Representatividade da mulher na propaganda ainda está longe do ideal
Na véspera do Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta quarta-feira, 8 de março, a revista Claudia, da Editora Abril, reúne em São Paulo importantes nomes da mídia – entre profissionais de propaganda e marketing e personalidades – para debates sobre a representatividade feminina em diversas áreas.
Líderes se reúnem para discutir a representatividade da mulher no mercado
No campo publicitário, especificamente, a conversa girou em torno do tema “A publicidade e o reforço de estereótipos”, que teve como porta-vozes a diretora de planejamento da Heads Propaganda, Carla Alzamora; a Co-Presidente do Havas Creative Group Brasil e fundadora e Co-CEO da BETC São Paulo, Gal Barradas; a Chief Creative Officer da FCB Brasil, Joanna Monteiro; e a nova Chief Strategy Officer da Tribal Worldwide New York, Laura Chiavone. Consideradas grandes líderes do mercado, as executivas são unânimes ao reconhecer que há avanço na representatividade da mulher, porém, muito ainda precisa ser feito para chegar perto do ideal: a equidade.
Para Joanna, as mulheres não se sentem representadas pela propaganda e isso é, entre outros fatores, reflexo de uma cultura ainda machista. “A publicidade reflete o que acontece na cultura”, pontua. “A gente andou muito para trás nos últimos 20 anos”, opina a criativa.
Laura, que na última semana anunciou a nova posição no mercado internacional, disse que um dos motivos que a levou para a Tribal NY é a cultura de diversidade da empresa. “Poucas empresas hoje são exemplo de equidade”, disse. “Não é possível uma mudança sem os homens porque equidade não é sobre as mulheres, mas sobre a humanidade, sobre a sociedade”, acrescentou a executiva.
Da mesma opinião, Gal ressalta a posição da Havas e BETC de equilibrar o número de mulheres e homens no comando. “Um ambiente diverso é mais justo e melhor. Pessoas felizes produzem mais e melhor”, ressalta.
Na Heads, o posicionamento a favor da equidade de gêneros e da diversidade já levou, inclusive, a agência a ousar diante da resistência de clientes. Carla cita como exemplo uma peça para rede social que Heads desenvolvia com uma mulher negra como protagonista e que foi recusada pelo cliente, que pediu a substituição da modelo. Para atender ao pedido do cliente, a modelo foi substituída, mas por outra mulher negra. Houve novo pedido de substituição e novamente uma modelo negra foi utilizada até que, finalmente, por insistência da agência, a peça foi aprovada. “Isso nos deu mais coragem do que medo”, comentou Carla sobre o episódio.