Rádio, TVs e revistas são sensíveis e enfrentam desafios

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José Roberto Antonik, da Abert, comenta o investimento de R$ 6,5 milhões para equipar 1.300 rádios associadas com aplicativos

Caudatários do desempenho econômico, os veículos de comunicação reagem de forma sintomática aos percalços da economia. Além desse dilema comum, têm o desafio de disputar as mesmas verbas dos anunciantes, que enxugaram orçamentos diante da crise, com soluções mais estratégicas. Também convivem com inovações tecnológicas que impactam formas de distribuição de conteúdo e hábitos de consumo. Para as TVs a cabo, por exemplo, a oferta do sistema VOD (vídeo on demand) é uma alternativa para a concorrência dos canais por streaming (OTT – Over-The Top). O rádio AM ganha novo fôlego com o FM, que se beneficiará da faixa estendida. A medida vai permitir que 1.439 pedidos de migração feitos à Anatel sejam atendidos com a liberação dos canais 5 e 6 usados pelas TVs de sinal analógico, que ficarão livres com a implantação definitiva do digital em 2017 nos principais mercados.

Na avaliação de José Roberto Antonik, diretor-geral da Abert (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão), apesar do PIB negativo nos últimos dois anos, o prognóstico para 2017 é otimista. “No caso do rádio, as emissoras menores não tiveram influência negativa devido ao custo baixo de inserção. Em muitas cidades um spot custa apenas R$ 50,00. É um sistema robusto com 4.651 emissoras com faturamento bruto de R$ 5 bilhões. A possibilidades de as rádios AM terem espaço no FM é um sinalizador de receitas melhores. Cem emissoras conseguiram a autorização e 300 já estão aptas”, diz Antonik.

A Abert desenvolveu um aplicativo para compartilhar com emissoras associadas sem capacidade financeira para realizar o investimento. Foram destinados R$ 6,5 milhões para 1.300 emissoras. “A notícia ruim para o rádio é que os smatrtphones não estão vindo mais com a opção para sintonizar o meio. É preciso baixar aplicativos e nem sempre isso é muito fácil”.

Para as TVs, o dirigente da Abert vê o ano de 2017 com boa perspectiva, mas com mais trabalho para capturar as verbas dos anunciantes. “Este ano, algumas emissoras de grande porte tiveram queda substancial com tendência de permanência. A tecnologia vai possibilitar o ingresso em outras plataformas, mas exige investimento”, pondera Antonik.

Oscar Simões, presidente da ABTA (Associação Brasileira de Televisão por Assinatura), tem a expectativa de que a economia volte a crescer e consequentemente a base de assinantes, atualmente com cerca de 19 milhões. “A perspectiva positiva para o setor leva em conta o desempenho da TV por assinatura em 2016. Enquanto o PIB brasileiro caiu 4% de janeiro a setembro, a base de assinantes de TV paga se manteve praticamente estável, com uma leve oscilação negativa, de apenas 0,59% entre janeiro a outubro. Em um contexto de crise, este resultado demonstra a resiliência do nosso produto, cuja relevância é cada vez maior para a população brasileira. Além disso, em que pese todas as dificuldades enfrentadas, verificamos um aumento expressivo da audiência, superando pela primeira vez a marca de dois milhões de espectadores por minuto, mais do que o dobro do registrado em 2013”, afirma Simões.

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Fred Muller, da Globosat, enfatiza que agências e anunciantes tornaram-se mais criteriosos na busca por alternativas de veiculações

Fred Müller, diretor-executivo comercial da Globosat, explica que o cenário político provocou transformação profunda no mercado. “Seja por cautela nos investimentos ou por revisão de estrategia, as agências e marcas se tornaram ainda mais criteriosas na busca por alternativas de veiculações e campanhas que estejam de acordo com seu budget sem perder o ROI. Em relação às nossas marcas, esse resultado vai além do linear e o crescimento no número de horas e views nas plataformas de VOD da Globosat mostra a relevância do conteúdo de qualidade e com o qual o público se identifica. É com esta perspectiva que estamos nos preparando para 2017”, ele diz.

Maria Célia Furtado, diretora da Aner (Associação Nacional dos Editores de Revistas), argumenta que “o mundo digital está incorporado à distribuição de conteúdo, em uma visão 360 graus utilizando todas as plataformas e alcançando o leitor onde ele estiver”. Ela diz mais: “‘O conteúdo é rei’ é um mantra para as editoras, baseado na credibilidade, na pesquisa do fato, na veracidade. Neste mundo de pós verdade em que todos dispersam notícias, o conteúdo produzido por um jornalismo de qualidade é invencível aliado ao interesse em cativar o leitor”, finaliza.