Snapchat ou Instagram Stories: qual engaja mais?

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O Snapchat chegou tímido e, aos poucos, foi caindo na graça da internet com seus vídeos de dez segundos em tempo real que desaparecem depois de 24 horas e filtros exclusivos. Em 2013, os olhos de Mark Zuckerberg se voltaram para o aplicativo que crescia a passos largos, que ofereceu US$ 3 bilhões para tê-lo nas mãos do Facebook. O Snapchat recusou a proposta e a ‘vingança’, que demorou um pouco mais que dez segundos, veio com força total em outro aplicativo do gigante de tecnologia.

Em agosto de 2016 o Stories foi incluído como uma das ferramentas do Instagram. Basicamente, faz as mesmas coisas que o Snapchat, mas com um diferencial: não é necessário baixar um aplicativo novo só para consumir o conteúdo, pois ele já está integrado ao perfil de fotos dos usuários. A briga esquentou com a boa aceitação que o Stories teve entre os usuários, que também gostam do Snapchat e já criaram rotinas de consumo de conteúdo por lá.

Alguns influencers como Anitta e Hugo Gloss, que ajudaram a popularizar o Snapchat no Brasil, têm publicado o mesmo conteúdo nas duas redes. Mas, há os mais resistentes, como ThaynaraOG, que ficou famosa justamente por conta dos dez segundos do Snapchat, e se mantém fiel à rede, usando o Instagram apenas para a publicação de fotos. 

Na disputa pelo engajamento e pela audiência, especialistas ressaltam os prós e contras das duas redes. De acordo com Rafael Coca, sócio-diretor da Spark, ambas têm duas características predominantes em comum: a possibilidade de transmitir um conteúdo em tempo real (o que agrega veracidade às ações envolvendo influenciadores/personalidades e marcas/serviços); e o fato de que o conteúdo criado e veiculado nas plataformas tem um caráter mais perene (já que ele fica disponível por um período pré-determinado). 

Gustavo Scatena

Rafael Coca é sócio-diretor da Spark

“Tirando as situações em que já existe uma ação negociada junto à plataforma (como por exemplo a criação de um filtro da marca no Snapchat), não temos tido casos em que uma plataforma necessariamente sobressai a outra. Em termos de penetração das plataformas, não percebemos grandes diferenças”, afirma Coca. 

Patricia Gomes, coordenadora de redes sociais do Omelete, diz que o público do Stories é mais abrangente, enquanto do Snapchat é mais engajado, por estar no aplicativo para acompanhar histórias extras das empresas e dos influenciadores. “Depois da chegada da ferramenta no Instagram, a audiência do Snapchat diminuiu bastante e a do Stories já começou com um número mais expressivo. Porém, a retenção (pessoas que assistem os vídeos até a última história), continua maior no Snapchat, indicando um engajamento melhor”.

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Patricia Gomes é coordenadora de redes sociais do Omelete

Ela ainda afirma que o Stories é ‘praticamente uma cópia’ do concorrente. No entanto, Zuckerberg acertou em algumas funções que corrigem alguns incômodos que o Snap trazia, como não poder voltar uma história, marcar os amigos etc., e por isso a empresa saiu na frente e mostrou que vai bater de frente com a concorrente.

“O Facebook já trabalha há muito tempo com os anunciantes e eles sabem que ter o acesso as métricas é um ponto muito importante para quem produz conteúdo e quem quer anunciar na ferramenta. Essa é uma das falhas do Snapchat, que não mostra nem quantos seguidores você possui em seu perfil. Ao ter somente as métricas de visualizações e ‘prints’ do conteúdo, é difícil para os creators terem a confiança de um cliente para a divulgação da marca”, explica Patrícia.

O Snapchat, no entanto, também caminha para isso, comenta Gian Marco La Barbera, CCO da iFruit, porque, recentemente, costurou um acordo com a Comscore. “O Snapchat tem filtros mais diferenciados que agradam os seus usuários. Ele já nasceu tendo como pilar vídeos curtos. Já o Stories veio de uma plataforma inicialmente baseada em fotos. São caminhos inversos, que se encontraram e começam a brigar pela audiência do usuário”, diz. “No primeiro momento os usuários, em geral, criticaram o Facebook por este lançamento. Porém, depois de pouco tempo, as pessoas começaram a gostar do Stories e se acostumar com mais esta opção, tanto que recentemente ele alcançou o Snapchat em termos de usuários”.

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Gian Marco La Barbera é CCO da iFruit

Coca opina sobre a diferença entre as duas. “O Snapchat continua sendo a rede mais convidativa para geração de conteúdo em tempo real e para amparar a tendência de mostrar o dia a dia do influenciador, enquanto o Instagram Stories é uma ‘integração’ às ações de Instagram, como, por exemplo, mostrar os bastidores de produção da foto que foi postada no mural ou transmitir o link para acesso a um conteúdo ligado a uma postagem no mural”.

Patrícia analisa a experiência do Omelete ao testar e utilizar as duas ferramentas. “Percebemos que os usuários do Snapchat gostam mais de histórias de bastidores, são mais engajados com o conteúdo e não se importam de passar vários minutos assistindo ao material produzido. No Stories, como no nosso caso a retenção é menor, são criadas histórias mais curtas, programetes – com início, meio e fim – e focamos em um conteúdo mais formal”.

No início de janeiro, o Instagram Stories anunciou ter o mesmo número de usuários diários que o Snapchat, somando 150 milhões. Eles também começaram a oferecer não só publicidade, mas métricas associadas. Elas serão incluídas nos perfis de negócios, mostrando alcance, impressões e respostas. Leia aqui