Quando não é propaganda

Este semanário, que completou 56 anos em maio último, não foi criado  só para abordar assuntos publicitários e correlatos, integrantes do extenso feixe do marketing, como também condenar o que pretende ser, mas não é.

Melhor explicando, tem se transformado em verdadeira praga o abuso que algumas empresas fazem do sistema telefônico, aporrinhando os assinantes desse setor da comunicação inventado por Alexander Graham Bell para empurrar, de forma até grotesca, seus produtos e serviços, abusando da paciência do assinante da linha, ao tomar o seu tempo para oferecer a venda dos mesmos.

Temos quase certeza de que alguns leitores vão discordar desta crítica, mas devem se lembrar, antes de mais nada, que propaganda é comunicação de massa e não pode ser assim considerada aquela que é única, ou seja, uma venda ou oferta dirigidas a apenas uma pessoa, física ou jurídica, que utiliza seu aparelho telefônico para se comunicar com outra pessoa, igualmente física ou jurídica, tratando dos mais diversos assuntos, principalmente os de natureza estritamente particular, ainda que a finalidade seja comercial.

Pela própria natureza, a propaganda (ou publicidade) tem por objetivo principal, na grande maioria das vezes, atingir o maior número possível de pessoas, como ocorre por exemplo com os canais de TV líderes de audiência.

É extremamente condenável alguém entrar em contato por telefone para oferecer um produto ou serviço que inclusive não nos interessa e tampouco vai nos interessar, após o “discurso” do autor da ligação telefônica. A situação piora quando o mesmo chato, representando alguma empresa, ou a si próprio, torna a acionar telefonicamente o mesmo número e falar com a mesma pessoa, oferecendo o mesmo que já foi recusado pelo interlocutor.

Repetimos: propaganda é comunicação de massa e não um recurso individual para vender produtos ou serviços a um outro único indivíduo. Observe o leitor, um dos milhares deste semanário, que os principais veículos de comunicação assim são considerados pela grande massa de público que atingem e os líderes ocupam os primeiros lugares nessa escala de valores.

Os de maior audiência são os preferidos pelos anunciantes, quando suas verbas assim o permitem. Telefonar para alguém ofertando um produto ou serviço é tudo, menos propaganda, pelo menos aquela que nos habituamos a chamar muito acertadamente de propaganda de massa.

Ainda agora, vimos nas tomadas das tevês da Olimpíada de Tóquio a presença de marcas mundiais famosas, que se valem de um evento como esse para melhor aparecerem perante o seu público já cativo, e/ou conquistar outros que ainda não aderiram às mesmas.

Essas cotas de patrocínio dos Jogos Olímpicos, ou mesmo a simples compra de espaço e/ou tempo nos grandes meios de comunicação, é o que se pode chamar de propaganda (ou publicidade) em nosso idioma.

Ao contrário, um simples telefonema para alguém, na grande maioria das vezes desavisado do que ouvirá, a isso se dá o nome, quando muito e em geral, de indisfarçável aporrinhação.

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Retomada dos eventos
A matéria de capa desta edição faz um raio-X sobre o andamento da retomada presencial dos eventos. Com o avanço da vacinação, novos horizontes voltaram a ser vistos para o setor de eventos e feiras (que faturou mais de R$ 900 bilhões em 2019). A primeira boa notícia para o segmento foi o anúncio do governo de São Paulo da realização de 30 eventos-teste, que vão contemplar de congressos a festas de casamento. Realizada nos dias 21 e 22 de julho, a Expo Retomada recebeu 1.264 visitantes e contou com 240 profissionais envolvidos na montagem, além de 50 expositores, no Santos Convention Center, no litoral paulista.

Uso obrigatório de máscaras, planta do evento desenhada para respeitar o distanciamento, acesso por QR code e dispensers com álcool em gel foram algumas das medidas adotadas no encontro, cujo objetivo era demonstrar a aplicação dos protocolos de biossegurança e, principalmente, a possibilidade da realização de eventos de negócios com a segurança necessária. 

Como parte desses protocolos, na última semana, a organização divulgou o primeiro resultado da retestagem feita em alguns dos participantes: dos 463 participantes convocados, apenas três testaram positivo para a Covid-19. O resultado representa 0,64% das pessoas que circularam na Expo Retomada. 

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Ranking de agências por estado
Nesta edição, o PROPMARK também traz matéria sobre o novo ranking do projeto Cenp Meios, desta vez com a posição das agências por estado. Elas foram listadas na medição referente ao volume de compra de mídia de 2020 com base “nos PIs (Pedidos de Inserção) efetivamente executados pelos veículos, de forma consolidada”. No principal mercado do país, o estado de São Paulo, com 84 agências na relação, a Africa aparece em 1° lugar, seguida da DPZ&T, VMLY&R, WMcCann, Leo Burnett Tailor Made, AlmapBBDO, Wunderman Thompson, Ogilvy, Talent Marcel, Publicis, BETC Havas, Mullen Lowe, Lew’Lara\TBWA, David e Artplan.

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Dia dos Pais
Outro destaque é a reportagem sobre as campanhas e expectativas de negócios para o Dia dos Pais. A ser comemorado este ano no domingo 8 de agosto, o Dia dos Pais vem ganhando espaço como data importante para o comércio, tal como o Dia das Mães, dos Namorados ou Natal. Este ano os negócios começam a dar sinais de recuperação. Renata Bokel, chief strategy officer da WMcCann, analisa que o Dia dos Pais de 2020 foi um bom termômetro para entender como os consumidores enxergam a data. “Já vimos uma mudança expressiva em 2020, com a data sendo uma das mais pesquisadas no Google, o que significa que os consumidores se preparam para as compras neste período”.

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Renascimento do marketing
Imperdível nesta edição entrevista com German Perez-Duarte, vice-presidente da Nielsen para a América Latina, em que fala sobre o renascimento do marketing amparado por dados.  

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A matéria principal da nossa próxima edição abordará as nossas emissoras de televisão, sendo a estas inclusive dedicada a capa da edição.