Rodolfo Medina vê quebra de paradigma no pós-coronavírus
“O nosso desafio juntos às marcas é repensar toda a estratégia já criada para investir em algo que dialogue e contribua positivamente para este cenário delicado.”
A expressão é do empresário Rodolfo Medina, presidente da Artplan, a 5ª nacional de compra de mídia pela métrica da Kantar Ibope Media.
Ele, junto com o CEO Antonio Fadiga, estão na liderança da agência, integralmente em home office.
A ideia é manter qualidade das entregas e também repensar as atividades presenciais.
“A distância está sendo física, mas estamos mais próximos do que nunca na prática”, disse Medina, que concedeu essa entrevista por email.
Como está sendo esse momento para a Artplan?
Desafiador, assim como para todo mundo. É uma situação que nunca vivemos pessoalmente ou profissionalmente. Estou feliz em ver como todo o time da agência vem reagindo positivamente, tanto junto ao cliente, mas, principalmente, pessoalmente. Encarando de frente a situação e se cuidando junto aos seus familiares, em casa. Nossa prioridade é a saúde, mental e física, de nossa equipe. Nesse momento, a Artplan se compromete a manter a qualidade de suas entregas junto a seus clientes e trabalha intensamente para que, durante a pandemia, clientes, fornecedores e time interno sejam prontamente atendidos.
Já deu para ter um aprendizado?
Estamos lidando bem até o momento, mas ainda temos muitos desafios pela frente. O mundo não será o mesmo após esta pandemia. E isso implica tanto na empatia junto às pessoas, bem como na forma de trabalho. O home office, por exemplo, será um ponto a ser discutido no futuro, principalmente porque estamos situados em cidades grandes, com trânsito caótico, entre outros fatores. Certamente, vamos repensar a atuação de algumas áreas.
Considera que há uma mudança de paradigma?
Sim, sem dúvida. Resiliência e empatia nunca foram tão importantes e, para muitos negócios, a saúde se sobrepõe ao econômico. Quem ainda não atuava desta forma, vai passar a atuar depois desta crise. Estamos vendo a mobilização das pessoas e das empresas em prol da comunidade. Há algum tempo já estamos falando de comunicação por causas e isso, mais do que nunca, agora será a prática. Em termos práticos, algumas campanhas que estavam na rua ou iriam sair recuaram por não fazerem mais sentido neste contexto atual. O nosso desafio juntos às marcas é repensar toda a estratégia já criada para investir em algo que dialogue e contribua positivamente para este cenário delicado. Não só agora, no durante, mas quando a pandemia acabar, muitos discursos, e até modelos de negócios das marcas, serão revisados para voltarem a fazer sentido.
O home office está sendo produtivo?
Está sendo bastante produtivo. Mantivemos a qualidade das nossas entregas e também estamos tendo a resposta rápida que o cenário exige. Percebo que todo o time está empenhado e temos trocado muitas informações virtualmente. A distância está sendo física, mas estamos mais próximos do que nunca na prática.
Aumenta o volume de trabalho?
Sim, o volume aumenta, pois o cenário nos exige que façamos revisão de contexto das marcas e os clientes estão, mais do que nunca, dispostos a receber proatividades. Com o isolamento social, os hábitos dos consumidores mudaram drasticamente. Eu já acreditava que, apesar do resultado final reverberar em vendas, o que obviamente é muito importante para a sustentabilidade de qualquer negócio, as marcas precisam dialogar por outras frentes para conquistar a empatia de seus clientes. Agora, mais do que nunca, ações proativas com cunho social são muito importantes para amenizar impactos.
E o de comprometimento?
Posso dizer que estamos observando um comprometimento maior do que o próprio volume de trabalho. O time está muito unido, comprometido com as entregas da agência, com a qualidade do trabalho e, acima de tudo, disposto a criar ações que façam a diferença de forma positiva para a sociedade. Seguimos torcendo e fazendo nossa parte para que essa fase acabe logo e que, com toda esta experiência vivida, sejamos seres humanos e profissionais ainda melhores.
Quais são as principais demandas da Artplan? Qual é o tom dos briefings?
O momento é de contribuição social e empatia. Nossos clientes buscam meios de ajudar a sociedade para que os danos ocasionados pelo vírus possam ser amenizados de alguma forma.
Como tem sido o trabalho das salas de performance e como elas estão contribuindo?
Os trabalhos desenvolvidos nas salas de performance, que reúne profissionais com grande experiência em pesquisa de mercado, antropólogos, sociólogos e demais colaboradores com expertise em mídia, têm contribuído muito nesse momento. Mais do que nunca, temos que nos reinventar para sermos ainda mais eficientes nos negócios de nossos clientes, e é aí que o universo digital, que está com uma audiência altíssima, ganha muita relevância. Todas as iniciativas no ambiente digital são direcionadas através de dados históricos, desde o desenvolvimento de réguas de comunicação, criação de campanhas, até a inferência de quais canais ou momentos são mais oportunos para exibirmos os anúncios. Tudo isso passa por uma análise prévia de dados que nos permite tomar decisões com maior embasamento e assertividade.
Considera um ano perdido? Ou não?
Ninguém sairá ileso desta crise e de todas as suas consequências, com certeza será um ano de transformação. Acreditamos que, no segundo semestre, teremos um período de recuperação lenta e gradual. Sempre conseguimos tirar algo bom de momentos mais sensíveis, passamos a nos conhecer melhor e, assim, enxergamos a vida sob um outro ponto de vista e com outras alternativas. Com isso, teremos a oportunidade de rever processos e de evoluirmos com a abertura de novas ideias que, até então, não haviam sido expostas.
Como o governo pode ajudar o setor?
Acredito que o governo consiga ajudar com medidas que privilegiem não só os empresários, como também os colaboradores. Todo mundo precisa ganhar fôlego. Estamos em um período que o faturamento do setor caiu muito, mas os custos continuam ativos. Precisamos buscar um equilíbrio para que consigamos manter a sustentabilidade do nosso negócio.