Red Bull enfrenta resistência na compra de clube dinamarquês
Que a Red Bull investe pesado em esporte não é novidade. A marca austríaca patrocina diversos campeonatos e atletas do BMX ao Ice Cross, passando por Fórmula 1, skate e, claro, o futebol.
A mais recente aposta da marca que, no Brasil dá nome ao Bragantino, é o tradicional clube dinamarquês Brondby, de Copenhagen. Os “azuis e amarelos” são um dos mais tradicionais do país nórdico, no entanto, não vencem um campeonato desde 2005 e seus problemas financeiros são de conhecimento público.
Apesar da verba da Red Bull ser uma injeção de investimento, a torcida teme o impacto da empresa na equipe. Após rumores de que a marca de energéticos estaria interessada em firmar acordo com o Brondby, os torcedores colocaram faixas no entorno do estádio em protesto, já que o acordo poderia prever a mudança de nome, escudo e uniformes do time.
O presidente do Brondby, Jan Bech Andersen, até agora não confirmou se há uma negociação em andamento com a marca. Além das faixas, a torcida vem utilizando as redes sociais para protestar.
“A Red Bull representa tudo o que desprezamos e tudo o que lutamos para não ser. Se a Red Bull se envolver com o Brondby IF, não poderemos mais nos identificar com o clube como fãs ativos”, declarou um torcedor em uma publicação do Copenhagen Post.
Outro fã do clube também se posicionou contra a entrada da marca no Brondby. “Em Salzburgo e Leipzig podemos ver como o dinheiro austríaco transformou verdadeiros clubes de futebol em negócios. Eles mudaram logotipos, cores, nomes de estádios… tudo! Nunca deixaremos isso acontecer com o nosso clube.”
A torcida organizada do clube emitiu nota oficial se posicionando contra a entrada do energético. “Se deixarem a Red Bull entrar, vão vender a alma do clube”, diz um dos trechos.
A marca têm um plano de patrocínios intercontinental agressivo e já dá nome a equipes de futebol no Brasil, Estados Unidos, Áustria, Alemanha e Gana.
Cenário brasileiro
Em novembro de 2019, a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei nº 5082/16, que prevê a criação de clubes-empresas. O objetivo é que as equipes possam optar por deixar a posição de associação para virar companhias, com vantagens tributárias e facilitação na renegociação de dívidas. A adoção do modelo empresarial é optativa e o projeto ainda segue para o Senado.
Irmãos Moreira Salles
Em 2019, os irmãos Moreira Salles encomendaram à Ernst & Young (EY) um estudo sobre a saúde financeira do Botafogo. O levantamento trazia um diagnóstico dos problemas e possíveis medidas para a recuperação do clube.
O relatório previa ainda uma mudança no modelo de gestão do alvinegro carioca, dando espaço para a criação do Botafogo S/A. O processo de transição para clube-empresa deve ser concluído ainda em 2020, mas sem a atuação direta dos irmãos Moreira Salles.
No ano passado, os herdeiros do Itaú Unibanco enviaram uma carta à diretoria do clube, explicando as intenções com o relatório.
“Nosso compromisso com o Botafogo cessa com a entrega do estudo. Não temos projetos políticos pessoais em relação ao Botafogo. Não seremos candidato a nada, tampouco temos predileção para que o clube se torne isto ou aquilo – seja agremiação sem fins lucrativos, clube social, fundação ou empresa. Acima de tudo, não queremos ser donos do clube. Se essa possibilidade surgisse graças a mudanças no estatuto, nem assim nós a perseguiríamos. Nossa única intenção ao contratar a EY foi entregar ao Botafogo um roteiro realista dos caminhos possíveis a serem percorridos. A partir daí, caberá ao clube, e só a ele, definir o seu futuro.”