Qual o papel desempenhado pelas startups na economia brasileira em tempos de crise?
Segundo dados do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) de junho de 2017, as micro e pequenas empresas estão na contramão da realidade brasileira, pois registraram um saldo positivo na geração de empregos, um total de 35.769 novos postos de trabalho.
Em tempos de crise e insegurança econômica, as startups brasileiras tornaram-se um segmento do mercado que vem continuamente apostando na retomada do crescimento, agregando profissionais que viabilizam soluções para outras empresas, sejam elas, tecnológicas, de produtos, mobilidade, etc.
Enquanto as médias e grandes empresas passam por um momento de observação e cautela com suas decisões, as startups estão direcionando suas equipes e recursos financeiros para manterem a qualidade e confiança com seus clientes, e ampliarem sua capacidade de atendimento, como o Nubank, que, com apenas cinco anos de existência, já emprega mais de 470 pessoas.
Mesmo com estruturas mais enxutas, pessoas jovens e competindo no mercado atrás de investidores, as startups vêm suprindo, há algum tempo, lacunas onde havia uma dificuldade e se via pouca, ou nenhuma, solução.
Por exemplo, o GetNinjas, que é uma plataforma online para recrutar mão de obra avulsa, como diarista, carpinteiro, pintor, etc. Somente em 2016 já registrava 200 mil profissionais cadastrados e 1,5 milhão de clientes mensais. Se pensarmos em grandes centros urbanos, como Rio e São Paulo, um serviço como esse, além de facilitar a vida de muitos, promove uma geração de receita nas duas pontas, para quem presta o trabalho e para quem oferece um leque de opções para seu público.
Temos diversos exemplos como esse, que contribuem para que a economia se mantenha aquecida, como o Airbnb, que permitiu que pessoas aluguem suas residências ou cômodos vazios, o Uber, que mudou a lógica do mercado de caronas abriu oportunidades a quem está desempregado e busca uma fonte de receita.
Mesmo com todos os índices econômicos levando empresários e investidores a terem mais cautela sobre suas decisões, as startups demonstram que existe uma grande capacidade para contribuírem cada vez mais constante, mesmo em mercados tradicionais.
Essa contribuição vai além das soluções para o cotidiano. O crescimento das startups demonstra que se existe algum setor que está com problemas, ele precisa ser estudado e analisado, para torná-lo melhor, funcional, e bem administrado. Se isso não ocorrer, corre-se o risco de uma boa ideia que pode ajudar muita gente ir parar no fundo de uma gaveta
Nesse movimento, quem ganha é a sociedade, que poderá contar cada vez mais com soluções viáveis, com custos menores, em menor tempo. Há muito tempo fala-se que crise é um momento oportuno para inovar, crescer, desenvolver uma ideia, etc. Concordo, e são ainda poucos os que se arriscam quando a economia passa por instabilidade.
Mas esse é o grande diferencial de uma startup, ela acredita em seu potencial e está aberta para o novo, mesmo correndo riscos. Aliás, estar em risco é um grande aprendizado que elas dão para os outros setores. Pois dessa forma, estão sempre se reinventando, apontando saídas e soluções, gerando capital e empregos.
Camila Farani é presidente da Gávea Angels e é uma das juradas do programa “Shark Tank Brasil – Negociando com Tubarões”, exibido pelo Canal Sony e Band