Redes sociais testemunham desabafos sobre saúde mental
Felipe Neto, Whindersson Nunes e padre Fábio de Melo. Além de milhões de seguidores, esses influencers já compartilharam momentos em que a saúde mental é colocada à prova nas redes sociais. O influenciadores que levantam questões ligadas aos transtornos psicológicos ajudam cada vez mais as pessoas a se identificarem com o problema, encorajando-os a buscarem auxílio. O problema se agrava com as questões ligadas à crise econômica e ao avanço da pandemia da Covid-19, gerando incertezas que devem ser estudadas pelas marcas a fim de oferecerem o apoio que os consumidores necessitam atualmente.
“É um papel de alerta importante”, ressalta Maria Fernanda Rodrigues, gerente sênior de produto da Sanofi, que nesta terça-feira (23) apresentou o estudo “Saúde mental nas redes sociais” ao lado de Helena Junqueira, que lidera no Brasil o núcleo de social intelligence analytics da empresa de pesquisa de mercado Ipsos, durante o 9º Congresso Brasileiro de Pesquisa.
A partir do conhecimento coletado no estudo, a Sanofi lançou diversos programas. O mais recente foi feito em parceria com a Telativa, startup de saúde mental. Lançado em janeiro de 2021, o projeto oferecerá seis sessões de terapia online com o objetivo de ajudar cerca de 10 mil pacientes que fazem uso do medicamento Alenthus XR.
A farmacêutica também realizou os programas “Sono dos Sonhos” e “Cuco Health”. Em parceria com a Unifesp, o “Sono dos Sonhos” alcançou 600 pessoas, que realizaram seis sessões sobre insônia entre outubro de 2019 e o mesmo mês do ano seguinte. Já o “Cuco Healh”, realizado no mesmo período em conjunto com a plataforma Cuco, atingiu quatro mil pessoas, que baixaram o aplicativo para acessar informações sobre as patologias, ações alimentares e atividades capazes de apoiar o tratamento.
A pesquisa buscou entender as crenças e comportamentos, jornada do paciente, gaps de informação e terapias alternativas. Facebook, Twitter, Instagram, Tumblr, além de blogs, fóruns e comentários foram os campos do estudo realizado em março de 2019 sobre saúde mental, transtornos, terapias e medicamentos. “O objetivo foi entender o que oferecer aos pacientes além dos tratamentos farmacológicos”, explica Maria Fernanda Rodrigues.
Os dois milhões de conversas identificados pelo estudo, e que realmente tratavam sobre doenças psicológicas, foram observados com mais frequência nos dias da semana. A campeã é a ansiedade (51%), seguida pela depressão (25%), insônia (15%) e pânico (1%). O pico das conversas acontece às duas da madrugada, principalmente para relatar a insônia.
De acordo com o estudo, a abordagem ao tema vem crescendo ao longo do tempo, deixando gradativamente de ser um tabu. Mas ainda falta informação. As pessoas não sabem ao certo se sofrem da doença, quais as suas causas e tratamentos, onde buscar ajuda, e a confundem com sentimento, além do receio de ser minimizada como uma frescura ou drama.
Família, profissionais de saúde e mídias sociais, essa última com ênfase para desabafos, são elencadas como as principais redes de apoio. Os antidepressivos e ansiolíticos são os mais comentados entre os medicamentos. Já as terapias alternativas, como exercícios físicos (44%), meditação (15%) e alimentação (15%) ganham cada vez mais a atenção das pessoas, que passam por um ciclo começando pela desconfiança de que realmente sofre algum transtorno, recomendação para a busca por um psicólogo, início de tratamento e busca por conselhos nas redes, troca de experiências sobre terapias e aconselhamento a outras pessoas.