Acredito fielmente na frase: “faça o que gosta e não terá de trabalhar um dia sequer na sua vida”.

Matinalmente e religiosamente acendo as luzes da criação na agência.

Acho que, como a maioria dos criativos, funciono melhor depois das 20h, mas confesso que o período da manhã também é bem proveitoso.

Reservo um tempo para me aprofundar cada dia um pouquinho mais na história da propaganda brasileira e mundial.

Aproveito para pesquisar um pouco sobre o trabalho e a carreira dos grandes profissionais que transformaram a indústria da propaganda.

Guardo comigo um acervo grande de trabalhos em que me inspiro. Desde a década de 1960 até os dias atuais vou guardando no meu HD tudo que considero relevante.

Com isso, consegui desenvolver um bom critério que ultimamente estou colocando em prática nos festivais internacionais que estou sendo convidado a fazer parte do júri, além, é claro, de usar no meu dia a dia.

Comecei muito cedo e tive a oportunidade gloriosa de ver como funcionava uma agência na época da prancheta.

Como era trabalhoso e maravilhoso o processo de criação de coisas hoje tão simples como um degradê, um texto, uma foto em uma peça publicitária.

Esse processo inspirou muito o cuidado que tenho com os mínimos detalhes de cada trabalho que faço.

Acho isso importantíssimo. Saber o porquê você está fazendo alguma coisa. De onde vem aquilo, quem foi o precursor, quem criou, como criou etc.

Tive o grande privilégio de poder aprender e estar ao lado de ícones da nossa indústria.

Coisas que falavam anos atrás são usadas com propriedade nos dias de hoje.

Sim, tenho meus ídolos na profissão.

Eles me inspiram de diferentes formas: alguns pelas atitudes, outros pela forma como trabalham, outros pelo tipo de pensamento que trazem para o ambiente de trabalho, outros por como conduzem as suas equipes, outros pelo cuidado com o layout etc.

Poderia aqui citar inúmeros nomes, mas, com certeza, este espaço não seria o suficiente e também não gostaria de cometer qualquer injustiça.

Busco me atualizar constantemente.

Novas tecnologias, novos processos, novas pessoas, novas mentalidades.

Mas o que realmente me inspira são as nossas raízes, as histórias que marcaram nossa indústria e os grandes nomes que a construíram.

Nas minhas pesquisas, sempre encontro algo que fica marcado na minha vida.

Frases de efeito, ensinamentos, direcionamentos.

Procuro sempre usar no meu dia a dia como mantra e também passar para os meus colegas que trabalham ou trabalharam comigo, quando tenho a oportunidade.

Quando recebo amigos, parceiros ou fornecedores na agência, perco a noção do tempo conversando sobre “causos”.

Isso me revigora, me estimula a querer ser um profissional melhor e não me deixa ligar o modo automático.

Porque quando a gente gosta do que faz, a gente se aprofunda no tema.

Fica curioso, vai atrás, estuda, vai saber do que se trata tal assunto e, principalmente, busca um propósito para tudo aquilo fazer sentido.

Graças a Deus, diariamente tenho a chance de buscar esse propósito e sou muito abençoado de, até hoje, em quase 17 anos de profissão, nunca ter trabalhado um dia sequer na minha vida.

Eduardo Basque é head of art da Mestiça