Stan Lee deu as joias do infinito para a publicidade
Stan Lee em entrevista ao New York Times em 2015
Seja acompanhando os quadrinhos da Marvel ou assistindo aos filmes já lançados pelo Universo Cinematográfico da Marvel (MCU), o público conhece aos poucos as seis Joias do Infinito: Espaço, Mente, Realidade, Poder, Alma e Tempo. Elas conectam tudo em torno de uma grande trama. E Stan Lee deu todas elas a publicidade.
O escritor, editor, publicitário, produtor, diretor, empresário e ator norte-americano morreu na última segunda-feira (12) aos 95 anos. O herói dos super-heróis, uma das muitas formas pelas quais ele era conhecido, foi lembrado em dezenas de homenagens.
Várias vidas em uma
Entre 1922 e 2018 ele produziu intensamente, especialmente da década de 60 em diante, ao revolucionar a indústria dos quadrinhos e levar a Marvel para um patamar sem volta.
A um mês de completar 96 anos, faltava pouco também para ver um dos desfechos mais aguardados pelos seus fãs: Vingadores 4. Foi Lee quem criou os Vingadores, em 1963. A ideia de unir herois deu tão certo que mais de meio século depois esse grupo é uma das principais portas de entrada do novo público e uma passagem para os mais antigos. Ganham os universos cinematográfico e de quadrinhos. Mas não só.
Em 2018, “Vingadores: Guerra Infinita”, terceiro longa da franquia, marcou os 10 anos do MCU e foi um divisor de águas para a companhia na publicidade. Segundo o Deadline Hollywood,o filme foi maior investimento em marketing da empresa: US$ 150 milhões. Entre os acordos: Coca-Cola, Duracell, Unilever, Samsung e American Airlines.
Somando o lançamento mais recente, “Homem-Formiga e a Vespa”, já são 20 obras do MCU, com arcos que mudaram o conceito de filme de heróis. A extensão de Lee nesse movimento é incalculável. Mas dá para ter uma ideia por alguns de seus personagens mais conhecidos, como os X-Men, Doutor Estranho, Hulk, Homem de Ferro, Pantera Negra e Homem-Aranha, seu queridinho. “No colégio eu era parecido com Peter Parker, a diferença é que eu não era tão inteligente. Eu era muito magro para fazer parte do time de luta livre, mas cheguei a jogar basquete e vendi assinaturas do The New York Times”, afirmou ao THR em 2016.
Todas as suas criações ganharam linhas, cores, vozes e cenas. E foram muito além. Ao longo de décadas, transcenderam para produtos, como chaveiros, copos, mochilas, bonecos, roupas, sapatos, acessórios para casa, escola, trabalho. Temas de eventos e de viagens. Estilo de vida.
A linha Pop da Funko tem dezenas de “bonequinhos” de personagens Marvel, com lançamentos frequentes
Copos lançados pela Marvel fazem alusão às Joias do Infinito
O super-humano
Uma das principais razões para o sucesso com diferentes gerações e para o crescimento de público apaixonado por esses heróis está na origem dos mesmos. “Tentei fazer personagens de carne e osso reais, com personalidade. É isso que toda história deveria conter, mas os quadrinhos não tinham isso. Eram todos como figuras de papelão. Torne-os reais, dê-lhes personalidade. Dê-lhes problemas”, declarou ao Washington Post em 1992.
Todos os dilemas pessoais e carga humana que Lee colocou em suas criações geraram identificação com as pessoas, transmitindo valores como a defesa da humanidade, e ideais como o bem-estar de todos, ou mesmo compartilhando realidades como as mudanças repentinas em acidentes, as perdas irreparáveis, os problemas financeiros, a passagem implacável do tempo e as dificuldades de se comunicar. Mas principalmente o desejo de fazer algo mais, de ser super.
Marcas buscam conexões para chegar às mentes e corações de consumidores, e aos poucos a publicidade viu uma ponte poderosa na Marvel. O mesmo fenômeno acontece em diferentes escalas com DC, Disney e Warner, por franquias como Star Wars e Harry Potter. “Assim como o Homem-Aranha, as marcas aprenderam que, com grande poder, vêm ótimas receitas”, aponta um artigo na The Drum.
Camisa sempre vestida
O envolvimento do artista foi muito além de ajudar a colocar tudo isso de pé. O próprio já apareceu em dezenas de filmes, como mostra esse compilado do Omelete.Com falas ou só com gestos, ele se tornou o figurante mais conhecido do mundo.
Stan Lee fez cameo em “O julgamento do Incrível Hulk” (1989)
O pai dos X Men durante participação no filme “X-Men 3: O confronto final” (2006)
Aconselhando Peter Parker durante o “Homem-Aranha 3” (2007)
Em “Vingadores: Era de Ultron” (2015)
Polivalente, ele ainda emprestou sua imagem para campanhas de divulgação de filmes. Há pouco mais de um ano, por exemplo, fez uma ação com a Sony para promover “Homem-Aranha: De Volta ao Lar”, e interpretou o personagem que criou.
Cenas pós-créditos
Os próximos anos prometem ser poderosos para quem faz, assiste ou usa a telona como plataforma de mídia. Segundo análise da Flix Media, 2019 será histórico para o cinema. São números parrudos: mais de 300 lançamentos e expectativa de mais de 200 milhões de espectadores.
A Marvel divulgou recentemente parte de seu calendário. Além de Capitã Marvel e Vingadores 4, em 2019, o MCU já prevê longas como Guardiões da Galáxia 3, Homem-Aranha: Far From Home, Pantera Negra 2 e Doutor Estranho 2.
Boa parte do que chega às telonas nos próximos anos tem o DNA de Stan Lee. Seu legado o manterá vivo tanto para os fãs quanto para as marcas, independentemente de qual perspectiva se olhe: Espaço, Mente, Realidade, Poder, Alma ou Tempo.