Nizan Guanaes, além de outras inúmeras qualidades, é um frasista de mão cheia, fazendo jus à atividade de redator que lhe introduziu na publicidade. É dele, conforme crédito na capa desta edição, a sacada “A Morya não é boa porque é nossa. Ela é nossa porque é boa”.

A seção Perfil é dedicada a essa importante agência regional, hoje integrante do Grupo ABC, com escritórios em Salvador e Porto Alegre, mas conectada com todo o país como as grandes agências do mercado nacional.

A Morya tem tradição de seis décadas, levando-se em conta que é sucessora da Publivendas, fundada por Fernando Carvalho, cuja sede em Salvador foi batizada com o seu nome.

É pelo Prêmio Colunistas, com regionais que abrangem todo o território brasileiro, que se percebe com clareza o bom e — com frequência — excelente trabalho criativo que as agências fora do eixo Rio-São Paulo (hoje, mais São Paulo e menos Rio) desenvolvem para os seus clientes. Elas ainda têm o condão de utilizar a linguagem regional, que sempre provocou admiração não só nos brasileiros, como também em estrangeiros voltados para estudar e compreender o Brasil. Agências de cidades cosmopolitas como São Paulo, não se dedicam mais a esse atraente recurso gramatical, porque falam com um público mais abrangente, de várias origens e que no seu dia a dia não exercitam mais o linguajar ou as escritas regionais, salvo raras exceções.

Nesse aspecto, a vantagem para as agências regionais é maior, porque um país imenso como o nosso e com o grosso da sua população ocupando, um pouco mais, um pouco menos, grande parte do território nacional, são muitas as características da fala e da escrita de cada região, sem falarmos da variedade musical que pode ser empregada em cada trabalho de imagem em movimento.

Voltando ao Colunistas, é realmente admirável constatarmos a cada versão da mais tradicional premiação do mercado publicitário brasileiro, como é rica e repleta de bom conteúdo a propaganda criada nos mercados regionais.

O produto final da Morya situa-se com distinção nessa vantagem qualitativa, sempre checada pelos dirigentes Claudio Carvalho, Gustavo Queiroz e o casal Fábio Bernardi e Lara Piccoli, no sul do país, além de passar pelo crivo atento de Bruno Cartaxo, diretor de criação da agência, quando não é ele próprio quem cria.

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Estamos próximos de agosto, mês célebre na vida política nacional, com episódios marcantes (e muitos chocantes) ao longo da nossa história. Desta vez, agosto será marcado pelo impeachment (ou não) da presidente afastada Dilma Rousseff. Particularmente, torço para que o impeachment seja definitivamente aprovado, pois o Brasil não aguenta mais as consequências de anos seguidos do mais completo desgoverno.

Na Roma antiga se dizia que à mulher de Cesar não basta ser honesta; não pode ser falada. Hoje, os movimentos feministas atribuem a frase a um excesso de machismo daquela época. Podemos, porém, usar parte do seu significado para constatar que uma Presidente da República não basta ser honesta; é importante que seja competente. Infelizmente, falta a ela o grau de competência necessário para dirigir este imenso país, seus conflitos e suas necessidades. A visão de mundo que falta na presidente afastada, comprometeu os seus quase seis anos seguidos de governo. A partir de setembro, caso o impeachment seja confirmado pelo Senado Federal, o país recuperará suas inegáveis energias.