“Só falar bonito não adianta”, destaca Rafael Donato
Estar com o dedo no pulso e nas conversas das pessoas tem sido o desafio da agência David desde que chegou ao mercado, em 2011. A proximidade com clientes como Burger King, Coca-Cola e Nestlé trazem ações de comunicação mais conectadas com os humores e anseios da população. O que não é tarefa fácil, sobretudo, em tempos de pandemia da Covid-19. A saída é estar plugado no cliente em tempo real.
Rafael Donato, VP executive creative director da agência, explica que as tecnologias já disponíveis têm sido ressignificadas e trazido novos aprendizados. As últimas semanas também serviram como laboratório importante para marcas que arriscam e podem errar rápido e reajustar a estratégia, se for o caso.
“A David já nasceu com um jeito novo de fazer propaganda, com o dedo no pulso, entendendo o que as pessoas estão falando, então, será um prato cheio essa nova relação com o digital (…). É um laboratório de aprendizado acelerado, forçado, mas muito legal”, falou o executivo ao PROPMARK. Confira os principais trechos a seguir.
Oportunismo
O discurso tomou um segundo plano. As ações ganharam maior foco. Como as empresas estão lidando com seus funcionários? Se isso não era tão discutido antes, agora isso ficou mais valioso. É legal determinada campanha, mas o que há de fato sendo feito, qual a ação? Isso mostra uma maturidade das marcas de não serem oportunistas, mas criarem relevância. Há uma diferença.
Os consumidores vão buscar as informações, estão muito acessíveis na internet, dá para saber exatamente o que está acontecendo com o quadro de funcionários, o que a liderança da empresa falou ou pensa. As marcas estão mais expostas. Falar bonito não adianta se não fizer nada. Se a marca não consegue fazer algo, melhor não dizer nada. As ações hoje falam mais alto do que apenas comunicação.
Conexões
Quando a gente sair dessa, todo mundo vai estar craque nesse relacionamento à distância. Pessoas vão se relacionar com as marcas por esses meios, lives, chats, bots. Eu enxergo com otimismo essa mudança. Por mais que tenha sido forçada, nos ajudou a encontrar novas soluções e isso me deixa empolgado como agência e comunicador. Não são tecnologias novas, mas o preconceito com comprar algo online ou pedir um delivery, ou mesmo a ideia de que live não é a mesma coisa que um show, esses preconceitos vão cair por terra porque essas experiências não precisam ser menos genuínas ou autênticas.
Adaptação
Passamos por um período de adaptação. Eu enxergo com otimismo tudo isso porque vamos consolidar o uso da tecnologia em outras dinâmicas. Estamos aprendendo com rapidez como e que funciona. É difícil imaginar um mundo igual depois que passarmos por isso em termos de conexões entre pessoas e marcas. Do mesmo jeito que aprendemos a consumir filmes por streaming, a usar grupos de WhatsApp, essa nova onda vai trazer uma nova gama para as marcas interagirem com consumidores.
A David já nasceu com um jeito novo de fazer propaganda, com o dedo no pulso, entendendo o que as pessoas estão falando, então, será um prato cheio essa nova relação com o digital. Faz a gente repensar nossos parâmetros, se antes se media o sucesso de uma comunicação pelo número de pessoas plugadas, agora temos mais riqueza de parâmetros, com compartilhamentos e interações. É um laboratório de aprendizado acelerado, forçado, mas muito legal. Você consegue se arriscar, aprender muito rápido e já se adaptar a esse momento.
DNA
A verdade é que esse modus operandi de ousadia na comunicação sempre foi aplicado no BK, ele apenas se reforçou agora com a pandemia. O BK enquanto marca sempre teve cuidado de bancar suas atitudes. Em outras questões, como acessibilidade nas lojas, fizemos um comercial com deficiência visual, tomando cuidado para deixar as lojas acessíveis. Agora, mais do que nunca, as pessoas esperam que a marca vá além do discurso.