Eu tô sempre com fome. Sempre. Não é à toa que sou conhecido como Pança. Minha mãe costumava dizer que não era bem fome, mas vontade de comer. Eu nunca entendi a diferença. Refém das minhas papilas gustativas, ansiosas por sabores diversos, talvez nunca tenha dado oportunidade para a tal fome se instalar. 

Imagina trabalhar para o Outback. Como faz? Sofre. É o preço que se paga por fazer os outros sofrerem. Convenhamos que não é um grande desafio estimular a vontade de Outback nas pessoas, ainda mais quando o assunto é Festival de Ribs. A famosa costela agora em 3 versões especiais faz qualquer um aguar só de imaginar. Mas o desafio dessa vez era maior do que um filme de appetite appeal, formato que a marca vinha trabalhando na comunicação. A maior campanha do ano tem um objetivo a mais: reconectar o consumidor com a experiência Outback, que vai muito além da comida. 

Deu fome. Daquela que todo criativo sente diante da oportunidade de contar uma história. Buscamos então uma verdade em comum a todos os frequentadores do restaurante: a paixão pelo Outback. Para representar os lovers da marca, nasceu o Edu, um verdadeiro fã do Outback. O filme narra a entrada do personagem no restaurante. Ele é decidido, sempre sabe o que pedir, mas sua confiança é abalada quando se depara com os 3 novos pratos do Festival de Ribs. Edu é impactado quando passa por outras figuras habituais do restaurante e todas estão se deliciando com as novidades do Festival.

Ilustrado, o burger de ribs já me tirava o sono. Em pesquisa, ainda tão distantes de suas existências, os pratos já faziam todo mundo babar na prancha do storyboard. E o Edu? Identificação imediata: “Eu sou o Edu”, “#SomosTodosEdu”.

Mão na massa, achar “O” Edu não seria fácil. Tinha que ser aquela beleza feia, sabe? Não a do Rodrigo Lombardi, o Edu não é galã. Ele tem uma estranheza agradável, simpática, memorável. Mas quando se tem a O2 como parceira, fica mais fácil. 3 ótimos Edus. Como na história, também queríamos ficar com os três, mas tínhamos nosso preferido. O mesmo que recebeu a martelada final do cliente. 

Tudo decidido, fomos pra Austrália. Não rodamos o filme lá, mas é como se fosse. Para não atrapalhar o fluxo da loja, tivemos que gravar no fuso horário do país inspiração. E nada havia me preparado para isso até agora: todos aqueles takes de gente comendo, queijo derretendo, costela sendo desfiada, batata frita voando, os bites de mac n’ cheese crocantes. Tudo maestrado por Quico Meirelles. Passei vontade. Nada contra o catering da O2. Não é fome, é uma vontade específica. Me senti grávido.

É como uma gestação mesmo, mas se a mãe fosse a Kate Middleton. Muita atenção, muita gente envolvida, muito tempo entre briefing, planejamento, criação, aprovação, pesquisa, pré-produção, 3 diárias de produção. Tudo para um filho de 30”. Aliás, não (só) para isso. A campanha é multiplataforma e a história continua nas redes sociais, onde o nosso lover fictício interage com os de carne e osso. Com a ajuda dos fãs da marca, Edu vai finalmente escolher um dos 3 pratos para matar a sua vontade. A minha ainda não passou – mas a fome foi saciada.