Tudo tem história. A pessoa ao seu lado, o dispositivo em que você está lendo esse texto, até mesmo a cadeira onde você está sentado. Tudo tem história!

Falar de inspiração não se torna difícil quando percebemos que o grandioso está nos pequenos detalhes. Diminuir o ritmo e prestar atenção ao que me cerca, se interessar pelo outro de forma genuína.

Pequenos gestos que eu procuro cultivar no meu dia a dia e me inspiram muito. Mas em cada fase da vida há algo que se sobressai. Por exemplo, nessa minha última volta ao sol prometi que direcionaria o meu olhar às minhas origens: o lugar de onde vim. Tentar entender as decisões que meus pais tomaram e me trouxeram até aqui. Isso mudou minha percepção de coisas muito simples.

E olha que curioso, pensando sobre o assunto, notei que, por conta desse olhar voltado à minha cidade, ultimamente o que mais tem me inspirado é o local onde vivo, São Paulo.

Moro em São Paulo desde os meus 14 anos. São mais anos vivendo aqui do que os passados com a minha família no interior do Rio Grande do Sul, em um município de oito mil habitantes.

E mesmo assim nunca perdi aquele olhar curioso que se impressiona com tudo o que vê e acha que a grama (neste caso a cidade) do vizinho é sempre mais verde. Você, que sempre morou aqui, talvez não perceba o quanto São Paulo mudou nos últimos 15 anos.

Talvez não note como as pessoas estão mais na rua, mais interessadas com a sua comunidade e preocupadas com a beleza da cidade.

Afunilando ainda mais e destrinchando essa minha admiração por São Paulo, percebi que a cena cultural é o motivo.

Por conta dos trabalhos que escolhi e das diversas facetas que preciso ter como repórter, como criadora de conteúdo online e como sócia de uma produtora, sempre fui ligada a todo tipo de expressão artística.

Isso me traz bagagem, me faz pensar sobre conceitos que não havia pensado antes, reflexões.
Por isso, há dois meses, lendo mais sobre as pessoas que contribuem ativamente para que São Paulo esteja cada vez mais viva, decidi que gostaria de ir além do meu papel de espectadora e consumidora de arte e colocar em prática também o meu papel de criadora de conteúdo para difundir ainda mais esses espaços criativos e os artistas de São Paulo.

O teste começou há dois meses em nosso Instagram.

Em vez de divulgarmos o nosso trabalho comercial como produtora, começamos a divulgar voluntariamente a cena cultural, em forma de vídeo, gratuitamente.

São conteúdos que servem de divulgação para os espaços e para que cada vez mais as pessoas se interessem e interajam com a cidade.

Seja um grupo de hip-hop, que atua nos vagões do metrô e traz diversão para quem está voltando do trabalho, ou uma exposição no CCBB, nosso desafio fica por conta de retratar esses momentos em um vídeo de apenas um minuto. Começamos há pouco tempo, mas já sinto uma gratidão enorme em poder, de alguma forma, devolver para a cidade o que de mais grandioso ela me traz, a bagagem cultural que me transforma e me inspira.

Quando não temos acesso a nada disso e chegamos em uma grande metrópole que respira arte em todo lugar, é como se você tivesse entrado em um parque de diversões pela primeira vez. É o que me faz ter certeza que escolhi o lugar certo para morar, que diariamente me transforma.

Se quiser conferir os nossos vídeos, estamos começando, mas já temos algumas histórias para contar, que também podem, de alguma forma, te inspirar: @underdogs.com.br

Rafaela Tomasi é diretora criativa da Underdogs