Muitos leitores e amigos meus reclamam do excesso de premiações no mercado publicitário brasileiro.

De fato, não deixam de ter razão. Pela própria natureza da atividade publicitária, há uma tendência dos players do mercado, no sentido de estimular a excelência da nossa comunicação publicitária.

Como se sabe, estamos entre os primeiros lugares na classificação criativa da propaganda, nas mais importantes premiações do setor no planeta.

O ainda mais cobiçado, o Cannes Lions, que este ano não terá a participação das agências do Grupo Publicis de todo o mundo, tem reconhecido nos últimos anos essa nossa importância.

Nem sempre foi assim. Houve época, quando comecei a cobrir o ainda Festival da SAWA, apenas uma premiação de comerciais (filmes), mas já alcançando boa parte dos cinco continentes, que alguns trabalhos brasileiros eram vaiados, não tanto pela (falta de) ideia, mas principalmente pela produção.

Algumas surras dessa natureza, fizeram o Brasil acordar para a necessidade de melhorar o seu padrão de conteúdo publicitário e essa exigência se consolidou a partir do momento em que as agências concorrentes entenderam de levar os seus clientes para Cannes.

A partir daí, passamos a ser considerados um país de respeitável qualidade publicitária, aplaudido e premiadíssimo no tradicional festival, que hoje premia praticamente todas as formas de mídia existentes, além de ter se completado com vários seminários, nos quais importantes temas são expostos pelos grandes nomes da propaganda mundial.

Atrevo-me a dizer que em certos anos, o Cannes Lions é mais importante pelos temas dessas palestras e a qualidade dos seus autores, do que os trabalhos vencedores nos diversos júris.

Esse desenvolvimento do Cannes Lions, influenciou sobremodo o Brasil, estimulando não só a cada vez mais consistente participação brasileira através das inscrições de trabalhos e de delegados, como também gerou um interesse maior no mercado interno em prol da multiplicação de premiações.

Não vejo mal nenhum nisso e discordo dos críticos pertencentes à concorrente que opina serem muitos os prêmios nacionais. Curiosamente, houve, sim, uma época lá atrás em que, com a explosão das grandes redes de TV nacionais, multiplicaram-se as premiações publicitárias. Porém, isso não durou muito, pois todo excesso acaba gerando uma reação igual e contrária. O mercado não demorou a perceber que o excesso desvalorizava o próprio objetivo das premiações, em busca dos melhores trabalhos e da excelência da produção publicitária brasileira.

Além disso, ocorreu também algo de há muito esperado quando o excesso atingiu seu ponto máximo: passamos a ter escassez de jurados qualificados para todas as premiações existentes.

A primeira consequência disso foi a retratação do próprio mercado diante de algumas premiações. Os responsáveis pelas inscrições de trabalhos, queriam saber quais profissionais compunham os júris e isso acabou minguando o excesso das premiações.

Acredito que hoje temos uma quantidade aceitável de prêmios publicitários no Brasil, cada qual com suas características próprias, mas todos sempre convergindo para a premiação dos melhores concorrentes.

Assim tem sido com o histórico Prêmio Colunistas, iniciado em São Paulo em 1968, por um grupo de jornalistas especializados (daí a denominação da premiação) e que logo se espalhou por todo o país através de regionais que foram sendo criadas, atendendo aos apelos e as necessidades de reconhecimento profissional de cada mercado regional brasileiro.

Uma das regionais mais importantes do Colunistas há décadas, é exatamente a abordada por esta edição de Propaganda: refiro-me à regional do Rio de Janeiro, coordenada por Marcio Ehrlich e que rivaliza-se com São Paulo inclusive na revelação de novos talentos profissionais, uma das principais contribuições do Colunistas ao mercado, ao longo dos 50 anos de bons serviços prestados à propaganda nacional.

Disco de palmas – como costumava repetir o saudoso Elóy Simões, um dos jornalistas e também redator publicitário fundadores do Colunistas – para os vencedores da versão deste ano do Colunistas Rio, que mais uma vez consagra a NBS como Agência do Ano.