Rede Globo lança plataforma para combater intolerância
Respeito é bom e eu gosto. A expressão é clássica, mas na prática está mais para outro ditado popular: “farinha pouca, meu pirão primeiro”. Em uma época de intolerância exacerbada, a Rede Globo de Televisão está em fase de lançamento da plalataforma de mobilização social Tudo começa pelo respeito, que tem gestão da executiva Beatriz Azeredo, diretora de responsabilidade social da emissora, área subordinada à Comunicação Globo, que tem a liderança de Sérgio Valente.
O primeiro filme para dar voz a ação terá flight inicial de duas semanas e está programado para ser veiculado na grade global a partir do fim deste mês de julho. Mas, segundo Beatriz, ONGs como o Fundo Elas, Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, Cufa (Central Única das Favelas) e Anistia Internacional vão produzir filmes relacionados ao seu core institucional e terão exibição pro bono até o fim do quarto trimestre. A essência do projeto é mostrar que não é de bom tom manifestar intolerância racial à diversidade sexual, à homofobia, ao racismo, aos portadores de deficiência física, aos soropositivos e, por exemplo, às opções religiosas.
“Não é um problema que aflige apenas o Brasil. Vemos que em vários países a falta de respeito aos direitos do próximo estão sendo postos de lado”, destaca Beatriz. “A mobilização é muito importante para estimularmos o estranhamento quando isso ocorrer, para que não se transforme em padrão”, ela acrescenta, mas ressaltando que o direito de opinião é inalienável. “A pessoa pode discordar e ter a própria visão, o que não pode acontecer é não respeitar o pensamento alheio”, afirma Beatriz.
A iniciativa conta com apoio da ONU, Unesco, Unicef, Unaids e ONU Mulheres. “A ideia é criar um espaço para mobilização da sociedade focado no fortalecimento de uma cultura que não apenas tolere, mas respeite”, enfatiza Beatriz. “Além da campanha, todos os setores da emissora estarão engajados, como os programas de entretenimento e também no jornalismo. Temos de aproveitar a força de mobilização da Globo para fortalecer esse pensamento. A violência, em todas suas vertentes, está aumentando, mas podemos fazer algo para contê-la. Muitas pessoas são vulneráveis à discriminação e ao preconceito”.
A proposta 360° vai envolver a trama Liberdade, Liberdade, exibida no horário das 23h. Os personagens André, vivido pelo ator Caio Blat, e Tolentino, interpretado por Ricardo Pereira, se rendem ao amor e são condenados por isso. A história, escrita por Mario Teixeira, baseada em argumento de Marcia Prates com inspiração no livro Joaquina, Filha do Tiradentes, de Maria José de Queiroz, fomenta a discussão sobre a homofobia, “ampliando ainda mais o alcance do debate sobre a necessidade de sermos uma sociedade em que o respeito seja o valor fundamental”. Na época do Brasil colônia, o olhar para uma relação romântica entre pessoas do mesmo sexo era associada ao pecado, afinal a Igreja exercia influência nas decisões dos governantes. Como a novela mostra, quem fosse pego nesse delito, era condenado à morte na fogueira, além de ter os seus bens confiscados. “A plataforma busca sensibilizar”, finaliza Beatriz.