Spotify chega ao Brasil com 30 milhões de músicas
Depois de mais de um ano de rumores sobre a abertura de um escritório no Brasil, o serviço de streaming Spotify anunciou formalmente nesta quarta-feira (28) o início de sua operação no país. A companhia já vinha atuando por aqui de forma limitada (leia mais aqui) para alguns usuários e agora abre seu serviço para o público em geral.
O Brasil é 57º país onde a empresa opera e o 18º na América Latina. O serviço chega com seu catálogo completo, composto por 30 milhões de músicas. Os planos de assinatura podem ser gratuitos, financiado com publicidade, ou pagos, no valor de US$ 5,99 – ou valor correspondente a R$ 14,90 mensais. Neste modelo, os usuários podem acessar o serviço de dispositivos móveis, além do desktop, e ouvir músicas no modo offline, ou seja, mesmo quando não estiverem conectados à internet. Globalmente, a empresa possui 40 milhões de usuários ativos mensais. Desses, 10 milhões são usuários pagantes.
A empresa sueca, considerada o principal player do setor, é mais um serviço de streaming que abre as portas no Brasil. Em 2011, o Rdio, dos fundadores do Skype, começou a operar no país. Em outubro de 2012, foi a vez da inglesa Rara. O francês Deezer chegou em fevereiro de 2013 e o norte-americano Napster, que teve parte de suas ações compradas pela Telefônica, em outubro do ano passado.
Gustavo Diament, diretor-geral do Spotify para a América Latina, diz que não considera a demora em relação aos concorrentes um atraso. “Chegamos no tempo certo”, disse. Ele afirmou que a empresa precisava adaptar o produto antes de anunciar oficialmente a operação. “Demoramos a ter o sistema pronto, como o social ending, o algoritmo que faz a personalização do conteúdo para cada usuário e o catálogo pronto”.
O Spotify não abre sua expectativa de participação de mercado, mas diz que o objetivo é alcançar a liderança do segmento, considerado subdesenvolvido no Brasil. A meta será alcançada tirando os usuários da pirataria, diz Diament. “O nosso mercado está na pirataria, que oferece música gratuitamente. Sabemos que é possível construir um novo mercado para a música, legal, a partir da geração de valor para o usuário”, disse.
Nos últimos meses, o Spotify vinha trabalhando com um sistema de convite para usuários que se cadastraram em busca de informações sobre a plataforma. De acordo com a empresa, 400 mil pessoas se cadastraram. Dessas, 200 mil baixaram o aplicativo do serviço quando ele foi aberto de forma limitada, no início do ano. A companhia considera os números “impressionantes”.
Globalmente, a companhia, fundada em 2008, é considerada uma das mais disruptivas para a indústria da música ao criar um mercado legal para o consumo de música pela internet. De acordo com o IFPI (Federação Internacional da Indústria Fonográfica, em português), a maior receita da música ainda vem dos discos físicos, mas cada vez menos. Em 2013, as receitas a partir de vendas por canais digitais representaram 39% dos US$ 15 bilhões que a indústria da música faturou. Somente no ano passado, os serviços de streaming cresceram 51%, de acordo com a federação.
Marketing
A companhia chega com um grupo de anunciantes, que inclui Fiat, Heineken, Axe e Cornetto (as duas últimas da Unilever), além de LG e Nivea. A parceria global com a Coca-Cola, que oferece playlists aos usuários de acordo com a sua localização, também será feita no país.
Diament afirma que o crescimento no Brasil será por meio de parceria com artistas expressivos. A empresa não divulgou nomes, mas tem utilizado o cantor Gilberto Gil em situações oficiais: sua página oficial publicou uma playlist do cantor. Gil também gravou um vídeo para a marca, exibido durante a coletiva de imprensa, e fará o show da festa de lançamento da companhia, que acontece nesta quarta (28), em São Paulo. No evento, também estiveram as cantoras Gaby Amarantos, Fernanda Takai e Marcelo Jeneci.
O executivo grifa ainda que a marca fará um trabalho forte de marketing. A julgar pela primeira ação da marca no país, os esforços prometem ser agressivos. Na semana passada, a companhia convidou celebridades para tatuarem – de verdade – músicas marcantes para elas (leia mais aqui). Ao todo, 26 celebridades toparam e houve lista de espera.