Saiba como o Perifacon levou cultura nerd para a quebrada

Anders Rinaldi/Perifacon

A Chiaroscuro Studios, sócia e co-fundadora da CCXP em São Paulo, patrocinou o evento

Na última semana mais de 4 mil pessoas se reuniram na Fábrica de Cultura, no Capão Redondo, para o Perifacon, primeiro evento sobre cultura pop e geek, que recria a aclamada Comic Con no bairro da periferia de São Paulo.

De acordo com Luíze Tavares, uma das sete organizadoras do evento, a ideia surgiu de uma conversa entre eles para tentar entender a razão pela qual eventos como a CCXP não acontecem na periferia e por que as pessoas dos bairros mais distantes da cidade não conseguiam acessar este tipo conteúdo.

“Decidimos que tentaríamos fazer um evento de quadrinhos na periferia que a princípio era para ser pequeno, com amigos e poucas pessoas. A partir do momento que essa ideia foi colocada na internet, foi ganhando respaldo e apoio das pessoas e a demanda foi crescendo”, comenta.

Anders Rinaldi/Perifacon

Line up teve espaço para games, exibição de filmes, concurso de cosplay, debates, venda de livros e quadrinhos, e oficinas culturais

Segundo Luíze, a própria comunidade trouxe sugestões para que eles proporcionassem debates, painéis e outras atividades, que seguíssem o mesmo molde dos eventos consagrados de cultura pop.

“Essas sugestões foram construindo, de fato, o que poderia se tornar um evento mais robusto e, por isso, surgiu a nossa tagline que é: Perifacon, a primeira Comic Con da Favela”, defende.

Patrocínios e parcerias

Entre a ideia, organização e execução se passaram apenas três meses e o evento contou com o apoio de um financiamento coletivo. “Lançamos a campanha na internet e superamos a meta em mais de 300%, só que como o Perifacon foi crescendo, vimos que o dinheiro arrecadado não daria para colocarmos toda a programação que queríamos e aí fomos atrás de patrocínio”, diz.

A Chiaroscuro Studios, sócia e co-fundadora da CCXP em São Paulo, resolveu patrocinar o evento. “Eles entraram nessa, o que foi de extrema importância para não ficarmos no vermelho e para que conseguíssemos colocar tudo que queríamos no line up”, celebra Luíze.

Além do apoio financeiro, a agência montou três kits para presentear os vencedores do concurso de cosplay. Foram distribuídos brindes para participantes do Perifacon e também para quem não conseguiu entrar.

Além disso, o encontro contou com parcerias como Fox, Piticas, Monumento Filmes e Vídeo é Isso. Todos os painelistas e artistas que participaram não cobraram para estar no evento. A entrada também era gratuita. 

Anders Rinaldi/Perifacon

“Perifacon, a primeira Comic Con da Favela”, dizem organizadores

Foram ao Perifacon os rappers KL Jay e Rashid, Cris Bartis do Podcast Mamilos, o ilustrador Diogenes Neves, o quadrinista Gabriel Bá, Natália Bridi editora-chefe do Omelete, entre outros que compuseram o line up, que teve ainda espaço para games, exibição de filmes, concurso de cosplay, debates, venda de livros e quadrinhos, e oficinas culturais.

“Muitas das marcas entraram em contato com a gente e outras nós corremos atrás. No caso da Chiaroscuro, que é o patrocinador máster dessa edição, eles vieram até nós, explicaram a ideia, propuseram coisas legais e achamos que tinha tudo a ver. Ter patrocínio é tão importante quanto cada uma das pessoas que apoiaram pelo financiamento coletivo”, aponta Luíze.

Os organizadores pretendem fazer uma nova edição do Perifacon e a ideia é levar para um espaço ainda maior. “As pessoas estão pedindo para que a gente faça de novo e sentimos muito por quem não pôde entrar no evento por uma questão de infraestrutura da Fábrica. Tivemos até que barrar as pessoas por segurança. Esperamos fazer uma segunda edição em um lugar tão grande ou maior e com a infraestrutura bacana. Tudo isso ainda são sonhos, porque esse evento é colaborativo e por isso, dependemos muito da ajuda das pessoas, marcas, empresas, ONGs, enfim”, revela.

Para Luíze, o objetivo agora é voltar a busca o apoio para novas edições. “Nossa intenção é contribuir para o universo pop e queremos crescer, expandir e, de fato, entrar para a agenda cultural nerd e geek da cidade e sermos reconhecidos como um evento que seja democrático e acessível para todos e todas”, conclui.