento da população sobre os cuidados minimamente necessários para se evitar ou diminuir o risco de contágio, e por outro lado estimulando um campeão de audiência, com consequências muitas delas terríveis para o estado emocional dos telespectadores.

Um dos resultados dessa política de programação atual das emissoras tem sido a retração dos anunciantes, que mesmo agora, com a abertura já processada, prosseguem resguardando-se, evitando aparecer no vídeo na mesma proporção de antes não só do vírus, mas da sua dívida de gratidão com essa mídia responsável pelo grande sucesso de centenas de marcas que não alcançariam a glória alcançada não fosse a tevê.

Uma das consequências desse estado de coisas é a diminuição do volume de trabalho das agências, a maioria ainda operando em home office, sem previsão de retorno às suas sedes.

Estamos vendo neste momento uma série razoável de prestadores de serviços voltando aos seus lugares de origem, sem dúvida com todo o cuidado necessário para se manter o distanciamento mínimo das pessoas entre si, conforme recomendam os profissionais da saúde, diante desse grave problema que nos aflige de forma nunca antes assinalada pela História.

As comparações que são feitas, como a gripe espanhola há um século, não possibilitam a menor conclusão sobre isso mesmo levando-se em consideração os parcos recursos da medicina da época.

O coronavírus, que está matando ou colocando em grave risco de vida boa parte da população mundial, não tem precedentes em termos de perdas de vidas humanas, nem mesmo com a história das guerras registrada pelos compêndios especializados no tema. E não se sabe ao certo, ainda, finda a pandemia, qual será o seu saldo final de abatidos.

Com isso, estamos defendendo o home office, o fechamento temporário de empresas (até quando não se sabe), a transferência do calendário escolar para o ano que vem, diante da possibilidade de grandes laboratórios produzirem vacinas certeiras que nos imunizarão a todos, como hoje ocorre com as vacinas que se tornaram comuns, porque cumprem com a sua salutar finalidade.

Voltando à publicidade, tem sido um erro dos anunciantes afastarem-se em boa parte do mercado, acumulado com o erro das agências de se exilarem e o erro dos meios de não batalharem para que esse estado de coisas deixe de permanecer, ou ao menos diminua. Não estão errados em dar grande cobertura à pandemia e seus estragos, mas não deveriam se descuidar de se proteger estimulando o uso da publicidade até como recurso ao momento de perplexidade que prosseguimos vivendo.


Em meio à turbulência que a pandemia nos proporciona, cuja venda de calmantes e até mesmo de fortes psicotrópicos aumentou consideravelmente de março deste ano para cá, temos algumas vozes sensatas no Congresso Nacional preocupando-se com outros temas também relevantes, que prosseguirão atrapalhando principalmente o mercado da comunicação em nosso país se nossas atenções ficarem ligadas quase que em sua totalidade à pandemia, que a ninguém cabe negar os seus efeitos catastróficos sobre a humanidade.

Voltando ao Brasil, temos um desconhecido senador (pelo menos no sul maravilha) baiano, Ângelo Coronel, apresentando projeto de lei que obriga plataformas de internet a remunerar profissionais e veículos produtores de notícia pelo uso do conteúdo jornalístico.

Diz o senador, com propriedade, “que se trata de uma correção na legislação sobre direitos autorais. É para fazer justiça com profissionais e veículos produtores de notícias que fazem jornalismo sério e não são remunerados pelos aplicadores (plataforma) de internet”.

Em sua defesa, o presidente da ANJ, Marcelo Rech, afirmou que “todas as iniciativas que visam valorizar e reconhecer o jornalismo profissional são meritórias”. E nada mais disse.


Imperdível, como sempre aliás, a matéria de capa desta edição do PROPMARK ao retratar a comunicação do interior do estado de São Paulo, trabalho sob a responsabilidade dos jornalistas Jéssica Oliveira e Leonardo Araujo. Só para que o leitor tenha uma ideia da pujança da região, o interior paulista alcançou 1,38 milhão de inserções publicitárias no 1º semestre deste ano.

Entre janeiro e dezembro de 2019, o interior de São Paulo gerou 4,31 milhões de inserções publicitárias nos meios Cinema, Jornal, Out Of Home, Revista e TV Aberta, sendo 44% no primeiro semestre e 56% no segundo. Esse montante representou 24% do volume total no estado, conforme dados da Kantar Ibope Media. Já no primeiro semestre de 2020, afetada pela crise provocada pela pandemia, a região foi responsável por 1,38 milhão de inserções nos mesmos meios, uma queda de 22% em comparação com o mesmo período no ano anterior, mas ainda mantendo o share aproximado no total do estado (25%).

Repleta de informações inovadoras, com depoimentos dos principais
executivos das agências DPZ&T (Eduardo Simon) e dentsumcgarrybowen (Mario D’Andrea, também presidente da Abap), entre outros, matéria se contrapõe ao que descrevemos no início deste Editorial, revelando técnicas de inovação que se esparramam por todo o nosso mapa brasileiro da comunicação.


Merecem destaque ainda nesta edição:

Globo destaca empreendedorismo e inovação no projeto Menos30 Fest. Em sua 8ª edição, evento será virtual e gratuito.

Matéria sobre a nova plataforma de vendas de produtos e artigos do SBT Vempracá.com.

Matéria sobre o lançamento do site do Grupo Doria, com depoimento de Celia Pompeia.