A economia brasileira volta a viver um momento de recuperação, embora ainda lenta, que já havia se manifestado antes da divulgação pela mídia de trechos da conversa de Joesley Batista com o presidente Michel Temer.
Os segmentos econômicos que mais se utilizam da publicidade para a melhor realização dos seus negócios estão voltando às diversas plataformas de comunicação, demonstrando com isso o retorno de uma confiança no mercado, que havia sofrido um duro revés.
Parte minoritária de mandatários desses segmentos tem inclusive revelado que se torna imperioso prestigiar a propaganda, nela reconhecendo, como se dizia no passado, ser a alma de qualquer negócio.
Cabe-nos uma observação sobre essa forma de agir voltada para a defesa da atividade publicitária. Como o mais antigo jornal do trade, com 52 anos de edições semanais ininterruptas no seu impresso, atravessamos as muitas crises econômicas que se abateram sobre o país ao longo desse percurso. Crises apenas internas, decorrentes em sua grande maioria de graves questões políticas que vivemos, e crises de abrangência mundial, como a do petróleo, que, antes de nos beneficiar, trouxe-nos mais problemas do que já possuíamos.
Essa nossa longa experiência de observadores e comentaristas desses períodos de dificuldades, proporcionou-nos muitas certezas e uma delas, sem dúvida, reside no fato de que não são os variados segmentos econômicos que têm ajudado a propaganda, mas sim esta é que tem sido uma das primeiras tábuas de salvação em socorro daqueles.
O raciocínio para a compreensão desse fato é por demais simples: quando as vendas caem em razão das crises, os investimentos publicitários também sofrem, pois o consumidor deixa de ter recursos suficientes para satisfazer seus desejos de compra.
Contrário senso, quando os mercados sentem os primeiros sopros de brisa, com a diminuição das dificuldades da economia, ainda que lentamente, é chegada a hora, e assim tem sido ao longo da história, de se reforçar a publicidade em busca dos consumidores até então desativados. Até porque a memória do público nesse aspecto é curta, tornando-se alvo fácil das primeiras mensagens publicitárias que retornam aos meios.
Se no passado remoto havia uma fidelidade às marcas, esse comportamento não mais se repete em nossos dias, com a profusão de produtos e serviços à disposição de quem quer (e pode) comprar.
É chegada pois a hora do retorno do uso do ferramental publicitário em larga escala pelos anunciantes, respeitando-se o poder de fogo de cada um.
A interrupção do período negativo da nossa economia já se manifesta e, nessa corrida, quem sai na frente tem maiores condições de ganhar. A retomada tem por hábito histórico beneficiar mais os velocistas que os maratonistas.
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Muito concorrido o almoço em prestigiado hotel de São Paulo, comemorativo da posse da nova diretoria da Abap, para o biênio 2017/2019.
Na parte da manhã que precedeu ao almoço, houve a cerimônia de transmissão e posse, com destaque para as falas do presidente que deixava a entidade (Armando Strozenberg) e do que assumia (Mario D’Andrea).
D’Andrea, já abrindo o almoço a muitos convidados do mercado, fez um rápido discurso, lembrando os princípios básicos que devem nortear o atual momento do nosso mercado.
Sob a égide de que a publicidade não faz anúncios, mas sim produz riquezas, o novo presidente da entidade das agências lembrou as recomendações da campanha que a mesma assinou e foi veiculada nos últimos dias: 1. Enquanto muitos cortam empregos, nós geramos. 2. Respeito ao modelo brasileiro. 3. Acreditar na concorrência saudável. 4. Veículos digitais também são responsáveis pelo mercado. 5. Somos avalistas da liberdade de imprensa. 6. A criatividade é a grande protagonista da nossa atividade.
Além de Mario D’Andrea, a nova diretoria da Abap é constituída dos seguintes empresários e executivos: Eduardo Simon, Gal Barradas e Marcio Oliveira, como vice-presidentes; e Marcos Quintela, Marcio Santoro, Rodolfo Medina, Queiroz Filho e Marcio Toscani, como diretores.
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Bob Vieira da Costa, presidente da nova/sb, relata que “o Brasil produz quase 220 Maracanãs lotados de lixo todos os anos. Cada cidadão gera, em média, 387 quilos de resíduos sólidos por ano. Mas, a população parece não ter interesse em discutir o tema”. Esta é uma das constatações de um estudo do projeto Comunica Que Muda, iniciativa da sua agência, sobre a opinião dos brasileiros nas redes sociais a respeito do lixo.
Foram analisadas cerca de 130 mil menções nas principais redes sociais, durante três meses, mostrando que o brasileiro trata o problema do lixo com desinteresse. O projeto Comunica Que Muda tem aprofundado a discussão sobre temas polêmicos e de grande impacto público ao longo de 2016 e deste ano. A ação segue tradição iniciada em 2006 pela agência, no sentido de contribuir com os debates e as transformações sociais. A nova/sb está distribuindo a diversos públicos mais próximos do problema, exemplares do estudo, batizado de Dossiê Lixo.
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Este Editorial é dedicado à memória do empresário-publicitário Rino Ferrari, falecido na última quinta (1º), no interior de São Paulo. Rino pertenceu à segunda geração de publicitários brasileiros que se atreveram a abrir as próprias agências, em um mercado que prometia crescer e necessitar de vários formatos e especializações de novas agências.
Com essa certeza, fundou a Rino Publicidade, hoje dirigida pelo seu filho também Rino, de porte médio e clientes tradicionais. A agência sempre se destacou pela agilidade, criatividade e saúde financeira elogiável. Em homenagem ao fundador, seu sucessor adotou a figura do rinoceronte como símbolo da agência.
Armando Ferrentini é presidente da Editora Referência, que publica o PROPMARK e as revistas Marketing e Propaganda