Sim, eu sou um cético

 

 

 

No senso comum, uma pessoa cética é aquela que vê tudo a partir deum dogmatismo negativo, ou seja, seu juízo sobre as coisas é sempre condicionado por um sentimento de descrença, o que é totalmente diferente de cultivar um espírito questionador.

No dogmatismo negativo, há uma negação ranzinza, amarga, improdutiva. Éo exercício puro e simples do “eu duvido”. É aquele tipo de gente que sente prazer em dizer coisas como: “não vai dar certo” – não importa do que se trate,qual a situação, ou o contexto, a atitude é sempre de negação.

No espírito questionador, o verdadeiro cético é aquele que não se contenta com as verdades aparentes, com as primeiras conclusões. Essas são pessoas que querem ir a fundo na discussão, ao limite das dúvidas, para só, então, realmente formar sua opinião, criar juízo sobre o assunto.

A palavra cético vem do grego, Skeptomai, que significa: examinar, investigar.

Na Grécia antiga, seu maior representante foi Pirro de Élis (360 a.C.) contemporâneo de Alexandre, o Grande. Pirro afirmava que: “da infinita insegurança, nasce a inabalável curiosidade”.

O ceticismo é a doutrina, segundo a qual o espírito humano não pode atingir nenhuma certeza a respeito da verdade, o que resulta em um procedimento intelectual de dúvida constante.

Obviamente, sem o purismo do ceticismo filosófico, acho cada vez mais importanteser um cético, como uma defesa contra as falsas verdades, que nos envolvem e podem levar a enormes enganos.

Como cético, sempre olho com cuidado às afirmações que tendem aos polos,as posições radicais, principalmente em uma época em que tudo é tão fluido, tão instável.

É necessário preservar os valores, que são atemporais e que não se negociam, esses sim são absolutos e não questionáveis. No mais, desconfio das ondas que, da mesma forma que surgem, desaparecem; dos fenômenos de popularidade que, como fogos de artifício, brilham por alguns minutos para se transformarem em fumaça; das lideranças que hoje estão na capa dos veículos de economia e amanhã nas páginas policiais; das tendências de comportamento com nomes esquisitos e que nunca se realizam. E por aí vai.

Sem o dogmatismo negativo, sim, eu sou um cético.