SOS Mata Atlântica “condecora” árvores em nova ação
O novo trabalho da F/Nazca S&S para a Fundação SOS Mata Atlântica tem como principal ponto a condecoração de espécies nativas da região como se fossem verdadeiras veteranas de guerra — árvores que sobreviveram à urbanização da cidade de São Paulo que, em pouco mais de um século, viu sumir extensas florestas da Mata Atlântica e a população passar de 30 mil habitantes para 20 milhões de pessoas (considerando sua região metropolitana).
As árvores foram identificadas pelo ambientalista Ricardo Cardim e irão receber medalhas divididas em categorias como resistência, força, soberania, superação e bravura. Inicialmente são 20 árvores identificadas, entre elas a “Figueira das Lágrimas”, que fica na Estrada das Lágrimas, na região do bairro do Sacomã, e que pode ser a árvore mais antiga documentada da cidade. Tem ainda o “Chichá do Largo do Arouche”, em pleno centro paulistano; “Canelas da Praça Buenos Aires”, na altura do número 1500 da Avenida Angélica; “Figueira do Parque do Carmo”, no parque homônimo, em Itaquera; e os “Palmiteiros do Jardim Botânico”, neste importante ponto turístico da cidade, em um complexo que também abriga o Jardim Zoológico e o Zoo Safari.
“As pessoas não se dão conta de que dentro dessa grande cidade em que vivemos existem árvores nativas da época em que a Mata Atlântica ocupava o lugar de ruas, prédios e casas. É por isso que estamos tratando-as como verdadeiras ‘heroínas’”, afirma Theo Rocha, diretor de criação da F/Nazca. Segundo o profissional, a campanha surgiu devido a um encontro de coincidências. “Fomos apresentar a ideia para o pessoal da ONG e eles nos levaram ao Ricardo Cardim, que havia feito o mapeamento das árvores originais da Mata Atlântica em todo estado. Optamos pela região metropolitana de São Paulo por ser o local onde esse contraste se faz mais presente”, explica.
A campanha conta com um filme de animação, de um minuto de duração. Nele, pessoas de terno e gravata — em tons camuflados, como os das roupas militares — entram em uma floresta selvagem e, munidos de metralhadoras e granadas, começam a atirar nas árvores. No lugar delas, surgem postes, prédios, casas, shopping Center, viadutos, até que toda a metrópole esteja formada. No final, aparece uma única árvore entre duas construções urbanas, acompanhada dos seguintes dizeres: “São sobreviventes. São veteranas de guerra”. Em seguida, aparece o endereço do site do projeto – www.veterenasdeguerra.org.
O site, aliás, é o principal ponto do trabalho. Nele estão catalogadas todas as árvores identificadas, um pouco de suas histórias e os pontos onde ficam, inclusive com link do Google Maps para facilitar a localização. Também é possível qualquer pessoa “adotar” a sua veterana de guerra na capital paulista. Para escolher uma, basta acessar o site da ação e “tagear” o seu nome na árvore adotada. Os padrinhos poderão entregar as medalhas virtuais e disparar e-mails para órgãos públicos e secretarias, acionando as autoridades competentes toda vez que alguma irregularidade afetar a sua veterana, por meio de uma ferramenta chamada de “spam verde”. Toda irregularidade apontada no site poderá ser compartilhada no Facebook ou Twitter, o que ajudará outras pessoas a se engajarem no projeto por meio da hastag #adoteumaveterana. “O site é inteiro conectado com as mídias sociais. Na semana passada também fizemos um ‘cemitério’ em frente ao Monumento às Bandeiras, para lembrar que ali costumava ser um pedaço da Mata Atlântica. Ainda teremos uma ação bem legal que, ao entrar, o público irá avistar uma floresta inteira devastada”, completa Rocha.