Publicitários brasileiros avaliam impacto da vitória de Trump
A pedido do PROPMARK, líderes do mercado publicitário brasileiro avaliam um possível impacto da vitória de Donald Trump, como presidente dos Estados Unidos, sobre a publicidade global e local. A reação inicial é de que viveremos nos próximos meses momentos de indefinição e um ambiente de espera para ver como serão as primeiras decisões do governo do republicano. Há também quem acredite que a eleição de Trump não afetará absolutamente nada e que o cenário é de pura especulação. Washington Olivetto, chairman da WMcCann, observou ainda que a televisão foi novamente fundamental nessas eleições pelo fato de Trump “ser um animal televisivo”.
Confira os depoimentos:
Washington Olivetto
“Muito cedo para julgar, até porque uma coisa são as coisas que o Trump disse na campanha, e outra são as coisas que ele vai querer e poder fazer como presidente. Em princípio, não acredito em grandes mudanças no cenário da publicidade global. Já as dificuldades que o Brasil tem enfrentado são dificuldades geradas pelo próprio Brasil. Convém lembrar um dado que pode alterar isso: as empresas multinacionais agem de acordo com suas matrizes. Quando as matrizes ficam assustadas, as filiais ficam assustadas” – Washington Olivetto, chairman da WMcCann.
Marcelo Passos
“Se ele (Trump) fizer o que está prometendo, que é aumentar o número de empregos e fazer o protecionismo da indústria americana, a consequência disso será que o americano terá mais renda e com mais renda o consumo interno irá aumentar. Crescendo o consumo interno, as empresas irão vender mais e vendendo mais a publicidade do Estados Unidos tende a aumentar. O que acontece inversamente no resto do mundo, principalmente para os países que exportam para os EUA. Se por um lado afeta o mundo, acelera a publicidade nos EUA. Outro fator é a questão da confiança, o mercado brasileiro que está ameaçando retomar, talvez retarde um pouco até o mundo entender os impactos da eleição do Trump. Esse senso de confiança mundial, e que acontece obviamente no Brasil onde tem muitas multinacionais, também deve criar um ambiente de espera para ver como serão as primeiras decisões. Mas é uma questão de confiança e percepção do que de fato. Até porque, o mercado brasileiro vem retomando a confiança, vem melhorando os índices e esperamos que em 2017, principalmente no segundo semestre, tudo comece a crescer de novo” – Marcelo Passos, VP de Atendimento da DM9DDB.
Marcelo Tripoli
“Neste momento só há especulação. Sabemos que a publicidade está conectada ao cenário econômico e que o mercado econômico estava mais otimista com uma possível vitória da Hillary. Com o Donald Trump ganhando, pode sim afetar o investimento publicitário num primeiro momento, enquanto as coisas ainda estiverem indefinidas. Essa indefinição pode durar meses. Empresas globais que importam produtos do exterior para o mercado americano, por exemplo, podem ser impactadas por uma possível atuação da política do Trump e, principalmente nesse período de indefinição, reduzirem os investimentos também em publicidade. Porém isso ainda está no campo da especulação. E num mercado globalizado como o atual, o Brasil pode ser afetado como todas as principais economias do mundo. Porém, vale ressaltar que, no caso do Brasil, nós temos problemas internos econômico e político que afetam muito mais a publicidade brasileira do que a vitória do Trump. Nossa agenda interna atual ainda é mais forte do que isso” – Marcelo Tripoli, sócio e CCO da REF+T.
Marcia Esteves
“O mundo acordou perplexo com o resultado das eleições nos Estados Unidos. Mas, como sou otimista, vale lembrar que em uma democracia, o presidente não governa sozinho, portanto há esperanças de que o discurso de campanha do Trump não se concretize em fatos absolutos. Partindo dessa premissa, acredito que, pelo menos até o final de 2017, não vamos ter mudanças muito significativas, além dos desafios já impostos por uma das piores crises econômicas que já enfrentamos no Brasil nas últimas décadas. Mas em um mundo cada vez mais globalizado, somos afetados com tudo o que acontece lá fora, de forma negativa ou positiva. E, em se tratando dos EUA, esse efeito se potencializa de forma drástica. Portanto, vamos ter que esperar os primeiros seis meses, pelo menos, do novo governo americano para projeções futuras mais assertivas” – Marcia Esteves, COO da Grey Brasil.
Fernando Figueiredo
“Acho que (a vitória de Trump) não afetará absolutamente nada. Acredito que todos estavam apostando na Hilary porque era a que mais se parecia com Obama (ou que menos destoava). Teremos mais saudade do show man do Obama, do que da política da Hilary. O Trump não é bobo. É empresário. Polêmico, convenhamos, mas sabe o que é bom para uma nação. Vai focar muito na economia. E, embora eu não seja um potencial eleitor dele, acho que depois do susto teremos surpresas. Eu acho que o mundo está mudando. Acredito que o mundo está cansado de políticas enlatadas. E isso vai representar mudanças no modelo. Acredito muito que o modelo publicitário sofrerá muito mais pela mudança do próprio modelo em si, do que pela mudança da política” – Fernando Figueiredo, sócio e CEO da Bullet.
Riza Soares
“A vitória de Trump terá um impacto na economia global e, consequentemente, isso impactará os investimentos publicitários. Ainda é muito cedo para saber se o discurso de campanha do Trump de fato será o do seu governo, porém, enquanto essa hipótese não for confirmada, o mercado se retrairá. Viveremos momentos de incerteza nos próximos meses. Normalmente, nesses períodos, os anunciantes tendem a ser mais cautelosos. Trump não governará sozinho, porém ele tem o apoio de uma boa parcela da população americana, quem o elegeu. Além disso, os republicanos têm maioria no Congresso, ou seja, o perigo de um retrocesso baseado no fechamento do mercado americano impactará a economia global” – Riza Soares, diretora geral da smartclip no Brasil.
Roberto Grosman
“O impacto principal será na economia real – comércio, indústria, investimentos – a publicidade é impactada na sequência. Porém, para dimensionar ou até prever esse impacto, é importante entender o que ele realmente decidirá fazer e o que será aprovado pelo Congresso. Apesar de todas as propostas e declarações polêmicas, que são importantes numa campanha, a realidade tende a ser mais branda. O Brasil está numa crise bruta que é causada por erros de uma política econômica interna. Portanto, continuo acreditando que o país sairá da recessão em 2017 e terá alguns anos de crescimento. Obviamente que uma situação externa favorável pode ajudar bastante, basta ver o crescimento durante o ciclo de alta das commodities. Então, acho que o impacto será na velocidade do crescimento e menos na direção dele” – Roberto Grosman, sócio e co-CEO da F.biz.
Christina Carvalho Pinto
“Se, como a física nos demonstra, até o movimento das asas de uma borboleta repercute no macro, a eleição de um presidente dos EUA repercute sempre, muito. Neste caso, pode implicar em consequências no sistema financeiro global que influenciarão todos os setores. E o setor de comunicações não terá por que ficar isento disso. A economia global é um todo. A posição isolacionista de uma economia com a dimensão da economia americana pode ter consequências nos investimentos de múltiplos setores” – Christina Carvalho Pinto – presidente do Grupo Full Jazz.
Ezra Geld
“A democracia dos Estados Unidos é suficientemente forte e madura para fazer as suas escolhas nas urnas. Uma eleição presidencial é reflexo do desejo de uma população e deve ser respeitada, como todos os demais processos constitucionais de qualquer democracia. Quanto ao impacto dessa eleição, seja para o Brasil seja para a economia mundial, ainda é muito cedo para qualquer avaliação mais profunda, uma vez que as propostas dele não ficaram muito claras durante todo o processo eleitoral” – Ezra Geld, CEO da J. Walter Thompson Brasil.
Mentor Muniz Neto
“É indiscutível que uma nova ordem econômica e política nos EUA tem impacto global, em todas as indústrias. No entanto, é muito cedo para dizer o que vai acontecer. Entre o candidato Trump e o presidente Trump, ainda não sabemos quais são as principais diferenças. É difícil ser otimista, mas vamos tentar: se Trump realmente pretende reaquecer os empregos e a indústria local americana com seu supernacionalismo não há porque acreditar que a indústria da propaganda será afetada negativamente. Mas acho que só vamos entender o real impacto desse resultado daqui alguns meses” – Mentor Muniz Neto, sócio e CCO da Bullet.
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