Altino João de Barros foi um profissional de mídia à moda antiga, nenhum demérito nisso, muito pelo contrário. Planejava, programava, negociava e comprava mídia e ao mesmo tempo se envolvia na produção dos anúncios para jornal nas clicherias e em ações promocionais dos clientes da McCann-Erickson, coordenando as ações de ativação.E como se tudo isso fosse pouco, atuava também como Relações Públicas da agência e dos anunciantes, o que lhe proporcionou uma extensa e valiosa rede de contatos. Tinha aceso aos presidentes dos grandes grupos de mídia do pais__ Roberto Marinho, Adolfo Bloch e Nascimento Brito, dentre outros__ aos diretores e gerentes comerciais dos veículos e. como era homem simples. também se relacionava com os escalões operacionais.

Essa intensa atividade de RP que se confunde com uma intensa atividade social fez com que Altino fosse o mais badalado profissional da propaganda brasileira entre as décadas de 1940 e 1970. Seu nome aparecia sempre nas colunas sociais, nas agendas de viagens, nas colunas de economia, nas páginas locais… em jornais e revistas, não apenas do eixo Rio-São Paulo, mas, de outras regiões do país. Era Altino que pegava pelo braço presidentes, ou diretores, da Gilette, Kolynos, Nestlé, Coca Cola, IBM, Goodyear, GM, dentre outros clientes e os apresentava aos veículos; entendia que o relacionamento com a mídia era fundamental, o conceito de parceria, para desenvolver as estratégias de campanha.

A coordenação da ativação de ações promocionais era um de seus motivos de orgulho. No livro “McCann 50 anos em 2”, escrito por Altino em parceria com o presidente da agência, Jeans Olensen, contou as dificuldades para distribuir amostras de Kolynos nos cinemas na capital e do interior, driblando gerentes mau humorados; narrou ainda a aventura de vender Coca Cola em pontos de venda inusitados (em carrinhos semelhantes ao de sorvete) para venda do produto gelado, na areia das praias do Rio de Janeiro. Acompanhava as moças bonitas que visitavam os jornais e serviam o recém lançado Nescafé, servido em bandejas,nas redações. Naqueles idos o marketing promocional era uma função operacional do profissional de mídia.

A sua longa carreira de mais de seis décadas de atividades na mesma empresa, acompanhando todas as transformações do mercado, o impacto das novas tecnologias, o desenvolvimento das técnicas de pesquisa e monitoramento de mídia que Altino acompanhou de perto, incluindo a implantação do IVC e a introdução do conceito de GRP, lhe angariou um grande prestigio e experiência. Daí para a sala de aula, ou, o evento circunstancial foi um passo. Foi convidado para ser professor de inúmeros cursos realizados pela APP e ABP, além de palestras promovidas pelo Grupo de Mídia e integrou a chamada “Força Volante” da McCann que rodou o país explicando a públicos selecionados a importância da propaganda para impulsionar os negócios. Foi convidado pela ESPM para ser conselheiro associado.

Bem relacionado, afável, querido por todos, essas características lhe permitiram encarar difíceis missõesna mediação de conflitos. Um deles, a ameaça dos quatro grandes jornais do Rio de Janeiro e mais os líderes de circulação em Porto Alegre e Salvador, de deixar o IVC, na década de 70. Era uma briga paroquial, Rio X São Paulo, nada mais do que isso e Altino mediou o que parecia muito sério, mas,na realidade não passava de uma disputa de egos.