RBS: 'Neste primeiro quadrimestre, tivemos crescimento de 17% no total de receitas'
Em entrevista ao PROPMARK, o presidente do Grupo RBS, Claudio Toigo Filho, fala ainda sobre a estratégia para o ingresso de holding de investidores
Este ano o Grupo RBS completa 65 anos e quer estar cada vez mais conectado com os temas do Rio Grande do Sul, sendo que a discussão do que é importante para o estado está entre as prioridades da empresa.
É o que fala nesta entrevista Claudio Toigo Filho, presidente da companhia, que passou pelo que ele chama de redirecionamento e iniciou-se um novo ciclo estratégico. Há poucas semanas, a companhia revelou que está adotando estratégia para o ingresso de holding de investidores na companhia e começa a preparar a reorganização societária.
O Grupo RBS passou por recente reestruturação? Quais são os principais destaques da mudança?
Preferimos chamar de um redirecionamento, iniciamos um novo ciclo estratégico, que estamos chamando de Ciclo de Reconexão e Crescimento. Após uma etapa em que estivemos focados em reorganizar nosso modelo de negócios e operação, no qual mudamos para atender melhor nossos clientes, revisitando nossa forma de atendimento e ofertas comerciais e, também, investindo em digital, com o lançamento de GZH, nossa marca de jornalismo e esporte digital, estamos olhando para o futuro buscando estar cada vez mais próximos dos nossos públicos estratégicos, sendo o grande talk tank para os temas relevantes do nosso estado. Para atender melhor essa visão, no segundo semestre de 2021, o Comitê Executivo passou por reformulações, com a criação de três novos verticais: Estratégia e Transformação, Jornalismo e Esporte e Entretenimento e Canais, além das frentes de Finanças, Marketing e Mercado, que permanecem.
Quanto a empresa investiu na modernização?
Até 2024, o plano estratégico da RBS prevê um investimento de R$ 70 milhões na modernização dos nossos parques tecnológicos de TV e rádio e em digital. Com relação à televisão, estamos atentos ao acelerado avanço pós-TV digital HD, adotando tecnologias que possibilitam personalização de conteúdo, alta qualidade e expansão de negócios – as TVs 2.5 e 3.0. Com a evolução dos aparelhos de televisão (smart TVs), incluindo ampla conectividade com internet, capacidade de resolução 4k e outras vantagens, a RBS tem se aprofundado nas tendências mundiais de desenvolvimento e investido sistematicamente na atualização de infraestrutura e equipamentos de operação e transmissão. Ou seja, no futuro, o consumidor perceberá os avanços significativos de qualidade, e os clientes terão uma gama de novas oportunidades de relacionamento com o público.
Quais os principais produtos da RBS na área digital?
Destaco nossa plataforma de jornalismo e esporte local, GZH. Nascido da união das nossas principais marcas de jornalismo local (o jornal Zero Hora e a Rádio Gaúcha) no digital, tem modelo de negócio ancorado em paid content e publicidade e já conta com uma carteira de 106,3 mil assinantes, apresentando crescimento de 8,4% em assinaturas orgânicas em relação a 2021. Ainda no ano anterior, a receita digital total cresceu 18% contribuindo de forma efetiva para os resultados da RBS no período. A partir da nossa crença no negócio, temos uma meta de futuro audaciosa, crescer 50% em três anos. Além disso, vemos novas oportunidades surgirem para nossas marcas de entretenimento no digital e na produção de conteúdo para marcas em novos formatos. Estamos trabalhando em projetos nessa direção, em especial nas nossas marcas de rádios.
Os anunciantes estão investindo mais na mídia? O crescimento tem a ver com a pandemia que mantém as pessoas em casa?
A retomada das atividades a partir do arrefecimento da pandemia reaqueceu o consumo, trazendo resultados positivos para o negócio. Neste primeiro quadrimestre, tivemos crescimento de 17% no total de receitas, em comparação com este mesmo período em 2021. É uma demonstração de que os anunciantes reconhecem a relevância das nossas marcas como parceiras para o atingimento dos resultados desejados e a eficiência de nosso atendimento cliente centric, colocando o anunciante e suas necessidades no centro da estratégia comercial, com atuação multiplataforma. O destaque desse bom desempenho são os segmentos de varejo, especialmente supermercados, financeiro e de eventos e shows. E vemos um grande potencial de crescimento, especialmente no interior do estado, onde temos larga trajetória e nós fazemos cada vez mais presentes.
Quais as perspectivas para este ano?
A RBS anunciou uma frente para novos negócios potencializados pela comunicação: em fase de estruturação, a RBS Ventures vai ampliar nosso escopo de atuação. Também queremos estar cada vez mais próximos das comunidades onde atuamos. Estamos investindo em iniciativas que têm como objetivo promover a inovação e o desenvolvimento do Rio Grande do Sul. Somos parceiros, por exemplo, do Pacto Alegre e do South Summit, além de um dos fundadores do Instituto Caldeira, todos movimentos da sociedade organizada que reúnem pessoas, empresas e instituições dispostas a fazer diferença no nosso estado. Com esse mesmo propósito, lideramos, em 2021, a articulação de empresários e entidades para o movimento Unidos pela Vacina no RS. Também temos atuado para dar visibilidade editorial e apoio institucional a iniciativas ligadas à educação, como o projeto Crie o Impossível, focado em alunos da rede pública, e o Pacto pela Educação, que reúne empresários e educadores comprometidos em buscar soluções para melhorar a qualidade do ensino no estado. Além disso, enviamos um correspondente à Ucrânia e, também, acompanhamos comitivas de empresários gaúchos tanto à NRF, maior feira global de varejo, quanto ao SXSW, ambos nos Estados Unidos. E em dezembro estaremos no Catar, para cobrir a Copa do Mundo, cumprindo com o nosso propósito de oferecer jornalismo, esporte e entretenimento de qualidade e estar onde a notícia está, sempre com o olhar dos gaúchos.
Qual é a maior aposta da RBS para 2022?
Em 2022, ano em que a empresa completa 65 anos, estar cada vez mais conectado com os temas do Rio Grande do Sul, sendo a arena para a discussão do que é importante para o estado está entre as prioridades da empresa. E, nesse contexto de desinformação em que nos encontramos, seguir cumprindo com nosso papel ao fazer jornalismo profissional e independente, de credibilidade, e promover a discussão plural – fundamental em qualquer momento, mas especialmente em um ano eleitoral. Além disso, de olho no futuro, estamos abertos, motivados e inspirados para um novo ciclo de evolução e crescimento, para associar nossa empresa a novos negócios e parcerias como em media for equity. Um exemplo disso é a própria RBS Ventures. Mas, mesmo nos negócios tradicionais, queremos ter uma arquitetura cada vez mais aberta, atentos a novos modelos de negócio e iniciativas que geram impacto.
O site é uma prioridade da companhia?
A RBS é uma empresa de comunicação líder em todos os segmentos no Rio Grande do Sul. Nossa prioridade é produzir jornalismo, esporte e entretenimento que atendam à necessidade do público gaúcho e contribuam para que as marcas tenham acesso a esse público. O digital é um dos meios com o qual atingimos esses objetivos, mas temos uma crença muito forte em televisão e rádio, por exemplo, e em como o digital pode potencializar essas plataformas.
E o rádio? O meio sobrevive fortemente, apesar de todas apostas negativas. A que o senhor atribui essa força?
O hábito de consumo de rádio no Rio Grande do Sul é bem peculiar. A Gaúcha, nossa emissora de News e Esporte, por exemplo, é líder do meio rádio na Grande Porto Alegre, alcançando 1,1 milhão de ouvintes mensalmente, fenômeno que não se repete em nenhuma outra região do país, onde as rádios musicais costumam ocupar essa posição de liderança. Já a rádio 92, lançada há apenas quatro anos com foco nos sucessos da música popular, consolida-se como uma das principais marcas do segmento, alcançando mensalmente 642 mil ouvintes na Grande Porto Alegre – só perdendo para a Gaúcha na faixa das 6h às 24h. Atuando no segmento de comportamento jovem, a rádio Atlântida promove o maior festival de música do sul do país, o Planeta Atlântida, e tem forte presença no interior do estado. Além disso, o rádio tem a possibilidade de combinar características típicas do meio, como a agilidade e a mobilidade, com novos formatos. Isso funciona muito tanto no jornalismo quanto no entretenimento. Novas possibilidades de extensão de marca têm surgido como, por exemplo, o Bola nas Costas, programa de entretenimento/futebol da Atlântida que no digital cresce exponencialmente. No ano passado, a atração registrou mais de 97 milhões de impactos nas redes sociais da marca. O podcast do programa está constantemente entre os dez mais ouvidos da categoria Esportes do Spotify e é o terceiro mais popular neste mesmo segmento no Deezer. E temos certeza de que há espaço para inovar e crescer ainda mais.
Quais os projetos da emissora para a Copa do Mundo?
Com a missão de estar onde a notícia está, a RBS terá uma equipe multimídia no Catar para cobrir a Copa do Mundo “de gaúcho para gaúcho”, aproximando o evento de nossos públicos, com enfoque regional. Única rádio brasileira presente na Olimpíada de Tóquio, a Gaúcha será a também a única emissora sublicenciada no sul do país para transmitir os jogos do Mundial. Nossa equipe vai gerar conteúdo para diferentes plataformas, ampliando a reverberação da presença da RBS. Com narração dos jogos, equipes de reportagem nos estádios, acompanhamento diário da seleção e dos seus adversários, além de entrevistas exclusivas e análise, teremos um produto consistente e de grande atratividade comercial.
Qual a posição da RBS no ranking das emissoras do sistema Globo?
A RBS TV foi uma das primeiras afiliadas da Globo, e, a partir daí, é uma das maiores operações, tanto em número de emissoras (somos 12) quanto em performance de audiência. Nossa performance histórica é consistentemente acima da média do PNT (Painel Nacional de Televisão), que é formado pelas 15 maiores praças do Brasil: na média do dia, a RBS TV tem 54% da audiência entre os canais lineares no Rio Grande do Sul.
A RBS lidera no Rio Grande do Sul. A concorrência chega a encostar na audiência da emissora?
A partir de nossas marcas de jornalismo, esporte e entretenimento, somos líderes em todos os segmentos em que atuamos, posição que é motivo de orgulho pois comprova nossa forte relação com os gaúchos. A RBS TV é a emissora de maior audiência no estado: mais de 4 milhões de gaúchos são alcançados diariamente pela nossa programação. Entre os canais de TV aberta, a RBS TV tem 63% de share, o que corresponde a quase 5 vezes o tamanho da segunda emissora colocada. No rádio, a RBS é líder com a Gaúcha há mais de 7 anos na principal praça do estado, a Grande Porto Alegre. Com a rádio Atlântida, somos líderes no segmento jovem de classe A/B. Já no digital, GZH é a maior plataforma de notícias do estado, com cerca de 12,3 milhões de usuários por mês e mais de 106 mil assinantes.
Qual agência atende a RBS? Qual a verba de marketing?
Atualmente nós temos um pool de agências atendendo às marcas do portfólio da RBS. Além disso, escolhemos os nossos parceiros de acordo com os desafios de negócio e constantemente nos conectamos com diferentes agências para realizar projetos em conjunto. Como exemplos, a marca Grupo RBS é atendida pela Escala; a RBS TV e a Gaúcha, pela Ideia da Silva; e o Diário Gaúcho, por Moove. Nossos investimentos em marketing estão no patamar de R$ 10 milhões por ano, excluindo investimento em mídia, pois a RBS é detentora dos canais onde distribui suas campanhas publicitárias e ações de comunicação.