Qual é a influência do público evangélico no consumo
Levantamento da Artplan mapeia hábitos, discursos e expressões culturais dos evangélicos, com destaque para o protagonismo da geração Z
A Artplan apresentou um estudo sobre o impacto do crescimento evangélico na cultura e no consumo no Brasil. Intitulado 'Cultura, Consumo e Transformação: O Impacto do Crescimento Evangélico no Brasil', o levantamento foi conduzido pela área de creative data da agência e parte do dado de que 26,9% da população brasileira se declara evangélica, segundo o Censo de 2022, um salto significativo em relação aos 9% registrados em 1991.
O estudo evidencia a consolidação de uma identidade coletiva que se manifesta em valores, estética, hábitos digitais e práticas de consumo. A geração Z já representa 47% da juventude evangélica no país, com presença mais acentuada entre adolescentes de 12 a 19 anos, número 32% acima da média dos jovens religiosos.
A pesquisa identificou o fortalecimento de movimentos que combinam fé, bem-estar e disciplina, como o grupo 'Legendários', e também o crescimento dos devocionais digitais, com mais de 56 mil conversas online registradas em 2024. Ao todo, foram analisadas 392 mil conversas públicas e 99 mil conteúdos sobre protestantismo em redes sociais, além de 3 mil thumbnails de vídeos no TikTok.
“O crescimento evangélico não é apenas religioso. Ele é cultural, comportamental e econômico”, afirma Carolina Amorim, head nacional de creative data da Artplan. Para ela, compreender esse repertório é essencial para marcas que desejam se comunicar com relevância no cenário atual.
O levantamento também mostra que 78% dos evangélicos estão mais atentos às finanças, tema recorrente nos grupos de Telegram monitorados. A música gospel cresceu 46% nas plataformas de streaming, enquanto projetos como 'Café com Deus Pai' figuram entre os mais acessados. Hashtags como TikTokCristão, ModaCristã e LookProCulto reforçam a presença dessa audiência nos debates de moda e lifestyle.
“Se antes o consumo evangélico se afastava do que era visto como mundano, hoje ele se reinventa dentro das tendências”, observa Mariana Zinsly, gerente da área de creative data da Artplan.
O estudo também destaca que as igrejas têm ampliado sua atuação e passaram a operar como espaços de convivência, com programações que incluem shows, cafés, festas e práticas esportivas. A transformação desses ambientes influencia diretamente a forma como marcas interagem com esse público.
O relatório conclui que, mais do que criar campanhas pontuais com apelo religioso, é preciso investir em estratégias que respeitem e representem valores e rotinas relacionados à fé.
“A gente precisa aprender a traduzir valores, não apenas os símbolos. Não é sobre usar cruz ou ouvir louvor, é sobre falar de superação, rotina, comunidade”, resume Carol.
(Crédito: Foto de Aaron Burden na Unsplash)